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To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem
Escrita por: Matheus Leandro (Magnatah)
Capítulo 37 - Revelações e Lágrimas - O Segredo Exposto
No Capítulo Anterior...Mio, ainda atordoada, com o rosto quente e o coração acelerado pela provocação e pela ideia insana que acabara de descobrir, apenas assentiu mutamente. Enquanto seguiam Risa em direção à porta, Mio lançou um último olhar para o lugar onde Risa e Rito se beijaram, sua mente uma tempestade de confusão, vergonha e... uma pequena centelha de algo que se assemelhava a esperança. O mundo de Yuuki Rito, como sempre, acabara de ficar ainda mais complicado e imprevisível. E ela estava bem no meio disso.
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No refeitório, o burburinho habitual do intervalo dominava o ambiente. Yui Kotegawa comia sua refeição saudável em silêncio, tentando focar no livro de ética aberto ao lado de sua bandeija, mas sua mente vagava. A imagem de Risa puxando Rito para longe, com aquela determinação inabalável, não saía de sua cabeça. Uma inquietação que ela não conseguia nomear perturbava seu estômago.Foi então que uma sombra suave pairou sobre sua mesa. "Olá Kotegawa-san, posso me sentar?"
Yui ergueu os olhos. Haruna Sairenji estava diante dela, segurando sua bandeija com um almoço simples. O que realmente chamou a atenção de Yui, porém, não foi a aproximação inesperada da colega de classe tranquila, mas a nítida expressão de preocupação que pintava seu rosto normalmente sereno. Seus grandes olhos azuis pareciam um pouco opacos, e suas mãos finas seguravam a bandeija com uma firmeza nervosa.
"Oi, pode sim." Respondeu Yui, fechando seu livro. A curiosidade superou sua habitual reserva. Algo estava claramente errado.
Haruna sentou-se com movimentos precisos, colocando a bandeija à frente mas nem mesmo pegando os hashis. Ela ficou quieta por um momento, os dedos entrelaçados sobre a mesa, como se reunisse coragem.
"Kotegawa-san..." Ela começou, a voz um pouco mais suave que o normal. "... Você... acha que a Risa foi se confessar para o Yuuki-kun?"
A pergunta atingiu Yui como um balde de água fria. Era exatamente o pensamento que a atormentava. Ela olhou para Haruna, vendo a ansiedade genuína em seus olhos. Não era uma pergunta casual.
Yui baixou o olhar para sua comida, perdendo o pouco de apetite que tinha. "Momioka-san é muito espontânea... provavelmente... s-sim." Ela respondeu com dificuldade, as palavras saindo pesadas. Era difícil admitir em voz alta, pois falar dava àquela possibilidade um ar de realidade aterrorizante que ela mesma ainda não queria aceitar totalmente.
O rosto de Haruna pareceu pálido por um segundo. "Então... você acha que o Yuuki-kun vai aceitar?" A pergunta saiu carregada de uma vulnerabilidade que Haruna raramente demonstrava. Um leve desespero começava a se formar em suas feições, um tremor quase imperceptível em seu lábio inferior.
Yui sentiu seu próprio coração se apertar violentamente. A imagem de Rito, não mais o garoto desengonçado e tímido, mas o jovem confiante e musculoso em que ele se transformara, aceitando Risa como sua namorada, surgiu em sua mente. Era uma ideia dolorosa, e ela lutou para manter a compostura.
"E-Eu... não sei..." Ela admitiu, forçando a voz a parecer neutra. "Ele antigamente era muito indeciso e bastante tímido, mas agora ele tem uma postura confiante, sem medo. Mas ainda... ele continua sendo o Rito de sempre." A resposta foi um tanto evasiva, mas era a verdade. O núcleo de bondade e indecisão de Rito ainda estava lá, mesmo envolto em uma nova camada de confiança e músculos.
Uma semente de dúvida plantou-se na mente de Yui. A aproximação repentina de Haruna, suas perguntas específicas e ansiosas... Era um comportamento atípico. Será que ela gosta do Yuuki-kun? A possibilidade era surpreendente, mas fazia um certo sentido. Haruna sempre foi próxima dele.
"Está preocupada caso ele aceite, Sairenji-san?" Yui perguntou, sua própria curiosidade e um fio de ansiedade tornando a pergunta mais direta do que ela pretendia.
Haruna pareceu ter levado um susto, como se fosse pega em flagrante. "P-Preocupada!? N-Não, eu só..." Ela balançou as mãos rapidamente, negando com veemência, mas seus olhos traíam-na. "... fiquei ansiosa pois se ele recusar a Risa, ela ficará abalada. Ela é nossa amiga, não é?" A justificativa soou um pouco forçada, uma tentativa clara de desviar a preocupação de si mesma para o bem-estar de Risa.
Yui observou-a por um segundo, analisando a defesa frágil. Apesar de tudo, a menção da palavra 'recusar' trouxe um inexplicável e imediato alívio para seu próprio peito apertado. "Isso é verdade..." Ela concordou, a voz um pouco mais leve. A preocupação com uma amiga era um sentimento nobre e compreensível, mesmo que Yui suspeitasse que havia mais por trás daquela ansiedade.
O restante do almoço passou em um silêncio um pouco constrangedor, pontuado por comentários triviais sobre aulas e professores. Ambas estavam absortas em seus próprios pensamentos, mastigando mais as preocupações do que a comida. Quando o sinal anunciando o fim do intervalo tocou, foi quase um alívio. Elas se levantaram em sincronia, recolheram suas bandejas e se dirigiram à sala de aula em um silêncio pesado, cada uma carregando um turbilhão de emoções não ditas.
//////////
A sala de aula 2-A estava estranhamente silenciosa para o período de intervalo. A maioria dos alunos ainda estava espalhada pelos corredores ou no pátio, aproveitando os últimos minutos de liberdade. O único grupo presente era aquele que havia testemunhado o dramático evento no terraço.
Rito estava em pé ao lado de sua carteira, tentando parecer casual, mas cada nervo em seu corpo estava alerta. Lala conversava animadamente com ele sobre uma nova invenção maluca, mas ele mal conseguia focar. Momo observava a cena com um sorriso satisfeito, sentada na carteira da frente, enquanto Nana, com os braços cruzados e um rosto levemente corado, tentava parecer desinteressada, mas seus olhos vagavam em direção a Rito de vez em quando. Mea, impaciente como sempre, balançava as pernas sentada na carteira ao lado de Nana.
A porta da sala se abriu e Mio entrou, seguida por Risa, que radiava uma energia que quase dava para ver. Risa não perdeu tempo. Seus olhos pousaram em Rito e, com um sorriso amplo e possessivo, ela cruzou a sala direto para ele, ignorando completamente as outras pessoas.
"Querido, sentiu saudades?" Ela anunciou, agarrando seu braço com a mão esquerda e se aconchegando nele como um gatinho.
"R-Risa?" Rito gaguejou, os olhos arregalados. Seu cérebro entrou em pane. Ele havia esquecido completamente de combinar com ela a discrição. O "Plano Harém" de Momo dependia de segredo e introduções graduais, e Risa acabara de jogar uma bomba de publicidade no meio da sala, felizmente, a sala estava vazia naquele momento. Como dizer à garota que acabara de aceitar que ela precisava se esconder sem magoá-la profundamente ou fazê-la pensar que ele se envergonhava dela?
Antes que ele pudesse formular qualquer palavra, Risa soltou uma risadinha e olhou para Momo, que observava a cena com diversão. "Momo-chan, você é bem danadinha, criar um plano desse?" provocou Risa, com os olhos semicerrados e um sorriso maroto.
Momo apenas deu de ombros, seu sorriso tornando-se ainda mais enigmático. "Um plano precisa de peças corajosas para funcionar, Momioka-san. E você certamente é uma."
Mea pulou de sua carteira, seus olhos brilhando como duas luas cheias. "Eu ainda não acredito que o senpai está namorando com 4 garotas ao mesmo tempo, ele é incrível!" Ela exclamou, olhando para Rito como se ele fosse um super-herói.
Rito sentiu um calor subir por seu pescoço. A situação estava fugindo completamente do controle. Ele precisava ser honesto, pelo menos em relação aos números, com Risa. Ele olhou para ela, sua expressão séria. "C-cinco..." Ele corrigiu, sua voz quase sumindo no final.
"CINCO?" A exclamação saiu em uníssono perfeito de Mea e Risa, seus olhos arregalando-se de surpresa.
Risa parecia mais impressionada do que chateada. "Cinco? Quem é a quinta?" Ela perguntou, curiosa e ansiosa pela resposta.
"Só posso contar tudo quando você for na minha casa, lá é mais seguro." Ele tentou transmitir com o olhar a seriedade e a necessidade de segredo. Era uma explicação fraca, mas era a melhor que ele tinha naquele momento de pânico.
Risa estudou seu rosto por um momento, e então seu sorriso malicioso voltou. "Você é bem ganancioso, querido~" Ela provocou, esfregando a cabeça em seu braço novamente, aceitando a explicação temporária, mas claramente ansiosa por detalhes.
Foi então que Mea, que havia ficado quieta por um momento, olhou pela janela com uma expressão pensativa. "Agora a Yami onee-chan também pode ficar com o Rito-senpai... Mas é difícil saber se ela irá concordar com o harém..." Ela pensou, admirando uma nuvem em formado de doce.
Risa soltou um risinho, voltando sua atenção para Nana, que ficou imediatamente tensa sob seu olhar investigativo. "Todos sabiam que Lala-chi amava o Rito, mas a Nana-chan..." Ela fez uma pausa dramática, seu sorriso se tornando ainda mais malicioso. "Vocês já deram o primeiro beijo?" A pergunta foi lançada com um tom de pura provocação, destinada a embaralhar a já nervosa Nana.
Nana abriu a boca para responder, mas Lala, sempre desastradamente útil, interrompeu com entusiasmo. "É claro, eles também fizer-"
Rito moveu-se com uma velocidade sobre-humana. Sua mão tapou a boca de Lala, impedindo-a de soltar as palavras catastróficas "fizeram bebês".
"S-Sim, nos beijamos..." Rito confirmou, olhando para o lado, seu rosto queimando. Ele soltou Lala lentamente, rezando para que ela não completasse a frase.
Risa pareceu genuinamente impressionada, com um toque de drama falso. "Então eu fui a 5°? Tô meio triste agora..." Brincou, colocando a cabeça em seu ombro em um gesto exagerado de desânimo.
O constrangimento e a atmosfera de segredo compartilhado fizeram Rito baixar a guarda. Ele estava tentando ser aberto com sua nova namorada. Sua voz saiu como um fio de ar, quase inaudível, e ele corou furiosamente. "Na verdade... a 6°... eu beijei a Sairenji sem querer uma vez."
O silêncio que se seguiu foi absoluto. Até Lala parou de tentar remover a mão de Rito de sua boca.
Risa quebrou o silêncio com uma gargalhada alta e surpresa. "A Haruna também? Eu sabia! Você é mais interessante do que parecia!" Ela riu, apertando seu braço. Para ela, era apenas mais uma peça fascinante do quebra-cabeça que era Yuuki Rito.
Foi nesse exato momento de absoluta falta de noção coletiva que o universo decidiu pregar sua peça mais cruel.
Na porta da sala, que estava entreaberta, duas figuras paralisadas observavam a cena. Haruna Sairenji e Yui Kotegawa haviam voltado para a sala mais cedo e, atraídas pelas vozes animadas, pararam para escutar. Elas ouviram tudo. Cada palavra. Cada confissão. Cada risada.
O rosto de Haruna estava pálido como mármore. Seus olhos, bem abertos, estavam fixos em Rito. As palavras ecoavam em sua mente como um grito em um canyon. 'Cinco garotas.', '...nos beijamos'. As lágrimas, que ela tanto tentara conter no refeitório, brotaram em seus olhos, formando dois pequenos lagos de dor e traição transbordantes.
Antes que ele pudesse formular qualquer palavra, Risa soltou uma risadinha e olhou para Momo, que observava a cena com diversão. "Momo-chan, você é bem danadinha, criar um plano desse?" provocou Risa, com os olhos semicerrados e um sorriso maroto.
Momo apenas deu de ombros, seu sorriso tornando-se ainda mais enigmático. "Um plano precisa de peças corajosas para funcionar, Momioka-san. E você certamente é uma."
Mea pulou de sua carteira, seus olhos brilhando como duas luas cheias. "Eu ainda não acredito que o senpai está namorando com 4 garotas ao mesmo tempo, ele é incrível!" Ela exclamou, olhando para Rito como se ele fosse um super-herói.
Rito sentiu um calor subir por seu pescoço. A situação estava fugindo completamente do controle. Ele precisava ser honesto, pelo menos em relação aos números, com Risa. Ele olhou para ela, sua expressão séria. "C-cinco..." Ele corrigiu, sua voz quase sumindo no final.
"CINCO?" A exclamação saiu em uníssono perfeito de Mea e Risa, seus olhos arregalando-se de surpresa.
Risa parecia mais impressionada do que chateada. "Cinco? Quem é a quinta?" Ela perguntou, curiosa e ansiosa pela resposta.
"Só posso contar tudo quando você for na minha casa, lá é mais seguro." Ele tentou transmitir com o olhar a seriedade e a necessidade de segredo. Era uma explicação fraca, mas era a melhor que ele tinha naquele momento de pânico.
Risa estudou seu rosto por um momento, e então seu sorriso malicioso voltou. "Você é bem ganancioso, querido~" Ela provocou, esfregando a cabeça em seu braço novamente, aceitando a explicação temporária, mas claramente ansiosa por detalhes.
Foi então que Mea, que havia ficado quieta por um momento, olhou pela janela com uma expressão pensativa. "Agora a Yami onee-chan também pode ficar com o Rito-senpai... Mas é difícil saber se ela irá concordar com o harém..." Ela pensou, admirando uma nuvem em formado de doce.
Risa soltou um risinho, voltando sua atenção para Nana, que ficou imediatamente tensa sob seu olhar investigativo. "Todos sabiam que Lala-chi amava o Rito, mas a Nana-chan..." Ela fez uma pausa dramática, seu sorriso se tornando ainda mais malicioso. "Vocês já deram o primeiro beijo?" A pergunta foi lançada com um tom de pura provocação, destinada a embaralhar a já nervosa Nana.
Nana abriu a boca para responder, mas Lala, sempre desastradamente útil, interrompeu com entusiasmo. "É claro, eles também fizer-"
Rito moveu-se com uma velocidade sobre-humana. Sua mão tapou a boca de Lala, impedindo-a de soltar as palavras catastróficas "fizeram bebês".
"S-Sim, nos beijamos..." Rito confirmou, olhando para o lado, seu rosto queimando. Ele soltou Lala lentamente, rezando para que ela não completasse a frase.
Risa pareceu genuinamente impressionada, com um toque de drama falso. "Então eu fui a 5°? Tô meio triste agora..." Brincou, colocando a cabeça em seu ombro em um gesto exagerado de desânimo.
O constrangimento e a atmosfera de segredo compartilhado fizeram Rito baixar a guarda. Ele estava tentando ser aberto com sua nova namorada. Sua voz saiu como um fio de ar, quase inaudível, e ele corou furiosamente. "Na verdade... a 6°... eu beijei a Sairenji sem querer uma vez."
O silêncio que se seguiu foi absoluto. Até Lala parou de tentar remover a mão de Rito de sua boca.
Risa quebrou o silêncio com uma gargalhada alta e surpresa. "A Haruna também? Eu sabia! Você é mais interessante do que parecia!" Ela riu, apertando seu braço. Para ela, era apenas mais uma peça fascinante do quebra-cabeça que era Yuuki Rito.
Foi nesse exato momento de absoluta falta de noção coletiva que o universo decidiu pregar sua peça mais cruel.
Na porta da sala, que estava entreaberta, duas figuras paralisadas observavam a cena. Haruna Sairenji e Yui Kotegawa haviam voltado para a sala mais cedo e, atraídas pelas vozes animadas, pararam para escutar. Elas ouviram tudo. Cada palavra. Cada confissão. Cada risada.
O rosto de Haruna estava pálido como mármore. Seus olhos, bem abertos, estavam fixos em Rito. As palavras ecoavam em sua mente como um grito em um canyon. 'Cinco garotas.', '...nos beijamos'. As lágrimas, que ela tanto tentara conter no refeitório, brotaram em seus olhos, formando dois pequenos lagos de dor e traição transbordantes.
"Yuuki-kun..." O nome saiu de seus lábios como um suspiro quebrado, carregado de uma desilusão tão profunda que pareceu fisicamente doer.
Ao seu lado, Yui Kotegawa estava rigidamente ereta, sua mão cerrada tão forte no tecido de sua saia que os nós dos dedos ficaram brancos. Seu rosto era uma máscara de choque e crescente fúria. A moralidade rígida dentro dela colidia violentamente com a imagem do garoto por quem ela, para seu próprio horror, estava apaixonada. "Yuuki..." Ela sussurrou, a voz trêmula de incredulidade.
O som de suas vozes cortou a atmosfera descontraída na sala como uma lâmina.
Todos se viraram para a porta. O rosto de Rito mudou instantaneamente de embaraçado para uma expressão de puro pânico, choque e terror absoluto. Seu sangue pareceu gelar em suas veias. Seu cérebro congelou, repetindo apenas um pensamento, uma oração desesperada: "Será que Haruna ouviu tudo?"
"Haruna..." Ele tentou chamar, sua voz um raspado cheio de desespero e esperança frágil, seu braço se contorcendo para se libertar do abraço de Risa.
Mas era tarde demais. Lágrimas pesadas rolaram pelos rostos de Haruna, cada uma carregando um pedaço de seu coração partido. Ela não disse mais nada. Apenas girou nos calcanhares e saiu correndo pelo corredor, seu silêncio mais devastador do que qualquer grito.
Yui não se moveu imediatamente. Ela ainda estava presa ao chão, sua respiração presa. Ela olhou para Rito, seus olhos cor de mel, normalmente cheios de fogo e convicção, agora estavam turvos de perplexidade e uma dor traiçoeira. "Yuuki... Isso tudo que eu ouvi é verdade?" A pergunta saiu baixa, plana, perigosamente controlada.
Rito olhou diretamente naqueles olhos. Ele sabia que mentiras, meias-verdades ou explicações complicadas só piorariam tudo. A culpa, o remorso e um dever inescapável de dizer a verdade, não importa o quão dolorosa, tomaram conta dele. Ele endireitou os ombros, sua nova postura confiante voltando por um momento, não por arrogância, mas por uma aceitação resignada das consequências.
"Sim." Ele disse, sua voz clara e estável, ecoando na sala silenciosa. "Tudo o que você escutou é verdade."
A máscara de Yui se quebrou. A fúria, a vergonha, a decepção e a dor explodiram em seus olhos. "S-SEU, PERVERTIDO!" O grito saiu de seu peito com uma força visceral. Ela não chorou como Haruna; sua raiva era sua armadura. Ela virou-se e saiu correndo também, esfregando o braço no rosto com raiva, tentando apagar qualquer vestígio de umidade que pudesse ter se formado.
O silêncio que ficou para trás era pesado, opressivo e cheio de culpa.
"Não vai atrás, Rito." A voz de Momo cortou o ar, calma mas firme, como a de um general avaliando os danos após uma batalha perdida. "Vai ser pior, elas precisam processar tudo isso."
Rito, que já havia dado um passo instintivo em direção à porta, parou. O conselho de Momo era lógico, sensato. Mas o verdadeiro motivo que o prendeu ao chão foi a esmagadora falta de coragem para encarar a dor naquele momento. A dor que ele causou.
"Calma, eu tô perdendo alguma coisa?" Risa perguntou em voz alta, sua expressão anterior de diversão substituída por uma confusão genuína enquanto olhava para a porta vazia. "A Haruna-chan e Kotegawa-san saíram chorando ao escutar nossa conversa... Isso não significa que elas gostam do Rito!?" A peça finalmente caiu.
"S-Sairenji g-gosta de mim?" A pergunta de Rito saiu cheia de esperança frágil e tardia, direcionada para o vazio da porta. "Kotegawa também?"
Momo soltou um longo suspiro, como se estivesse desistindo de segurar uma maré. "Agora que a Risa-san já falou tudo, não tem motivos para esconder... Haruna-san também gosta muito de você! Eu queria que a própria Haruna te contasse." Seus olhos roxos estavam sérios. "E é óbvio que a Kotegawa-san também gosta de você, não lembra do quase beijo que ELA mesma quase te deu, mas você, nesse tempo, era muito tímido e se afastou." Ela terminou, parecendo quase aliviada por finalmente colocar tudo para fora.
Nana, ainda corada, acrescentou em um murmúrio. "Momo está certa. Uma vez eu encontrei o cachorro da Haruna-san perdido, e ele me falou que a dona dela gostava do Rito."
"EEHH!? Haruna-chan e Kotegawa-san gostam do Rito? Calma, é muita coisa para processar..." Mio, que havia observado tudo em silêncio, olhou para Rito, sua curiosidade superando temporariamente o choque. "Você está pensando em adicioná-las ao seu harém?" Ela não conseguia acreditar que estava fazendo aquela pergunta.
Rito olhou para o lado, a vergonha queimando suas orelhas. "S-Sim." Ele admitiu em voz baixa.
A expressão de Risa caiu. A culpa substituiu a confusão. "Esperem... Então a culpa da Haruna-chan e Kotegawa-san estarem chorando é minha culpa?" Ela perguntou, sua voz perdendo toda a animação anterior.
"Nada disso." Rito disse rapidamente, encontrando um fragmento de determinação. Ele se virou para ela. "A culpa é minha por ser indeciso, por não ter sido claro e honesto desde o início. Mas fique tranquila." Ele disse, e desta vez sua voz tinha um fio de convicção real, embora uma nuvem de incerteza pairasse sobre ele. "Eu irei resolver as coisas."
Sua mente, no entanto, era um turbilhão. "A Haruna gosta de mim? Esse tempo todo eu fiquei com medo de demonstrar o que eu sinto, se eu não tivesse medo, nós dois poderíamos estar n-namorando?" Ele olhou para a janela, sentindo um peso enorme de oportunidades perdidas e desilusão causada. "A Yui também estava chorando... ela também gosta de mim... as coisas estão ficando complexas demais."
Risa, vendo a sombra de tristeza e culpa se aprofundar no rosto de Rito, sentiu seu próprio coração apertar. Ela se aproximou. Sua mão, suave mas firme, deslizou pelo braço dele até encontrar sua mão. Seus dedos se entrelaçaram com os dele em um aperto forte e solidário, uma âncora no meio do caos que ela, sem querer, ajudou a criar. "Vai dar tudo certo, Rito." Ela sussurrou, olhando para aqueles olhos castanhos, agora nublados pela angústia.
O contato, a sinceridade na voz dela, acalmou um fragmento da tempestade dentro dele. "Obrigado, Risa." Ele sussurrou de volta. Num impulso de gratidão pura e afeto, ele inclinou-se e pressionou os lábios levemente contra a testa dela, num beijo rápido e reconfortante.
O gesto pegou Risa de surpresa. Um rubor intenso subiu por seu pescoço e face, e ela baixou os olhos, momentaneamente sem palavras, o aperto de sua mão ficando ainda mais forte.
Mio observou a cena, e um calor diferente, não de vergonha, mas de uma inveja suave e curiosidade, aqueceu seu rosto. Ela se perguntou, não pela primeira vez naquele dia, como seria estar tão próxima de Rito, sentir aquela conexão.
Rito respirou fundo, enchendo os pulmões como se se preparasse para um mergulho profundo. Ele reuniu cada grama de coragem que seus músculos definidos e seu coração renovado podiam fornecer. Ele tinha que agir. Esperar só pioraria a ferida.
"Preciso ir no banheiro, já volto!" Ele anunciou, soltando a mão de Risa e virando-se rapidamente. A desculpa era patética, mas ninguém acreditou nela por um segundo.
"Ele vai atrás delas..." Risa afirmou, observando a porta se fechar atrás dele, seu próprio rosto uma mistura de esperança e preocupação.
"Com certeza!" Momo confirmou, um pequeno e confiante sorriso voltando aos seus lábios. Ela acreditava em seu plano e, mais importante, em Rito.
"Tomara que dê tudo certo." Mio desejou em voz baixa, sua voz carregada de uma sinceridade surpreendente.
Lala, que havia ficado quieta durante todo o drama, olhava para a porta com uma expressão incomum de tristeza e culpa. "Haruna..." Ela sussurrou, sentindo o peso de seu segredo e da dor de sua amiga.
//////////
"Yuuki-kun aceitou a confissão de Risa e ele está namorando 5 garotas!? E ele beijou todas elas...?"
Os pensamentos martelavam na mente de Haruna como pregos quentes, cada um aprofundando a ferida. Ela corria sem destino, os corredores da escola um borrão de lágrimas. A traição de Lala, sua melhor amiga, por esconder algo tão monumental, doía quase tanto quanto a revelação sobre Rito.
"Porquê Lala não me disse nada?"
Desnorteada, procurando desesperadamente por um refúgio, um lugar para se esconder do mundo que desabava, ela empurrou a porta do consultório médico. A sala estava silenciosa e aparentemente vazia. Até a cama de exame, cercada por suas cortinas brancas, parecia deserta. Haruna cambaleou até o centro da sala, seus ombros tremendo, enquanto tentava, em vão, limpar as lágrimas teimosas que continuavam a cair.
A porta abriu-se novamente, mais rápido desta vez.
Haruna se virou, seu coração dando um salto doloroso contra suas costelas.
"Yuuki-kun!?" O susto foi tão grande que ela quase tropeçou. Vê-lo ali, naquele seu santuário momentâneo, fez seu coração acelerar de uma forma que parecia ameaçar explodir.
Rito estava levemente ofegante da corrida, mas seus olhos estavam fixos nela, determinados. Ele fechou a porta suavemente e recuperou o fôlego.
"Sairenji..." Ele começou, sua voz firme, mas carregada de emoção. "Se fosse o meu eu de antes, seria impossível eu te perguntar isso de forma tão direta, então lá vai..." Ele respirou fundo, um movimento que expandiu seu peito musculoso sob o uniforme, e olhou diretamente naqueles olhos azuis, agora vermelhos e inchados. "Sairenji, você g-gosta de mim?"
O tempo parou para Haruna. A pergunta que ela tanto temera e ansiava ouvir ecoou na sala silenciosa. A dor, a confusão, a raiva - tudo pareceu se dissolver por um segundo, deixando apenas a verdade nua e crua pairando entre eles. Ele estava sendo direto. Corajoso. O Rito que ela sempre quis que ele fosse, mas que surgiu no pior momento possível.
Ela olhou para aqueles olhos castanhos, maduros e cheios de uma determinação que ela nunca vira antes. E naquele olhar, ela encontrou a coragem que lhe faltara por tanto tempo.
"Yuuki-kun, E-Eu..." Ela engoliu seco, suas mãos tremendo. Mas então, ela conseguiu. As palavras, presas por anos, saíram como um suspiro frágil, mas claro. "S-Sim, eu gosto de você!"
A admissão pairou no ar, doce e amarga ao mesmo tempo. Um rubor intenso coloriu seu rosto pálido, mas era um rubor de alívio, misturado com a agonia da circunstância.
Rito corou também, um sorriso pequeno e triste tocando seus lábios. O alívio de ouvir aquilo era imenso, mas intoxicado pelo veneno do timing. "Sairenji... E-Eu..." Ele engasgou, mas forçou-se a continuar, mantendo o contato visual. "... há muito tempo... também gosto de você!" A confissão saiu mais fácil do que ele imaginara, um testemunho de como suas experiências recentes o haviam mudado.
Por um breve, glorioso e agonizante momento, eles apenas se encararam. Dois corações batendo em uníssono, dois rostos vermelhos, uma verdade finalmente liberada após anos de espera. Foi um instante de pura, não adulterada conexão.
Haruna até permitiu que um leve, trêmulo sorriso de felicidade surgisse em seus lábios. "Yuuki-kun gosta de mim? E há muito tempo?"
Mas a felicidade foi efêmera. Como um balde de água gelada, a realidade do que mais ela ouvira no corredor a atingiu. O sorriso desapareceu, substituído por uma máscara de dor renovada.
Ela limpou as lágrimas com as costas das mãos, uma ação final, decisiva. "Yuuki-kun..." O tom dela mudou, ficando mais sério, mais contido. "Você já está namorando... e com cinco garotas!" Ela citou o número como se fosse uma acusação. "Desculpa, Yuuki-kun, eu preciso de um tempo sozinha. Isso é demais para mim." A voz dela falhou no final. Antes que ele pudesse responder, protestar ou explicar, ela se virou e saiu correndo da sala mais uma vez, deixando-o sozinho com o que deveria ter sido um momento de felicidade e agora era apenas uma completa bagunça de corações partidos.
Rito ficou parado, olhando para a porta que se fechou. A exaustão emocional o atingiu como um trem. Ele deixou escapar um suspiro profundo e arrasado, erguendo os olhos para o teto branco. "Hoje está sendo um dia difícil." Ele pensou em voz alta, a declaração soando ridiculamente aquém da realidade.
A resposta veio de um canto inesperado da sala. "Dias difíceis sempre passam, fique tranquilo!"
Rito deu um salto, girando em direção à voz. As cortinas ao redor da cama de exame se abriram, e de trás delas surgiu a figura alta e imponente de Doutora Mikado, segurando uma prancheta com um sorriso divertido e inquisitivo.
"Doutora Mikado?? Você ouviu tudo?" A pergunta de Rito saiu em um guincho de puro horror e embaraço. Seu rosto, que já estava quente, pegou fogo.
Mikado inclinou a cabeça, um brilho malicioso em seus olhos. "Deixa eu pensar..." Ela levou um dedo ao queixo, fingindo ponderar. "... Eu ouvi desde: 'Sairenji você g-gosta de mim?'" Ela imitou a voz hesitante de Rito com uma precisão cruelmente engraçada.
"Então você ouviu tudo!" Rito exclamou, perplexo, sentindo-se como se o chão pudesse abrir sob seus pés a qualquer momento.
"Cinco garotas, é?" Mikado assobiou baixinho, andando em sua direção com a graça de uma pantera. "Você é bem ganancioso, hein? Eu jamais imaginaria que aquele garoto tímido namoraria 5 garotas e ainda queria adicionar a sexta." A provocação em sua voz era evidente, um risinho contido brincando em seus lábios.
"E-Eu..." Rito gaguejou, completamente sem defesa. Ele podia desviar dos golpes de Yami com facilidade, mas a Doutora Mikado em modo de caça era uma ameaça completamente diferente.
Ela parou bem na frente dele, olhando para baixo para seu rosto avermelhado. "Depois você me conta o que aconteceu direito, você parece estar ansioso." Ela observou, reparando a tensão em seus ombros.
"E estou." Rito admitiu, derrotado. Não adiantava negar. "Resumindo: a Sairenji e Kotegawa ouviram uma conversa minhas e das garotas, onde eu falava que namorava cinco garotas. As duas saíram correndo chorando."
Mikado levantou uma sobrancelha perfeita, um novo nível de interesse acendendo em seu olhar. "Então serão sete!" Ela falou, genuinamente chocada por um microssegundo antes de sua expressão habitual de diversão retornar. "Não tem problemas em adicionar uma oitava, tem?" A pergunta foi feita com um tom de voz suave e perigosamente sedutor enquanto ela dava um passo à frente, fechando a distância restante entre eles.
"O-Oitava? Doutora, não brinca assim." Rito protestou, seu instinto de luta ou fuga ativando-se. Ele deu um passo para trás, mas sua costa encontrou a parede fria. Ele estava encurralado.
Mikado deu mais dois passos, até que ele estava a meros centímetros dela. Seu perfume, algo clinical misturado com algo exoticamente floral, envolveu-o. "Brincando? Não estou brincando, Yuuki-kun." Ela sussurrou, sua voz um murmúrio quente perto de seu ouvido. "Não só o seu corpo é tentador, mas esse seu novo eu também é." Ela recuou com um risinho baixo e vitorioso, sabendo exatamente o efeito que suas palavras tinham.
Rito sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Aquilo era... assustadoramente excitante e aterrorizante ao mesmo tempo.
"Venha na minha mansão qualquer dia." Ela continuou, sua voz voltando a um tom mais profissional, mas ainda carregada de insinuação. "Preciso falar umas coisinhas sobre a sua transformação. Antes não havia problemas em não te contar, pois você não estava se relacionando diretamente com nenhuma garota, mas como agora você está namorando cinco... Você precisa saber disso."
O sangue de Rito pareceu esfriar. "Saber o que?" A pergunta saiu em um sussurro alarmado.
"Venha na minha mansão quando tiver tempo livre." Ela repetiu, sua expressão ficando um pouco mais séria, mais sombria. "Venha sozinho. Você decidirá se irá contar a elas ou não."
Uma nova e pesada camada de ansiedade assentou-se sobre os ombros já sobrecarregados de Rito. "Mais uma coisa para se preocupar."
"Está bem." Ele concordou, sua voz um pouco rouca. "Assim que eu resolver os meus problemas, eu passo lá. Preciso encontrar a Kotegawa agora." Ele se moveu ao longo da parede, em direção à porta, ansioso para escapar daquela atmosfera opressiva e carregada.
Mikado apontou casualmente na direção do corredor. "Eu a vi entrando correndo na sala do conselho estudantil." O sorriso voltou ao seu rosto, como se estivesse se divertindo muito com o drama alheio.
"Obrigado!" Rito agradeceu, quase saindo correndo pela porta, sua mente agora uma bagunça de preocupações românticas, possíveis traumas e o olhar predador da Doutora.
Assim que ele saiu, Mikado se voltou para a janela, observando os alunos no pátio. "Quem diria que aquele garoto tímido ia crescer tanto..." Ela murmurou para si mesma, um suspiro intrigado escapando de seus lábios. "... em mais de um sentido."
//////////
Rito correu pelos corredores, agora cheios de alunos. Sua mente estava uma confusão, mas um objetivo claro a dominava: encontrar Yui.
Chegando na porta da sala do conselho estudantil, ele parou. Ele respirou fundo, reunindo toda a coragem que havia recuperado durante a curta corrida. A determinação que ele mostrara para Haruna precisava estar presente agora. Ele não podia vacilar. Ele abriu a porta.
A sala estava silenciosa e arrumada. Yui Kotegawa estava de pé perto da mesa principal, seu corpo rígido. Ela se virou rapidamente ao ouvir a porta abrir, seus olhos vermelhos e levemente inchados se arregalando ao vê-lo.
"Y-Yuuki-kun!? O que você faz aqui?" A voz dela saiu áspera, e ela limpou rapidamente e com raiva qualquer vestígio de lágrima com o braço, endireitando-se em uma postura desafiadoramente ereta.
Rito fechou a porta atrás de si, criando um espaço privado. "Eu..." Ele começou, mas ela o interrompeu, sua fúria aparentemente superando sua dor.
"Yuuki-kun, você aceitou a confissão de Risa?" A pergunta foi um desafio, uma arma.
Rito não desviou o olhar. Ele aprendera sua lição. A verdade, direta e crua. "Sim, eu aceitei."
A admissão pareceu atingi-la fisicamente, mas ela se manteve firme. "Yuuki-kun, a poligamia é proibida no Japão!" Ela exclamou, brandindo a lei como um escudo, sua voz ecoando na sala silenciosa. Era o argumento mais sólido que sua mente moralmente rígida podia encontrar.
Rito não hesitou. Ele já havia pensado nisso, discutido com Momo. "Me casando com a Lala, as leis do Japão não têm poder sobre mim!" Ele rebateu, sua voz firme. A confiança em sua própria lógica era surpreendente.
A resposta desarmou Yui completamente. "C-Casar?" A palavra a deixou desnorteada. Era muita informação de uma só vez. Confissão, harém, casamento... Sua mente ética e preto-no-branco lutava para processar as nuances de cinza de uma situação intergaláctica.
Rito aproveitou o momento de silêncio. Ele se aproximou dela, não de forma ameaçadora, mas com uma seriedade intensa que a fez recuar um passo instintivamente. Ele encarou aqueles olhos cor de mel, agora turvos pela confusão e pela raiva.
"Kotegawa..." Sua voz suavizou, mas a intensidade permaneceu. "... Você sente algo por mim?" A pergunta foi direta, sem rodeios, um eco daquela que ele fizera a Haruna. Era justo. Ela merecia a mesma honestidade.
A pergunta desarmou Yui mais completamente do que qualquer argumento sobre leis. Seu rosto, já corado, ficou escarlate. Seu coração, que havia diminuído um pouco de ritmo, disparou novamente, batendo com tanta força que ela ficou com medo que ele pudesse ouvi-lo. "Se eu g-gosto de você? É c-claro, nós somos ótimos amigos!" A mentira saiu patética, e ela não conseguiu mantê-la, desviando o olhar para uma pilha de papéis na mesa.
Rito percebeu o pânico genuíno nela, o conflito interno muito mais profundo do que a simples raiva moral. Ele não queria forçá-la. Não daquele jeito. Não como ele inadvertidamente forçara Haruna. Ele havia aprendido que a pressão, neste caso, era pior que a paciência.
Ele parou de se aproximar. "Não precisa ter pressa para me responder." Ele disse, sua voz calma e gentil. "Quando estiver pronta, você me dá a resposta." Ele manteve o contato visual por um segundo mais, transmitindo sinceridade, não exigência. Então, ele se virou e saiu da sala, fechando a porta suavemente atrás de si.
O som da porta se fechando ecoou na sala silenciosa como um tiro.
Yui ficou parada, congelada, por um longo momento. Então, toda a tensão saiu de seu corpo de uma vez. Ela caiu pesadamente em uma cadeira, suas mãos tremendo. Ela as olhou, como se não fossem suas.
"Fala, idiota, fala!" O pensamento gritou em sua mente, uma repreensão furiosa e frustrada dirigida a si mesma. A raiva que ela sentira por Rito agora se voltava para dentro, alimentada pelo arrependimento instantâneo. Ele lhe dera uma abertura, uma chance de ser honesta, e ela a desperdiçara com uma negação covarde e óbvia.
"Porque eu não falei..." Ela sussurrou para a sala vazia, a voz carregada de uma angústia profunda. A confusão e a tristeza a envolveram novamente, mas agora era uma tristeza voltada para dentro, uma culpa por sua própria incapacidade de enfrentar a verdade de seus sentimentos.
//////////
Rito saiu do conselho estudantil e olhou para os dois lados do corredor. Estava vazio; a aula já havia começado. Ele precisava de um momento. Só um momento para respirar, para processar o furacão emocional que sua vida havia se tornado na última hora.
Ele fechou os olhos e concentrou-se. Um formigamento percorreu seus braços. Diante dele, o ar começou a se distorcer, a dobrar-se sobre si mesmo como um espelho quebrado. Cores iridescentes dançaram no vazio até que um portal circular e suave, grande o suficiente para uma pessoa passar, se materializou no corredor. Do outro lado, era possível ver o céu azul e o concreto familiar do terraço da escola.
Ele deu um passo através do portal, sentindo a estranha sensação de não sentir nada, como se tivesse dado um passo em um lugar que já estava. O portal se fechou atrás dele sem um som.
O terraço estava vazio e silencioso, banhado pela luz do sol da tarde. O vento soprava suavemente. Rito caminhou até seu local usual de descanço e deixou-se cair pesadamente no concreto, de costas, com os braços abertos. Ele olhou para o céu infinito acima, um azul profundo e implacável que parecia zombar de seu caos interior.
Seu dia nem havia começado direito e já parecia que uma semana inteira de drama havia sido compactada em algumas horas. Sua mente era um redemoinho de informações, emoções e consequências.
Haruna gosta de mim. E eu magoei ela. Gravemente.
Yui gosta de mim. Ela está confusa e brava, mas ela sente algo. E eu a magoei também.
Risa está feliz, mas se sente culpada. Ela não merece se sentir assim.
Momo... o plano dela está desmoronando?
Lala deve estar se sentindo terrível.
Doutora Mikado sabe de algo. Algo grande. Algo sobre mim. O que ela quer? O que ela vai me contar?
Cada pensamento era um peso adicional em seu peito. Ele fechou os olhos, tentando encontrar um centro de calma dentro de si, aquele núcleo de força que ele construíra com tanto esforço. A timidez do velho Rito ainda assombrava suas ações, mas a determinação do novo Rito sabia que não podia fugir. Ele teria que enfrentar tudo isso. Haruna, Yui, Mikado... tudo.
Mas por agora, sob a vastidão do céu, ele permitiu-se apenas um momento de paz. Um momento para respirar antes da próxima tempestade. O dia difícil estava longe de acabar. Na verdade, ele mal havia começado.
O desfecho para essa tempestade de emoções ainda estava por ser escrito, e Yuuki Rito, mais uma vez, estava no epicentro de tudo.
"Venha na minha mansão qualquer dia." Ela continuou, sua voz voltando a um tom mais profissional, mas ainda carregada de insinuação. "Preciso falar umas coisinhas sobre a sua transformação. Antes não havia problemas em não te contar, pois você não estava se relacionando diretamente com nenhuma garota, mas como agora você está namorando cinco... Você precisa saber disso."
O sangue de Rito pareceu esfriar. "Saber o que?" A pergunta saiu em um sussurro alarmado.
"Venha na minha mansão quando tiver tempo livre." Ela repetiu, sua expressão ficando um pouco mais séria, mais sombria. "Venha sozinho. Você decidirá se irá contar a elas ou não."
Uma nova e pesada camada de ansiedade assentou-se sobre os ombros já sobrecarregados de Rito. "Mais uma coisa para se preocupar."
"Está bem." Ele concordou, sua voz um pouco rouca. "Assim que eu resolver os meus problemas, eu passo lá. Preciso encontrar a Kotegawa agora." Ele se moveu ao longo da parede, em direção à porta, ansioso para escapar daquela atmosfera opressiva e carregada.
Mikado apontou casualmente na direção do corredor. "Eu a vi entrando correndo na sala do conselho estudantil." O sorriso voltou ao seu rosto, como se estivesse se divertindo muito com o drama alheio.
"Obrigado!" Rito agradeceu, quase saindo correndo pela porta, sua mente agora uma bagunça de preocupações românticas, possíveis traumas e o olhar predador da Doutora.
Assim que ele saiu, Mikado se voltou para a janela, observando os alunos no pátio. "Quem diria que aquele garoto tímido ia crescer tanto..." Ela murmurou para si mesma, um suspiro intrigado escapando de seus lábios. "... em mais de um sentido."
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Rito correu pelos corredores, agora cheios de alunos. Sua mente estava uma confusão, mas um objetivo claro a dominava: encontrar Yui.
Chegando na porta da sala do conselho estudantil, ele parou. Ele respirou fundo, reunindo toda a coragem que havia recuperado durante a curta corrida. A determinação que ele mostrara para Haruna precisava estar presente agora. Ele não podia vacilar. Ele abriu a porta.
A sala estava silenciosa e arrumada. Yui Kotegawa estava de pé perto da mesa principal, seu corpo rígido. Ela se virou rapidamente ao ouvir a porta abrir, seus olhos vermelhos e levemente inchados se arregalando ao vê-lo.
"Y-Yuuki-kun!? O que você faz aqui?" A voz dela saiu áspera, e ela limpou rapidamente e com raiva qualquer vestígio de lágrima com o braço, endireitando-se em uma postura desafiadoramente ereta.
Rito fechou a porta atrás de si, criando um espaço privado. "Eu..." Ele começou, mas ela o interrompeu, sua fúria aparentemente superando sua dor.
"Yuuki-kun, você aceitou a confissão de Risa?" A pergunta foi um desafio, uma arma.
Rito não desviou o olhar. Ele aprendera sua lição. A verdade, direta e crua. "Sim, eu aceitei."
A admissão pareceu atingi-la fisicamente, mas ela se manteve firme. "Yuuki-kun, a poligamia é proibida no Japão!" Ela exclamou, brandindo a lei como um escudo, sua voz ecoando na sala silenciosa. Era o argumento mais sólido que sua mente moralmente rígida podia encontrar.
Rito não hesitou. Ele já havia pensado nisso, discutido com Momo. "Me casando com a Lala, as leis do Japão não têm poder sobre mim!" Ele rebateu, sua voz firme. A confiança em sua própria lógica era surpreendente.
A resposta desarmou Yui completamente. "C-Casar?" A palavra a deixou desnorteada. Era muita informação de uma só vez. Confissão, harém, casamento... Sua mente ética e preto-no-branco lutava para processar as nuances de cinza de uma situação intergaláctica.
Rito aproveitou o momento de silêncio. Ele se aproximou dela, não de forma ameaçadora, mas com uma seriedade intensa que a fez recuar um passo instintivamente. Ele encarou aqueles olhos cor de mel, agora turvos pela confusão e pela raiva.
"Kotegawa..." Sua voz suavizou, mas a intensidade permaneceu. "... Você sente algo por mim?" A pergunta foi direta, sem rodeios, um eco daquela que ele fizera a Haruna. Era justo. Ela merecia a mesma honestidade.
A pergunta desarmou Yui mais completamente do que qualquer argumento sobre leis. Seu rosto, já corado, ficou escarlate. Seu coração, que havia diminuído um pouco de ritmo, disparou novamente, batendo com tanta força que ela ficou com medo que ele pudesse ouvi-lo. "Se eu g-gosto de você? É c-claro, nós somos ótimos amigos!" A mentira saiu patética, e ela não conseguiu mantê-la, desviando o olhar para uma pilha de papéis na mesa.
Rito percebeu o pânico genuíno nela, o conflito interno muito mais profundo do que a simples raiva moral. Ele não queria forçá-la. Não daquele jeito. Não como ele inadvertidamente forçara Haruna. Ele havia aprendido que a pressão, neste caso, era pior que a paciência.
Ele parou de se aproximar. "Não precisa ter pressa para me responder." Ele disse, sua voz calma e gentil. "Quando estiver pronta, você me dá a resposta." Ele manteve o contato visual por um segundo mais, transmitindo sinceridade, não exigência. Então, ele se virou e saiu da sala, fechando a porta suavemente atrás de si.
O som da porta se fechando ecoou na sala silenciosa como um tiro.
Yui ficou parada, congelada, por um longo momento. Então, toda a tensão saiu de seu corpo de uma vez. Ela caiu pesadamente em uma cadeira, suas mãos tremendo. Ela as olhou, como se não fossem suas.
"Fala, idiota, fala!" O pensamento gritou em sua mente, uma repreensão furiosa e frustrada dirigida a si mesma. A raiva que ela sentira por Rito agora se voltava para dentro, alimentada pelo arrependimento instantâneo. Ele lhe dera uma abertura, uma chance de ser honesta, e ela a desperdiçara com uma negação covarde e óbvia.
"Porque eu não falei..." Ela sussurrou para a sala vazia, a voz carregada de uma angústia profunda. A confusão e a tristeza a envolveram novamente, mas agora era uma tristeza voltada para dentro, uma culpa por sua própria incapacidade de enfrentar a verdade de seus sentimentos.
//////////
Rito saiu do conselho estudantil e olhou para os dois lados do corredor. Estava vazio; a aula já havia começado. Ele precisava de um momento. Só um momento para respirar, para processar o furacão emocional que sua vida havia se tornado na última hora.
Ele fechou os olhos e concentrou-se. Um formigamento percorreu seus braços. Diante dele, o ar começou a se distorcer, a dobrar-se sobre si mesmo como um espelho quebrado. Cores iridescentes dançaram no vazio até que um portal circular e suave, grande o suficiente para uma pessoa passar, se materializou no corredor. Do outro lado, era possível ver o céu azul e o concreto familiar do terraço da escola.
Ele deu um passo através do portal, sentindo a estranha sensação de não sentir nada, como se tivesse dado um passo em um lugar que já estava. O portal se fechou atrás dele sem um som.
O terraço estava vazio e silencioso, banhado pela luz do sol da tarde. O vento soprava suavemente. Rito caminhou até seu local usual de descanço e deixou-se cair pesadamente no concreto, de costas, com os braços abertos. Ele olhou para o céu infinito acima, um azul profundo e implacável que parecia zombar de seu caos interior.
Seu dia nem havia começado direito e já parecia que uma semana inteira de drama havia sido compactada em algumas horas. Sua mente era um redemoinho de informações, emoções e consequências.
Haruna gosta de mim. E eu magoei ela. Gravemente.
Yui gosta de mim. Ela está confusa e brava, mas ela sente algo. E eu a magoei também.
Risa está feliz, mas se sente culpada. Ela não merece se sentir assim.
Momo... o plano dela está desmoronando?
Lala deve estar se sentindo terrível.
Doutora Mikado sabe de algo. Algo grande. Algo sobre mim. O que ela quer? O que ela vai me contar?
Cada pensamento era um peso adicional em seu peito. Ele fechou os olhos, tentando encontrar um centro de calma dentro de si, aquele núcleo de força que ele construíra com tanto esforço. A timidez do velho Rito ainda assombrava suas ações, mas a determinação do novo Rito sabia que não podia fugir. Ele teria que enfrentar tudo isso. Haruna, Yui, Mikado... tudo.
Mas por agora, sob a vastidão do céu, ele permitiu-se apenas um momento de paz. Um momento para respirar antes da próxima tempestade. O dia difícil estava longe de acabar. Na verdade, ele mal havia começado.
O desfecho para essa tempestade de emoções ainda estava por ser escrito, e Yuuki Rito, mais uma vez, estava no epicentro de tudo.
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