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To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem
Escrita por: Matheus Leandro (Magnatah)
Capítulo 28 - O Abraço que Transcende o Sangue
No Capítulo Anterior...
"Harém" Ele pensou ironicamente, um gosto amargo na boca. "Que começo glorioso."
O sol continuava a brilhar, indiferente ao drama humano (e alienígena) que se desenrolara. O piquenique dos desejos amplificados terminara. Restava apenas o gosto do fracasso, o cheiro de sorvete derretido e a longa noite de explicações que se avizinhava.
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O sol já se punha, tingindo o céu de tons alaranjados e púrpuras, quando o grupo finalmente chegou à casa dos Yuuki. O silêncio era espesso, cortado apenas pelo rangido da porta e pelos passos cautelosos. Rito caminhava à frente, os ombros tensos, evitando a todo custo cruzar o olhar com Mikan. O incidente no parque ainda ecoava em sua mente: o descontrole, os olhos dourados envoltos em névoa azul-celeste, a mecha de cabelo brilhante, e os elogios ousados que escaparam de seus lábios diante de todas. Ele sentira a energia pulsando em suas veias, um poder que ainda o assustava – a capacidade de rasgar o espaço, criando portais que ligavam pontos distantes em um piscar de olhos. Mas o que mais o consumia era o olhar de Mikan: surpresa, perplexidade e uma ponta de medo que o dilacerava por dentro.
Mikan, por sua vez, caminhava alguns passos atrás, as mãos trêmulas segurando as alças de sua mochila. Sua mente girava em turbilhão. Onii-chan... aquele não era o Rito que eu conheço. Ela via cenas repetidas: seus olhos dourados, a voz firme e pervertida. E os portais... como era possível? Ele nunca mencionara nada. Celine, agarrava-se à perna de Mikan, sentindo a tensão, enquanto as princesas de Deviluke – Lala, Momo e Nana – trocavam olhares carregados de preocupação. Yami e Mea haviam se despedido com acenos contidos, sentindo que a tempestade era familiar demais para interferir.
"Eu... eu vou tomar um banho. Depois faço o jantar" Anunciou Mikan, a voz um pouco rouca, quebrando o silêncio opressivo. Ela não esperou resposta, subindo as escadas rapidamente, desaparecendo no corredor superior.
Rito soltou um suspiro que parecia carregar o peso do universo. Seu coração batia como um tambor de guerra contra suas costelas. É hoje. Não dá mais para adiar. Ele subiu os degraus como se caminhasse para o cadafalso, entrou em seu quarto e se jogou na cama, o rosto enterrado no travesseiro. O cheiro do algodão limpo, tão familiar, não trouxe conforto. A imagem de Mikan, ferida e confusa, queimava em sua retina. Ele a decepcionara. Escondera segredos monumentais.
A porta abriu-se suavemente. Lala entrou primeiro, seus longos cabelos rosa balançando, os olhos cheios de uma ternura que só ela possuía. Momo veio em seguida, sua expressão astuta suavizada pela preocupação genuína. Nana fechou o grupo, seus braços cruzados, tentando disfarçar o nervosismo com sua postura habitual de desdém, mas os olhos traíam sua ansiedade.
"Rito..." Lala sussurrou, sentando na beirada da cama. "Você está tremendo."
Momo se aproximou pelo outro lado, sua mão delicada pousando em seu ombro. "Foi um choque para ela, é natural. Mas você não está sozinho."
Nana ficou de pé aos pés da cama, roendo o lábio inferior. "Ela é forte. Vai entender... eventualmente."
Rito virou o rosto, os olhos úmidos. "Como eu vou contar? Tudo... meu DNA, vocês três, o plano da Momo..." Sua voz falhou.
Foi Momo quem agiu primeiro. Ela se deitou ao seu lado, envolvendo-o em um abraço lateral. Lala imediatamente se juntou, pressionando-se contra seu outro flanco, seu calor reconfortante como um raio de sol. Nana hesitou por um segundo, uma pontada de ciúme e insegurança atravessando seu coração, mas vendo a dor genuína no rosto de Rito, ela soltou um resmungo baixo e se deitou sobre suas pernas, completando o círculo de afeto. Os três corpos envolvendo-o, suas energias distintas – a explosiva vitalidade de Lala, a astúcia sensual de Momo, a teimosa lealdade de Nana – formaram uma barreira contra o desespero.
O abraço foi como uma corrente elétrica de força. Rito sentiu a tensão nos músculos definidos de suas costas começarem a ceder. Ele inspirou fundo, o perfume único de cada uma delas – doces e florais – preenchendo seus pulmões.
Elas... são meu porto seguro. Movido por uma onda de gratidão avassaladora, ele agiu quase sem pensar. Primeiro, virou-se levemente e capturou os lábios de Lala em um beijo breve, mas intenso. Lala soltou um "Mmm!" de surpresa, seguido por um sorriso radiante e um abraço mais apertado. Em seguida, ele se voltou para Momo. Seus olhos roxos brilharam com antecipação antes que seus lábios se encontrassem. Momo retribuiu com fervor, sua língua tocando a dele por um instante fugaz, um sussurro de "san..." escapando. Por fim, ele olhou para Nana. Ela ficou rígida, seus olhos arregalados, mas não recuou quando ele se inclinou. O beijo foi mais curto, quase casto, mas quando se separaram, Nana estava escarlate, escondendo o rosto no peito dele com um "B-Baka! Não faça isso de repente!"
"Obrigado!" Rito murmurou, sua voz mais firme. "Por estarem aqui." Elas se levantaram, um ar de missão cumprida no ar. Momo deu-lhe um sorriso confiante, Lala um polegar para cima, e Nana apenas virou o rosto, ainda corada. Elas saíram, fechando a porta suavemente, deixando-o sozinho com seus demônios.
Os pensamentos voltaram em força avassaladora. Ele se levantou, caminhando até a janela, observando o crepúsculo. Como começar, Mikan? Como dizer que aquele garoto tímido que tropeçava em você agora é... isso? Ele olhou para suas mãos, capazes de dobrar o espaço. Que o sangue que corre em mim não é mais o mesmo que o seu? Que eu me transformei nessa... coisa durante aquele coma? Ele encostou a testa no vidro frio. E então... "Ah, por falar nisso, estou namorando as três princesas alienígenas que vivem conosco. E aceitei o plano da Momo de ter um harém gigantesco, então provavelmente vou me casar com meia galáxia no futuro." Um riso amargo escapou-lhe. O plano de Momo – um sonho cuidadosamente arquitetado de unir todas as garotas que amavam Rito sob um único teto, com ele como centro – parecia tão distante e surreal naquele momento. Mas ele o aceitara, não por fraqueza, mas porque seu coração, ampliado e transformado, era capaz de abrigar todas elas.
Tic-tac. Tic-tac. O relógio na parede marcava a passagem implacável do tempo. Rito perdera completamente a noção dele, mergulhado em sua angústia, quando a porta se abriu novamente.
"Rito-san?" Momo espiou, seu rosto iluminado pelo abajur. "O jantar está pronto." Ela parecia calma, mas seus olhos vasculhavam seu rosto em busca de sinais.
Rito piscou, surpreso. "Já? Mas..."
"Você ficou pensando por mais de uma hora" Ela explicou suavemente. "Vamos. Ela está esperando."
O coração de Rito disparou novamente. A caminhada até a sala de jantar foi uma via demorada. A mesa estava posta com simplicidade: bolinhos de arroz, carne de porco grelhado e tsukemono. Mikan já estava sentada, os olhos fixos no prato. Ela não olhou para ele quando ele se sentou. O ar estava carregado de perguntas. Rito serviu-se mecanicamente, seus movimentos lentos e pesados. Cada garfada era uma luta. Ele esperava uma explosão a qualquer momento – um grito, um prato quebrado, lágrimas. Mas nada. Apenas o som dos talheres e o ronronar distante de Celine, já dormindo em seu canto.
Quando a última garfada foi dada, Rito levantou-se automaticamente. "Deixa que eu ajudo a tirar..." Ele estendeu a mão para pegar o prato de Mikan, mas seus dedos tremiam.
"Deixe, Rito." Mikan disse, sua voz plana. Ela pegou seu próprio prato.
"Eu levo os copos!" Momo interveio com agilidade, pegando-os da mesa e piscando para Rito com uma expressão que dizia "Deixe comigo". Ela desapareceu na cozinha com uma graça felina.
Rito recuou, sentindo-se um intruso. Ele foi para a sala, afundando-se no sofá. O nervosismo era um enxame de vespas em seu peito. Ela não falou nada. Isso é bom? É ruim? Então, o calor familiar se aproximou. Lala sentou-se à sua direita, envolvendo seu braço com os dois dela, sua cabeça repousando em seu ombro. "Tudo vai ficar bem, Rito." Ela sussurrou, sua confiança inabalável como um farol. Nana, após um breve hesitação, sentou-se à sua esquerda. Ela não abraçou seu braço com o mesmo fervor de Lala, mas sua mão agarrou seu antebraço com força, seus dedos entrelaçando-se com os dele. Rito sentiu a tensão diminuir um pouco. O contato delas era ancoragem.
Momo voltou da cozinha e, sem cerimônia, sentou-se no chão, nas almofadas baixas, encostando as costas nas pernas de Rito, entre seus joelhos. Ela reclinou a cabeça para trás, olhando para ele de baixo para cima, um sorriso pequeno e tranquilizador em seus lábios. "Pronto." Ela murmurou. Rito involuntariamente soltou um longo suspiro. O peso de Lala e Nana ao seu lado, o calor de Momo entre suas pernas, a fé delas nele... Elas realmente se tornaram meus pilares, pensou ele, um sorriso grato e trêmulo tocando seus lábios. Meu porto em qualquer tempestade.
Foi nesse cenário íntimo e frágil que Mikan saiu da cozinha, enxugando as mãos em um pano. Ela congelou no limiar, seus olhos arregalando-se ao absorver a cena: Lala colada ao braço direito de Rito, Nana agarrada ao esquerdo com uma possessividade que ela nunca vira, e Momo... Momo aninhada confortavelmente entre as pernas dele, como se pertencesse ali.
"Vocês... estão mais grudadas no Rito que o normal" Mikan disse, sua voz contendo uma mistura perigosa de curiosidade, ciúme e raiva. "Até a Nana!? Rito..." Ela focou nele, seus olhos queimando com intensidade. "O que está acontecendo?"
O ar na sala cristalizou. O coração de Rito parecia querer escapar pelo peito. Ele sentiu Lala se apertar contra ele, Momo ficar rígida contra suas pernas, e os dedos de Nana contraírem-se em um aperto quase doloroso em seu antebraço. Os olhos de Momo encontraram os dele, cheios de urgência silenciosa. Nana desviou o olhar, sua orelhas vermelhas escarlates. Lala olhou para ele, seus olhos verdes suplicando: Posso falar? Deixa eu contar!
Rito engoliu seco. "Não. É minha responsabilidade." Ele colocou sua mão livre sobre a de Lala, acalmando-a, e então sobre a cabeça de Momo, sentindo seus cabelos macios. "Deixa comigo." Ele disse, sua voz surpreendentemente estável. Ele desvencilhou-se cuidadosamente das garotas, levantando-se. Cada passo em direção a Mikan parecia ecoar no silêncio da sala.
Ele parou diante dela, mais perto do que estivera desde o parque. Ergueu o olhar, encarando diretamente os olhos castanhos que o conheciam melhor que qualquer um. Viu a confusão, o medo, o ciúme... e um fundo de amor inabalável que o perfurou.
"Vou ser direto, Mikan." Ele começou, sua voz baixa mas clara. "Eu... eu pedi a Momo em namoro."
O impacto foi imediato. Os olhos de Mikan arregalaram-se. "A... a Momo?" Ela olhou para a garota sentada no chão, que corou intensamente mas manteve o olhar firme, quase desafiador.
Rito respirou fundo, reunindo coragem. "E... eu pedi a Lala e a Nana em namoro também."
O choque que se apoderou de Mikan foi quase físico. Ela recuou um passo, como se tivesse levado um soco. "Momo... Lala... e Nana?" Sua voz era um fio de incredulidade. Ela olhou para cada uma das princesas. Lala acenou com um sorriso tímido, Nana encolheu os ombros tentando parecer indiferente, mas sua mão tremia. Momo baixou os olhos, as mãos entrelaçadas no colo com força. O coração de Mikan apertou violentamente. Era uma dor aguda, como se algo profundamente seu – sua posição como a pessoa mais próxima de Rito, seu irmão único – estivesse sendo arrancado à força. Uma onda de possessividade surpreendente inundou-a. Meu Onii-chan...
Ela sacudiu a cabeça, tentando encontrar racionalidade no caos. "R-Rito, isso... isso é proibido! No Japão, namorar três pessoas ao mesmo tempo... é polígamia! É um crime sério!" A indignação era uma muleta para a dor.
Foi Momo quem respondeu, levantando-se com uma dignidade repentina. "Se Rito se casar oficialmente com a Lala, como herdeira do trono de Deviluke" Ela explicou, sua voz calma mas firme. "Ele se tornará Rei de Deviluke e, eventualmente, Rei do Universo. As leis da Japão, incluindo as da Terra, não terão jurisdição sobre ele, ou sobre seus relacionamentos." Era um argumento que ela preparara mentalmente inúmeras vezes.
Mikan abriu a boca, depois fechou. Sua mente, sempre ágil, estava em branco. Rito? Rei do Universo? O garoto que corava se uma garota encostasse nele? Namorando três... e com uma aura de poder que fez o parque tremer? As peças não se encaixavam. "Mas... mas..." Ela engasgou, sem palavras.
Rito viu a confusão e a dor nela e sentiu seu próprio coração se partir. Mas ele sabia que não podia parar. "Tem... mais duas coisas importantes, Mikan." Ele disse, sua voz pesada com a gravidade do que viria. "Coisas que eu deveria ter te contado há muito tempo. A primeira... é sobre quando eu fiquei em coma por uma semana, depois daquele acidente."
Mikan estremeceu. "Ainda tem mais!?" A voz dela era um misto de exasperação e pavor.
"Vou resumir, para facilitar." Rito continuou, evitando seu olhar, fixando-se em um ponto na parede. "Quando eu estava lá... inconsciente... Eu já contei sobre eu ter absorvido a Darkness. Ela... alterou meu DNA. Modificou coisas fundamentais no meu corpo. Foi isso que me deu esses poderes... os portais, essa força física, essa... mudança ocasional na personalidade." Ele tocou a mecha de cabelo perto de seu olho. "A Doutora Mikado me disse que... que agora eu não tenho mais o mesmo... sangue que você." A voz dele quebrou. "Que eu nem... nem sou mais humano, tecnicamente."
O silêncio que se seguiu foi absoluto. O ar parecia ter sido sugado da sala. Mikan ficou paralisada. Os olhos arregalados percorreram o corpo musculoso do irmão, tão diferente do garoto magricela de antes. Ela viu a mecha, lembrou dos olhos envoltos em névoa azul. Sangue diferente. Não humano. As palavras ecoaram como marteladas em seu crânio. E então, a terrível implicação: Ele não é mais meu irmão de sangue... Se ele vai se casar com Lala e ser Rei... ele vai embora. Vai morar em Deviluke. Longe. Para sempre.
A represa se rompeu. Lágrimas quentes e silenciosas começaram a rolar pelo rosto de Mikan. Não eram gritos, nem acusações. Era um choro profundo, devastador, de perda irreparável. Primeiro, o irmão único era tirado dela pelo compromisso com outras. Agora, até o laço de sangue – a base fundamental de sua identidade como irmãos – era revelado uma ilusão. Ela sentiu-se incrivelmente só.
Rito não pensou. Instintivamente, ele fechou a distância e envolveu Mikan em um abraço forte, apertado. Ela inicialmente ficou rígida, mas então desabou contra ele, seu choro silencioso se transformando em soluços que sacudiam todo o seu pequeno corpo.
"Shhh... Mikan." Ele sussurrou, enterrando o rosto em seus cabelos, respirando o cheiro familiar de xampu de maçã. "Ouça-me. Por favor. Sim, o sangue mudou. Mas isso aqui?" Ele apertou-a com mais força. "Isso não mudou. Nunca vai mudar. Você é minha irmã. Minha família. A pessoa mais importante da minha vida, em qualquer universo. O nosso laço... ele transcende o sangue. Ele transcende tudo."
Mikan calou-se. O abraço era porto seguro e epicentro da tormenta. O silêncio que se seguiu doía mais que lágrimas.
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