Capítulo 20 - Dourado e Perigoso

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To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem


Escrita por: Matheus Leandro (Magnatah)

Capítulo 20 - Dourado e Perigoso

To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem
No Capítulo Anterior...
Enquanto era arrastada de volta para o quarto contra sua vontade, Mikan olhou mais uma vez para o banheiro, um turbilhão de sentimentos confusos explodindo em seu peito.
"Rito… seu idiota."

E, no fundo, ela sabia o problema não era só as garotas.
Era ela.

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A água do chuveiro batia forte nos ombros largos e definidos de Rito, escorrendo pelos músculos torneados de seu torso. Ele fechou os olhos, sentindo a tensão do treino do dia anterior ainda ecoando em seu corpo. Os portais, a esfera que engolia tudo... e os "acidentes" com Run e Kyoko. Um leve rubor subiu ao seu rosto ao lembrar da sensação inesperadamente macia dos seios de Run contra sua mão, ou do susto inocente de Kyoko quando ele, sem querer, apertara sua nádega através de um portal que ele criou sem querer. Ele respirou fundo, controlando a onda de calor que ameaçava tingir a mecha de cabelo perto de seu olho de dourado. "Controle. Preciso de controle."

Ao sair do banheiro, envolvido apenas em uma toalha na cintura que mal continha sua forma atlética, seu olhar encontrou Nana no corredor. Ela estava parada perto da janela, observando distraída o jardim, mas ao percebê-lo, seus olhos violeta se arregalaram e um rubor intenso tomou seu rosto. Ela desviou o olhar rapidamente, fingindo interesse súbito no quadro na parede. Rito sorriu internamente. Ele sabia o motivo daquela reação. O beijo na bochecha no safari, o abraço forte que a deixara sem fôlego... Nana estava claramente em conflito.
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"Oi, Nana" Ele cumprimentou, voz rouca ainda pelo vapor do banho. "Tem um minuto? Preciso te falar uma coisa. Em particular."

O coração de Nana disparou como um passarinho enjaulado. "Um minuto? Particular? Será que... não, não pode ser uma confissão agora, de manhã, com ele quase nu?!" As imagens invadiram sua mente sem pedir licença: o calor do corpo dele envolvendo-a enquanto ela dormia agarrada ao seu braço... e o beijo na bochecha no safari, que a fizera sentir um frio na barriga e um calor inexplicável no peito. "A-ah? O-okay..." Ela gaguejou, seguindo-o até um canto mais isolado do corredor, perto do armário.

Rito encostou uma mão na parede, criando uma barreira informal entre eles e o resto da casa. Seu rosto estava sério, um contraste com o rubor que ainda teimava em colorir as maçãs de Nana. "Primeiro, quero que saiba que a Momo e a Lala já estão a par do que vou te contar" Ele começou, observando a expressão de Nana se transformar de expectativa nervosa para confusão. "Isso... não é fácil."

Ele respirou fundo, os músculos do peito se contraindo sob a pele úmida. "Lembra daquela invenção da Lala que explodiu na sala de aula? A que parecia um coração espinhoso?"

Nana acenou, os olhos arregalados. "Sim... foi um caos. Por quê?"

"Bem... quando aquilo explodiu, algo estranho aconteceu comigo." A voz de Rito baixou, carregada de uma gravidade que fez Nana se esquecer momentaneamente de suas fantasias. "Eu... absorvi parte da energia daquela coisa como havia dito antes. E tambem... Parte dos poderes do Darkness da Yami."

Nana estacou. Poderes? O mundo romântico que ela construíra na cabeça desmoronou como um castelo em ruínas. "Absorveu? Mas... como? Você é humano!"

"Era humano, Nana." Rito olhou diretamente nos seus olhos, e ela viu uma sombra de dor e incerteza naquele olhar normalmente tão gentil. "Não sou mais. Meu corpo mudou... ficou assim" Ele indicou sua forma musculosa com um gesto vago. "E... ganhei habilidades. Perigosas."

Ele ergueu a mão esquerda. Com um leve estalo de energia, um pequeno portal circular, brilhando com a cor do céu noturno, abriu-se no ar à sua frente, do tamanho de um prato. Do outro lado, Nana podia ver nitidamente a cozinha, onde Mikan colocava a mesa. "Eu posso conectar pontos no espaço" Ele explicou, fechando o portal com um movimento rápido. "E também..." A mão direita dele se fechou. Uma esfera dourada, com uma névoa azul-celeste quase hipnótico, apareceu pairando sobre sua palma. Ela emitia um zumbido baixo e constante, e o ar ao seu redor parecia distorcido, como sobre o asfalto num dia quente. "Eu chamo isso de... Esfera Dimensional. Qualquer coisa que tocar nela... desaparece. Vai parar no vazio. Nem eu sei onde."

Nana sentiu um frio percorrer sua espinha. Desaparece? Vazio? O rosto dela perdeu a cor. "R-Rito... isso é assustador."

"É." Ele fechou a mão, e a esfera se dissipou como fumaça. "A Doutora Mikado me examinou. Disse que minha biologia está alterada... que não sou mais humano. E que... não compartilho mais o mesmo sangue que a Mikan." A voz dele engasgou ligeiramente. "Por isso não fui à escola ontem. Estive aqui, tentando entender isso... tentando controlar. E menti pra você quando disse que não estava me sentindo bem. Desculpa."

Nana ficou paralisada. O choque era como um balde de água gelada. Não humano? Poderes perigosos? Nem irmão da Mikan? As preocupações românticas pareciam insignificantes diante daquela revelação. Seus lábios se moveram sem emitir som. "R-Rito..."

Ele continuou, seu olhar intenso. "A Mikado insistiu que eu ficasse em casa treinando até dominar isso... não quero que a Mikan saiba. Ainda. Isso ia destruí-la."

O silêncio pairou pesado. Nana olhava para ele como se o visse pela primeira vez. O garoto desajeitado e tímido havia desaparecido. Em seu lugar estava alguém mais forte, mais definido, mas também carregando um fardo invisível e aterrorizante. Um turbilhão de emoções a inundou: medo pelo perigo, preocupação por ele, uma ponta de pena... e, por baixo de tudo, aquela atração teimosa que insistia em existir, agora tingida de uma nova camada de complexidade.

"Tá... tá tudo bem, Rito!" Ela disse, a voz um pouco mais aguda que o normal, as palavras saindo em um fluxo rápido. "Eu entendo! Sério! E não vou contar nada pra Mikan! Nem uma palavra! Prometo!" Ela falava apressadamente, não tanto pela informação chocante, mas porque a proximidade dele, aquele torso nu e musculoso apenas a um braço de distância, o cheiro limpo de sabão misturado com algo masculino que emanava dele, estava fazendo seu coração acelerar de uma maneira perigosa. Ela se lembrou vívidamente da sensação de segurança do abraço dele no safari, do calor que a envolvera. "Será que ele vai me abraçar de novo?" O pensamento intrusivo a fez engolir seco.

Rito pareceu aliviado, um suspiro escapando de seus lábios. "Obrigado, Nana. De verdade. Isso significa muito." Ele deu meia-volta, aparentemente pronto para seguir para a cozinha, para o café da manhã. Mas depois de dois passos, parou. Virou-se lentamente, e um sorriso genuíno, quente, iluminou seu rosto.

"Já ia me esquecendo" Ele disse, a voz mais suave. "Ontem à noite, com tudo aquilo... eu não pude fazer isso. Mas agora posso."

Antes que Nana pudesse processar o que "isso" significava, Rito avançou. Não foi um passo hesitante, mas uma movimentação fluida e confiante. Seus braços fortes se envolveram em torno dela num abraço que foi ao mesmo tempo proteção e afirmação. Foi um abraço forte, como o do safari, mas desta vez mais intencional, mais carregado de significado. Seu rosto ficou próximo ao cabelo dela, e ela sentiu o calor da sua pele, o cheiro dele envolvendo-a completamente. O peitoral duro contra seu rosto, os músculos das costas sob seus dedos hesitantes...

Nana ficou rígida por um milésimo de segundo, o pânico e a excitação lutando dentro dela. "Ele está me abraçando! De novo! Intencionalmente!" A memória do conforto, da segurança absoluta daquele abraço anterior superou qualquer resistência. Timidamente, quase como se estivesse cometendo um crime, ela levantou os braços e os envolveu em torno da cintura dele, puxando-se mais perto. Seu rosto se enterrou contra seu peito, ouvindo o ritmo acelerado do coração dele – ou era o dela?

Rito ficou levemente surpreso pela reciprocidade. O sorriso de agradecimento em seus lábios se transformou em algo mais profundo, mais satisfeito, uma felicidade genuína que iluminou seus olhos. Ele apertou-a com mais força, como se quisesse transmitir toda a sua gratidão e alívio através daquele contato.

Foi exatamente nesse momento que Mikan apareceu no corredor, carregando uma colher na mão. Ela parou de repente, os olhos arregalando como pratos.

"RITO!" Sua voz ecoou, aguda e cheia de indignação. "O que você está fazendo com a Nana?! Ela tá te abraçando de volta?!"

O feitiço se quebrou. Nana soltou-se como se tivesse levado um choque, seu rosto transformado em um tom de vermelho escarlate. "I-I-I não... Foi... foi só...!" Ela gaguejou, incapaz de formar uma frase coerente. A vergonha foi avassaladora. Sem mais delongas, ela virou-se e disparou escada acima, gritando em direção ao seu quarto: "Vou me arrumar!".

Rito ficou parado, um leve rubor também colorindo suas maçãs do rosto. "Ah... Mikan... foi só um... abraço..." Ele tentou, esboçando um sorriso nervoso.

"Um abraço? Com a Nana? Que te chama de animal 24 horas por dia?" Mikan encarou-o com suspeita crescente, cruzando os braços. "Hmph! Vai tomar seu café, idiota!"

Rito esgueirou-se rapidamente em direção à cozinha, deixando Mikan sozinha no corredor. Ela ficou parada, a colher ainda na mão, olhando para o vazio onde o irmão e a princesa tsundere estiveram abraçados. Um sentimento estranho, ácido e desconfortável, começou a queimar em seu peito. Não era apenas surpresa. Era... um aperto. Uma pontada de algo que se assemelhava muito a ciúmes.

"Por que isso me incomoda tanto?" Ela pensou, franzindo a testa. "É só o Rito sendo ele... mas com a Nana? Respondendo?" A imagem do corpo musculoso do irmão envolvendo a figura de Nana, e dela se deixando envolver, grudou em sua mente. "E por que estou sentindo... isso?" Ela abanou a cabeça, tentando dissipar o desconforto, e seguiu para a cozinha, o rosto ainda um pouco franzido.

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A atmosfera na cozinha dos Yuuki era uma mistura do caos habitual e uma tensão palpável. Mikan movia-se com energia um pouco mais agressiva que o normal, batendo panelas e colocando a mesa com mais força do que necessário. Lala, vestindo um avental rosa choque, ajudava – ou tentava ajudar – a despejar suco de laranja, criando um pequeno lago na toalha da mesa. Momo observava tudo com um sorriso de gata satisfeita, saboreando seu chá. Nana, finalmente descida depois de se "arrumar" (o que significava tentar esconder o rubor persistente com um pouco mais de maquiagem), sentava-se rigidamente, evitando completamente o olhar de Rito, que agora estava vestido com uma camiseta preta que destacava seus ombros largos e calça de azul.

Antes de se sentar, Rito pegou Lala gentilmente pelo braço. "Lala, um segundinho?" Ele sussurrou, levando-a para um canto próximo à geladeira, longe dos ouvidos curiosos de Mikan.

"O que foi, Rito?" Lala perguntou, seus olhos grandes brilhando de curiosidade.

"O Jardim do Amor... depois da sessão de treino de ontem com Run e Kyoko, ficou um pouco... instável." Ele fez uma careta. "Um dos meus poderes ficou desgovernado e danificou a realidade virtual. Você poderia dar uma olhada rápida depois do café? Preciso que esteja funcionando para o treino de hoje."

Lala saltou no lugar, animadíssima. "Claro que sim! Tudo pelo meu Rito!" Ela envolveu-o em um abraço rápido e apertado, quase o levantando do chão com sua força descomunal. "Deixa comigo! Vou consertar tudinho!" Seu sorriso era radiante e confiante. Rito sorriu de volta, aliviado, ignorando o olhar aguçado que Mikan lançava em sua direção.

O café da manhã prosseguiu com conversas banais sobre a escola e planos para o dia. Nana permanecia notavelmente quieta, concentrada em seu prato. Mikan observava Rito e as irmãs Deviluke com suspeita renovada. Havia algo diferente na dinâmica entre eles – um olhar compartilhado entre Rito e Momo, um toque mais prolongado entre ele e Lala, até a reação estranha de Nana. "O que vocês estão escondendo?" Pensava Mikan, picando seu omelete com mais força.

Finalmente, o café terminou. Momo, Lala e Nana levantaram-se para pegar suas mochilas. Rito ficou sentado.

"Vocês podem ir na frente hoje?" Ele disse, tentando soar casual. "Ainda tô meio... lento. Vou me arrumar direito e chego um pouco mais tarde." Ele evitou o olhar de Mikan.

"Tudo bem, Rito-san! Te esperamos lá!" Momo disse com um sorriso doce, trocando um olhar rápido com Lala e Nana.

"Não se atrase, Rito!" Mikan reclamou, saindo junto de Nana. "Vamos indo, eu preciso ir no mercadinho!"

Lala aproveitou o momento em que Mikan e Nana estavam virando as costas na porta da frente. "Fica tranquilo, Rito! O Jardim já está como novo!" Ela sussurrou rápido, dando-lhe um rápido sinal de positivo com o polegar antes de sair correndo atrás das outras.

Rito suspirou, sozinho na casa silenciosa. O plano estava em movimento. Agora, era esperar por Run e Kyoko.

//////////

Mal a porta da frente se fechou, Momo reapareceu junto de Lala na porta da cozinha, um sorriso travesso iluminando seu rosto. "Rito-san! Lala! Aqui, rápido!" Ela acenou para eles, olhando furtivamente para garantir que Mikan e Nana realmente haviam ido.

Rito e Lala trocaram um olhar e seguiram Momo escada acima até o quarto dele. Assim que a porta se fechou, Momo se virou, e a atmosfera mudou instantaneamente. A doçura deu lugar a uma intensidade sedutora. Seus olhos brilhavam com desejo.

"Finalmente sozinhos..." Ela murmurou, avançando em direção a Rito com passos felinos. "Sabe, Rito-san... eu estava com tanta, tanta saudade do seu beijo." Antes que ele pudesse responder, ela se jogou contra ele, seus braços envolvendo seu pescoço. Seus lábios encontraram os dele com uma fome surpreendente.

Rito ficou levemente surpreso pela iniciativa, mas respondeu instantaneamente. Um leve rubor subiu às suas faces enquanto seus braços a envolveram, puxando-a mais perto. O beijo começou suave, mas rapidamente se aprofundou. Momo permitiu que sua língua explorasse sua boca, e ele correspondeu com igual fervor, suas línguas se entrelaçando em uma dança úmida e quente. Um gemido baixo escapou da garganta de Momo, e suas mãos se enterraram em seus cabelos.

Lala assistia, parada perto da porta, seu rosto inundado por um rubor profundo. Seus dedos brincavam nervosamente com a barra de sua blusa. "M-Momo... Rito..." Ela sussurrou, sua voz cheia de um desejo inocente mas inconfundível. "Eu... eu também quero..."

Assim que Momo se afastou, ofegante, os lábios inchados e brilhantes, um fio de saliva prateado conectando-os por um instante antes de se romper, Rito não hesitou. Seu olhar, ainda escuro de desejo, voltou-se para Lala. "Lala..." Ele chamou, sua voz rouca.

Com um movimento fluido que contrastava com sua força, ele se aproximou e a pegou no colo, como uma princesa frágil. Lala soltou um pequeno guincho de surpresa e prazer, envolvendo seus braços em torno de seu pescoço. Seus olhos enormes fitaram os dele, cheios de amor e expectativa. Rito sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo terno e possessivo, e baixou a cabeça.

O beijo que se seguiu foi diferente. Enquanto o de Momo foi fogo e provocação, o de Lala foi pura, radiante paixão. Foi um "beijão" de língua, sim, mas cheio de uma intensidade emocional que surpreendeu até Momo. Lala respondeu com um entusiasmo ingênuo e total, sua língua encontrando a dele com uma doçura que era quase mortal em seu contraste com a aura de desejo que subitamente emanava dela – uma aura de pura sedução que parecia vir de seu núcleo, misturando-se perfeitamente com sua inocência característica. Momo ficou parada, observando com os olhos arregalados e a boca ligeiramente aberta. "Onee-sama... realmente é dificil competir com você..."
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Quando eles finalmente se separaram, ofegantes, um fio de saliva prateado os conectou, tremulando no ar. Lala estava deslumbrante, seu rosto corado, os olhos brilhando como estrelas, um sorriso de pura felicidade estampado nos lábios.

"Eu te amo, Rito" Ela sussurrou, ainda no colo dele.

Momo recuperou a compostura, limpando discretamente o canto da boca. "Bem... acho que já demos trabalho suficiente pro Rito-san por enquanto. Ele tem um treino importante, lembra?" Seu olhar para Rito era carregado de promessas não ditas. "Vamos, Lala. Deixa o nosso herói se preparar."

As duas irmãs se despediram com olhares quentes e saíram do quarto, fechando a porta suavemente. Rito ficou parado no centro do quarto, sozinho novamente. O cheiro do perfume delas ainda pairava no ar. Ele levou uma mão aos próprios lábios, ainda sentindo o calor e o sabor de ambas. Um sorriso bobo, amplo e despreocupado, esticou seus lábios.

"Minha vida... está completamente louca" Ele murmurou para o vazio, mas não havia arrependimento na voz, apenas uma aceitação maravilhada. Louca, sim. Mas incrivelmente, inacreditavelmente boa.

O sorriso durou até que as memórias do treino anterior com Run e Kyoko invadiram sua mente. Os portais abertos em lugares muito inconvenientes... a mão 'acidentalmente' agarrando o seio de Run através de um portal... o aperto involuntário nas nádegas firmes de Kyoko quando ele tentara estabilizá-la após um portal mal calculado... E, acima de tudo, a imagem aterrorizante da Esfera Dimensional engolindo silenciosamente um enorme pedaço da montanha virtual no Jardim do Amor, deixando apenas um nada absoluto e perturbador. O sorriso se apagou. Loucura com consequências perigosas. Ele precisava dominar isso.

//////////

A campainha tocou pontualmente. Rito abriu a porta para encontrar Run e Kyoko do lado de fora. Run estava com seu habitual traje de treino ajustado, seus olhos brilhando de determinação. Kyoko, porém, parecia diferente. Seu traje era similar e havia um leve rubor em suas faces que não era apenas do caminho até ali. Seus olhos evitaram os de Rito por uma fração de segundo antes de ela soltar um sorriso.

"Oi, Rito-kun! Pronto pra arregaçar as mangas hoje?" Run cumprimentou, entrando com energia.

"Bom dia, Rito-kun" Kyoko disse, sua voz um pouco mais suave que o normal. "Espero que hoje... tenhamos menos... incidentes." O rubor em seu rosto se intensificou.

Rito sorriu, tentando parecer descontraído. "Oi, Run-chan, Kyoko. Sim, vamos focar no controle hoje. E... desculpas de novo pelos incidentes de ontem." Ele se virou para Kyoko, estendendo a mão para cumprimentá-la mais formalmente.

Foi nesse momento que o Destino decidiu intervir. Seu pé esbarrou no pequeno tapete de entrada, que se enrodilhou traiçoeiramente sob seu peso. Com um grito de surpresa, Rito perdeu o equilíbrio completamente. Ele cambaleou para a frente, direto em direção a Kyoko, que estava apenas a um passo de distância.

"R-Rito-kun!" Kyoko gritou, tentando recuar, mas era tarde demais.

Rito caiu sobre ela como um saco de batatas musculoso. O impacto os levou ao chão do corredor de entrada com um baque surdo. Run soltou um pequeno grito de alarme.

A posição era, sem dúvida, embaraçosa. Rito estava praticamente deitado sobre Kyoko. Seu rosto estava enterrado... firmemente entre os seios generosos dela, que estavam maravilhosamente contidos pelo top de treino de lycra. Seu braço direito, no instinto de se apoiar, havia ido parar diretamente sob a curva das nádegas dela, sua mão pressionando involuntariamente a região com uma firmeza que fez Kyoko soltar um suspiro estrangulado. Sua perna direita estava entre as pernas de Kyoko, pressionando contra sua virilha através do tecido fino. A perna esquerda de Kyoko estava presa sob o peso dele.

"O-O-OF! K-Kyoko! Desculpa! Eu tropecei!" A voz de Rito estava abafada pelos seios dela. Ele tentou se levantar rapidamente, mas seu movimento apenas fez seu rosto se esfregar mais contra o decote do top, e sua mão sob as nádegas dela se mover, os dedos acidentalmente pressionando mais fundo na curva macia.

"Ah! R-Rito-kun~! P-pare! M-mexe~!" Kyoko gaguejou, seu rosto uma máscara escarlate de choque, vergonha e... algo mais? Ela sentiu o calor do rosto dele contra seus seios, a pressão forte da mão dele em sua nádega, e o peso de sua perna entre as suas. Uma onda de calor percorreu seu corpo, diferente de qualquer coisa que ela sentira antes. "Ele... ele está... em cima de mim... apertando tão forte..." Um pensamento proibido sibilou. "Porque eu estou gostando!?"

Run, recuperando-se do choque inicial, tentou ajudar. "Rito-kun! Sai de cima da Kyoko!". Ela se aproximou e agarrou o braço esquerdo de Rito, tentando puxá-lo. Infelizmente, Rito, na tentativa desesperada de se apoiar, moveu a mão esquerda – que estava livre – para o chão. No movimento, seu braço passou rente ao corpo de Run, e sua mão... agarrou.

Run congelou. Seus olhos verdes arregalaram-se como pratos. Rito também congelou. Sua mão estava firmemente apertada em torno da nádega esquerda de Run, através do shorts de treino. A sensação era inconfundível – redonda, firme e incrivelmente bem definida sob o tecido.

"E-Eh?!" Run soltou um guincho agudo. "R-Rito-kun! Devagar~!"

Rito soltou como se tivesse tocado em brasa, o rosto em chamas. "D-Desculpa, Run-chan! Foi sem querer! Eu juro!"

O caos reinou por alguns segundos enquanto Rito finalmente conseguiu se desvencilhar e se levantar, ajudando uma Kyoko extremamente vermelha e trêmula a se levantar também. Os três ficaram parados no corredor, evitando o olhar um do outro, a atmosfera carregada de uma mistura eletrizante de constrangimento e excitação reprimida.

"V-Vamos logo pro Jardim!" Rito disse, a voz ainda rouca, quebrando o silêncio pesado. "Antes que eu cause mais desastres aqui!"

Run e Kyoko apenas acenaram mutamente, seguindo-o em direção ao quarto de Rito, onde o dispositivo de realidade virtual estava instalado. Kyoko ainda sentia o fantasma da pressão de Rito em seu corpo, e Run o aperto súbito em sua nádega. O treino prometia ser... interessante.

//////////

O Jardim do Amor estava impecável, como se o incidente do dia anterior nunca tivesse acontecido. Láliações rosa e azuis floresciam em campos de grama verde-esmeralda, e uma cascata cristalina caía de uma montanha distante. O ar cheirava a flores e terra molhada.

"Bem, vamos recomeçar de onde paramos." Rito anunciou, tentando soar profissional, apesar do rubor residual em suas orelhas. "Foco em precisão e controle. Run-chan, Kyoko, vocês serão meus alvos móveis. Tentem ser imprevisíveis. Eu vou abrir portais para me mover rapidamente ou tentar redirecionar vocês."

As primeiras tentativas foram promissoras. Rito concentrava-se ferozmente, sua expressão séria. Ele abria pequenos portais à sua frente e saía por outros atrás de Run ou Kyoko, tentando tocar levemente em seu ombro para sinalizar um "ponto". A precisão estava muito melhor. Run esquivava-se com sua agilidade de ginasta, e Kyoko usava pequenas rajadas de fogo controlada para alterar sua trajetória no ar.

"Ótimo, Rito-kun! Muito melhor!" Run elogiou, esquivando-se de um portal que se abriu onde seu pé estava prestes a pisar.

Rito sorriu, relaxando um pouco. Talvez eu consiga isso. "Agora, vamos aumentar o ritmo! E... vamos testar a Esfera Dimensional. Só de defesa, hein? Vamos! Atirem as pedras — e eu vou tentar bloquear com a Esfera Dimensional!"

Foi quando as coisas começaram a descarrilar. O aumento de adrenalina, o movimento rápido das duas garotas em trajes justos, e o estresse de controlar o poder perigoso começaram a criar uma tempestade perfeita dentro de Rito. Ele sentiu um calor familiar subir pela nuca. Não. Não agora.

"Rito-kun! Esquerda!" Kyoko gritou, lançando-se em uma direção.

Rito reagiu instintivamente. Um portal se abriu no caminho de Kyoko. Diretamente na frente dela. Kyoko, em pleno movimento, não teve tempo de parar. Ela passou através do portal.

Do outro lado, no ponto de saída que Rito havia estabelecido perto de uma árvore, Kyoko emergiu... mas algo estava errado. Ela sentiu uma estranha leveza no torso. Olhando para baixo, seus olhos arregalaram-se em puro horror. Seu top de lycra... se rompeu! O portal, aberto com energia descontrolada, "cortara" apenas a parte frontal do tecido, levando-a para o Rito. Agora, seus seios, estavam completamente expostos ao ar fresco do jardim virtual.

"KYAAAAAAH!" O grito de Kyoko ecoou pelo vale. Ela cruzou os braços instintivamente sobre o peito, seu rosto transformando-se em um tom de vermelho nuclear. "R-RITO-KUN! O QUE VOCÊ FEZ?!"

Rito ficou paralisado, o sangue drenando de seu rosto. "E-Eu... Kyoko-chan, eu juro, não foi de propósito!" Ele viu a mecha de cabelo perto de seu olho brilhar dourado. droga. Aconteceu. A onda de excitação varreu seu autocontrole.

"Ah... mas que visão deslumbrante, Kyoko-chan!" A voz de Rito mudou, tornando-se mais profunda, mais lânguida, com uma nota pervertida inconfundível. Um sorriso lascivo esticou seus lábios enquanto seus olhos percorriam avidamente o corpo exposto dela. "Ver você... envergonhada, escondendo os seios... é realmente estimulante. Não os esconda, eles são como duas luas perfeitas. Deveriam ser adorados, não escondidos." Ele deu um passo adiante, inconsciente do perigo.

"R-Rito-kun! Não Olhe!" Kyoko recuou, envergonhada, segurando o peito com mais força. Run olhava atônita, sem saber como reagir.

O Rito ignorou. Seu olhar se voltou para Run, que estava parada a alguns metros de distância. "E você, Run-chan..." Ele moveu seu olhar descendo como um toque físico até as curvas dela. "Aquelas nádegas que eu senti antes... tão elásticas, tão convidativas... Tão perfeitas quanto os seios da Kyoko-chan."

Run ficou branca, depois vermelha. "R-Rito-kun! Tente se controlar!"

Mas o aviso veio tarde demais. Rito, movido pelo impulso dourado, tentou abrir um portal pequeno atrás de Run, com a intenção pervertida de dar um tapa em sua bunda. Na sua agitação, o cálculo falhou feio. O portal não se abriu atrás dela, mas diretamente entre suas pernas, na altura da virilha.

Run sentiu uma súbita corrente de ar fria e uma pressão estranha lá. Ela olhou para baixo e viu, horrorizada, um pequeno portal azul pulsando exatamente no nível de sua calcinha, sob o shorts. Antes que pudesse reagir, uma sensação inacreditável a invadiu. Era como se uma mão invisível, quente, tivesse se materializado dentro de sua calcinha e pressionado firmemente contra sua parte mais íntima, passando os dedos energéticos pelos lábios sensíveis por um instante eletrizante e profundamente invasivo.

"Nhgaah~♥! Rito-kun~♥!" Run saltou para trás como se tivesse levado um choque, cruzando as pernas e dobrando-se para a frente, seu rosto uma máscara de choque, vergonha e uma excitação involuntária e avassaladora. "R-Rito-Kun! Isso foi... foi...!"

O súbito grito de Run, combinado com a visão de Kyoko ainda semi-nua e aterrorizada, pareceu atingir Rito como um balde de água gelada. O dourado em sua mecha de cabelo desapareceu tão rápido quanto surgira. Seus olhos voltaram ao normal, cheios de horror e arrependimento genuíno.

"Run-chan! Kyoko! Meu Deus, eu... eu sinto muito! Eu não controlo... quando isso acontece!" Ele caiu de joelhos, esfregando o rosto com as mãos. "Isso é... humilhante."

Kyoko, ainda com vermelha e cobrindo os seios, olhou para ele. A vergonha em seus olhos deram lugar a uma centelha de preocupação. Run, recuperando-se aos poucos da sensação intensa e invasiva, também olhou para ele, vendo a genuína angústia em sua postura.

"Rito-kun..." Kyoko começou, sua voz trêmula. "Isso... foi bem Pervertido. Mas... nós concordamos em te ajudar."

Run respirou fundo, endireitando-se, ainda com as pernas um pouco trêmulas. "Sim. E... você voltou a si rápido. Isso é bom, certo? Progresso?" Ela tentou um sorriso fraco. "Mas... talvez seja hora de uma pausa? E... Kyoko, quer meu casaco?"

A tensão quebrou um pouco. Kyoko aceitou o casaco de Run e o envolveu em torno de si, ainda muito vermelha. Rito levantou-se, ainda abalado. "Sim. Pausa. Eu... preciso de ar. E vocês precisam de... distância de mim."

//////////

Eles se sentaram à beira da cascata, o som da água caindo ajudando a acalmar os nervos. Rito passou água fresca do riacho em seu rosto, tentando se recompor. Run e Kyoko comiam silenciosamente algumas frutas que Run trouxe.

O silêncio era desconfortável, mas não hostil. Kyoko quebrou-o primeiro, olhando para Rito com uma curiosidade renovada. "Rito-kun... quando seu cabelo fica dourado... é como se você virasse outra pessoa. Alguém... muito mais confiante. E... direto." Ela corou novamente.

Run concordou, mastigando uma uva. "É verdade! É diferente, mas lindo. Um segundo você é o Rito normal, mesmo com esse novo corpo... e no segundo seguinte, 'bam!'' Dourado... e pervertido nível máximo." Ela franziu a testa, pensativa. "É como se fosse um alter ego. Um Rito... dourado."

Kyoko encarou Run, depois olhou para Rito, seus olhos brilhando com uma ideia. "Rito Dourado..." Ela experimentou o nome. "É isso! Quando você perde o controle e fica todo poderoso e... assustadoramente tarado, você é o 'Rito Dourado'!"

Rito fez uma careta. "Rito Dourado? Isso é um apelido ou uma maldição?"

"Os dois, provavelmente" Run riu, o humor voltando um pouco. "Mas é preciso. Precisamos saber quando estamos lidando com o Rito normal ou com a... versão aprimorada e pervertida." Ela olhou para Kyoko. "Então, combinado? Quando a mecha ficar dourada... é o 'Rito Dourado' no comando."

Kyoko acenou energicamente, um sorriso pequeno brincando em seus lábios. "Sim! Rito Dourado! O herói pervertido!"

Rito suspirou, resignado, mas um canto de seus lábios se curvou. "Tá bom, tá bom. 'Rito Dourado'. Só não gritem isso na rua, por favor. E nada de 'herói pervertido'."

O apelido, embora nascido do constrangimento, serviu para aliviar a tensão. As duas garotas riram, e Rito sentiu um pouco do peso sair de seus ombros. O "Rito Dourado" era um problema, mas nomeá-lo o tornava um pouco menos assustador. E, no fundo, uma parte minúscula dele se perguntou como seria ter aquela confiança sem a perversão descontrolada.

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Recompostos, eles retomaram o treino. Rito estava mais focado do que nunca, determinado a provar (a si mesmo e às garotas) que podia controlar seus poderes. O incidente ainda ardia em sua memória: os dedos percorrendo o vale úmido entre as pernas de Run, deslizando entre lábios febris, enquanto um calor devorador se espalhava por seu corpo como lava a consumir tudo em fúria silenciosa.

"Vamos recomeçar devagar" Ele propôs. "Portais apenas para movimento. Nada de Esfera ainda."

Run e Kyoko concordaram, ainda um pouco cautelosas, mas dispostas. Desta vez, Rito canalizou toda a sua concentração. Visualizou os pontos no espaço com clareza cristalina. Ele se moveu pelo campo de flores através de portais, aparecendo atrás de Kyoko, ao lado de Run, no topo de uma pequena colina, sempre com precisão milimétrica. Não houve um único incidente. Ele até conseguiu redirecionar uma bola de fogo 'inofensiva' que Kyoko lançou, abrindo um portal que a enviou para explodir contra uma rocha distante.

"Uau! Perfeito, Rito-kun!" Kyoko exclamou, genuinamente impressionada, esquecendo-se temporariamente do constrangimento anterior.

"Ótimo controle!" Run concordou. "Agora... a Esfera. Só por um segundo. Defensiva."

Rito respirou fundo. A memória da montanha desaparecida era uma sombra assustadora. Ele fechou os olhos, sentindo a energia dimensional dentro dele, poderosa e volátil como um animal selvagem. Controle. Foco. Não é um brinquedo. É um escudo. Ele estendeu a mão, palma para cima. A energia começou a se acumular, formando a esfera dourada com uma névoa azul-celeste ao redor. Desta vez, não havia zumbido agressivo, apenas um leve sussurro de energia. A esfera era menor, mais densa, e parecia mais estável.

Run arremessou cuidadosamente uma pedra em sua direção. A pedra tocou a superfície da esfera... e desapareceu silenciosamente, sem explosão, sem drama.

Rito manteve a esfera por mais cinco segundos, concentrado, suando. Então, lentamente, ele fechou a mão. A esfera se dissolveu como bolhas de sabão.

"Você conseguiu, Rito-kun" Kyoko pulou de alegria.

Run sorriu, aliviada. "Foi perfeito! Um verdadeiro escudo!"

Rito deixou escapar um longo suspiro de alívio, um sorriso verdadeiro e cansado iluminando seu rosto. A sensação foi incrível. Não era domínio completo, mas era uma vitória. Uma prova de que ele podia aprender. "Obrigado, vocês duas. Sem a ajuda de vocês... eu estaria perdido."

O olhar que Kyoko lhe dirigiu então era complexo: admiração, preocupação, um resto de vergonha, e algo mais profundo, mais quente. O amor que ela começou a nutrir por Rito, desde o dia em que ela foi carregada como uma princesa, havia se transformado. Tornara-se mais forte, mais intenso, alimentado pela proximidade, pelos toques acidentais (e não tão acidentais do "Dourado"), e por testemunhar sua luta e sua força genuína. Run sorria, afinal, ela estava ao lado de quem amava, ajudando-o

O treino terminou em um clima de esperança cautelosa. Eles haviam passado por momentos embaraçosos e assustadores, mas também haviam visto progresso real.

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Escola Sainan...
Enquanto Rito lutava contra seus demônios internos no Jardim do Amor, a atmosfera na Escola Sainan era de preocupação palpável. O lugar de Rito na sala de aula permanecia vazio pelo segundo dia consecutivo.

Haruna olhava para a cadeira vazia com uma expressão pensativa, seus dedos tamborilando na mesa. "Onde estará o Yuuki-kun? Ele nunca falta assim..."

Yui, sentada ao lado, franzia a testa com força. "É estranho. E preocupante. Ele não é do tipo de sumir sem avisar." Seus punhos se cerraram levemente. "Será que ele está muito doente?"

Mio, tambem estava pensativa. "Será que aconteceu algo com aquelas invenções malucas da Lala-chan de novo?"

Yami, em sua habitual pose de observação perto da janela, não disse nada, mas seus dedos se contraíram levemente. Mea, sentada em cima de uma mesa próxima, balançava as pernas com aparente despreocupação, mas seus olhos observavam o grupo atentamente.

Risa, algumas fileiras à frente, parecia à beira de um ataque de nervos. Ela mordia o lábio inferior até quase sangrar, olhando fixamente para a cadeira vazia. "Dois dias... dois dias que eu preparo minha confissão e ele não aparece!" Ela sussurrou para si mesma, desesperada. "Será que é um sinal? Será que ele está realmente me evitando...?"

Mea saltou da mesa e pousou graciosamente ao lado de Momo, que conversava animadamente com Lala. "Momo-chan" Ela cantarolou, inclinando a cabeça com um olhar inocente. "Onde está o Rito-senpai? Ele tá dodói?"

Momo manteve seu sorriso perfeito, mas seus olhos piscaram rapidamente. "Ah, Rito-san? Ele só não está se sentindo muito bem. Uma gripezinha chata, sabe? Deve voltar amanhã!" A mentira saiu suave, praticada.

Mea estudou o rosto de Momo por um longo segundo. Seus olhos, normalmente brincalhões, estreitaram-se quase imperceptivelmente. "Mentira." Ela pensou. "Momo-chan está escondendo algo. Algo sobre Senpai." Um sorriso travesso iluminou seu rosto. "Aah, que pena! Espero que ele melhore logo!"

Mea recuou e se aproximou de Yami, que observava o pátio com seus olhos impassíveis.

"Yami Onee-chan." Mea sussurrou, puxando-a para um canto. "Você sentiu? Momo-chan mentiu sobre o Senpai."

Yami virou a cabeça, um leve interesse em seus olhos. "Mentiu?"

"Sim! Ele não está doente. Algo está acontecendo." Mea colocou um dedo no queixo, fingindo pensar. "Que tal irmos lá depois da aula? Dar uma olhadinha no nosso Senpai? Afinal... você queria ver a Mikan-chan, não é?" Ela piscou.

Yami hesitou por um momento. Olhou para a cadeira vazia de Rito, depois para Mea. "Hmph. Se é para ver Mikan... está bem. Vamos." Mas Mea não perdeu o leve relaxamento nos ombros de Yami. "Ela não é sincera..." Pensou Mea olhando para a janela descontraida.

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O sol começava a se pôr quando Rito, Run e Kyoko saíram do Jardim do Amor, banhados em suor mas com um ar de realização. O treino da tarde fora árduo, mas produtivo. Rito conseguira manter o "Dourado" sob controle após o incidente inicial e fizera progressos significativos com a Esfera defensiva. Kyoko ainda estava um pouco quieta, mas sorria timidamente para Rito quando ele conseguia um feito particularmente bom. Run discutia animadamente os próximos passos do treino.

"Então amanhã, acho que podemos tentar redirecionar objetos em movimento rápido com os portais!" Run sugeria, seus olhos brilhando. "Talvez até..."

Eles estavam na entrada da casa, Kyoko e Run calçando seus sapatos, Rito segurando a porta aberta para elas. Foi quando aconteceu. Ao andar descalço pela entrada, Rito tropeçou no próprio tênis — que ele havia tirado por estarem sujos de grama.

"Opa—!" Rito perdeu o equilíbrio, cambaleando para frente. Instintivamente, ele tentou se agarrar a algo... ou alguém.

Kyoko, que estava mais perto e de costas, curvada para amarrar o cadarço, foi o alvo perfeito. Rito caiu sobre ela por trás, seu peitoral musculoso pressionando suas costas, seus braços se envolvendo instintivamente em torno dela numa tentativa desesperada de equilíbrio. Uma de suas mãos foi parar diretamente sobre um dos seios dela, apertando-o firmemente através da blusa. A outra mão agarrou sua cintura, puxando-a contra ele. As pernas dele se enredaram nas dela, derrubando os dois no chão da entrada num amontoado de membros.

"KYOKO-CHAN!" Run gritou, tentando evitar a queda em cadeia, mas Rito, em sua queda, arrastou-a parcialmente. Ela caiu de joelhos ao lado deles, e o braço livre de Rito, no movimento caótico, passou rente às suas pernas. Sua mão acabou, por puro azar, pressionando firmemente contra a virilha de Run, os dedos acidentalmente pressionando o tecido fino do shorts contra sua região íntima.

"R-Rito-kun... no mesmo lugar, N-Não~! Nnnh♥~!" Um gemido escapou de Run — reflexo puro — e suas pernas se recusaram a responder, como se a força tivesse sido drenada de uma vez.

Foi exatamente nesse momento de caos máximo, com Rito praticamente deitado sobre Kyoko, uma mão em seu seio, a outra mão pressionando a virilha de Run, e as três formas emaranhadas no chão, que a porta da frente se abriu com força.

Momo entrou primeiro, falando animadamente: "...e então eu disse pra professora que a resposta era claramente a-". Ela parou bruscamente, os olhos arregalando. Atrás dela, Lala, Nana, Yami e Mea congelaram na soleira, testemunhando a cena obscena.

Nana foi a primeira a reagir. Seu rosto se contorceu em fúria e desgosto. "RITO! SEU ANIMAL NOJENTO! O que você tá fazendo com elas AGORA?!"

Mea colocou as mãos no rosto, fingindo choque, mas seus olhos brilhavam de diversão maliciosa. "Uwaaah! Senpai, que cena ousada! Queria entrar na brincadeira também~!"

Momo soltou uma risadinha, cobrindo a boca com a mão. 'E ele continua caindo...'

Lala pulou no lugar, animada, ignorando completamente o aspecto sexual da cena. "Kyoko-chan! Que bom te ver!"

Yami, porém, teve a reação mais explosiva. Seus olhos vermelhos estreitaram-se em fendas perigosas. Uma aura fria emanou dela. "Pervertido..." Ela cuspiu, a voz carregada de desprezo. "Eu odeio pervertidos!" Antes que qualquer um pudesse reagir, seu longo cabelo dourado se transformou. Fios se aglutinaram, formando um enorme punho sólido e reluzente, do tamanho de uma cabeça humana. "Deixe que eu me livro dessa ameaça!" O punho de cabelo disparou em direção a Rito com velocidade impressionante, buscando esmagar seu rosto contra o chão.

Rito, ainda atordoado pela queda e pelo constrangimento, reagiu por instinto puro. Sem nem mesmo olhar diretamente, ele ergueu a mão esquerda. Um pequeno portal se abriu precisamente no caminho do punho de cabelo. O punho desapareceu dentro dele. Outro portal se abriu no teto alto do hall de entrada, e o punho saiu por ele, batendo com um baque surdo contra a madeira, sem causar dano.

Yami ficou paralisada, seus olhos arregalados em puro choque. O punho se desfez, voltando a ser cabelo normal. "Ele... O que foi isso... é igual ao meu poder quando fui possuida pela Darkness!?" A habilidade e a velocidade da reação de Rito eram assustadoras, mas foi o poder que deixou ela surpresa. Momo, Lala e Nana também ficaram boquiabertas. Elas sabiam dos poderes, mas vê-lo em ação, especialmente contra Yami, era diferente.

"O que está acontecendo aqui?" A voz de Mikan ecoou do topo das escadas. Ela desceu correndo, seu rosto uma mistura de preocupação e irritação. "Barulho, gritaria... Rito!? O que você aprontou agora? e quando você chegou da escola?" Ela olhou para o amontoado no chão (Rito se levantando rapidamente, soltando Kyoko e Run, ambas extremamente vermelhas e desarrumadas), para Yami com seu cabelo ainda um pouco esvoaçante, e para as outras garotas paralisadas na porta.

Yami recuperou a compostura rapidamente, seu rosto voltando à impassibilidade habitual. Ela encolheu os ombros, como se o punho de cabelo nunca tivesse existido.

Rito endireitou a camiseta, ainda corado. "Foi mal, Mikan. Tropecei no meu sapato... Caí sobre a Kyoko e a Run-chan."

Mikan olhou dele para as duas garotas, que estavam se recompondo, evitando o olhar de todos, e depois para o grupo na porta. Ela suspirou profundamente, colocando as mãos na cintura. "Honestamente, nii-san... você é um ímã de problemas! Desculpem, pessoal, por ter um irmão tão desastrado!" Seu olhar, no entanto, pousou em Yami por um instante mais longo, percebendo a tensão residual.

Run e Kyoko aproveitaram a distração para se despedir rapidamente e quase correram para fora de casa, ainda visivelmente abaladas e envergonhadas. As outras garotas entraram, a atmosfera carregada de perguntas não feitas, especialmente no olhar indagador de Mea e na expressão pensativa de Yami.

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Enquanto Mikan e Yami preparavam o jantar na cozinha, Mea aproveitou a agitação. Ela se aproximou de Rito, que ajudava a arrumar a mesa.

"Senpai~" Ela sussorrou, inclinando-se perigosamente perto dele, seu sopro quente tocando seu ouvido. "Por que você não foi pra escola hoje? E ontem? Tá dodói mesmo? e aquele portal? Ou..." Seu olhar foi intencionalmente significativo. "...é outra cois-?"

Rito reagiu rápido. Antes que ela pudesse terminar a pergunta e arriscar que Mikan ouvisse, ele tapou a boca dela com a mão. "Shhh! Mea, não aqui!"

Mea, sempre imprevisível, não se debateu. Em vez disso, ela esticou a língua e lambeu deliberadamente a palma da mão dele. A sensação úmida e quente fez Rito soltá-la como se tivesse levado um choque, seu rosto ficando vermelho instantaneamente.

Mea riu, sua língua aparecendo entre os lábios. "Então fala, Senpai! Por quê?"

Rito olhou ao redor para garantir que Mikan e Yami ainda estavam ocupadas na cozinha. Ele pegou Mea pelo braço e levou-a para um canto mais afastado da sala de jantar, perto da janela.

"Tá bem" Ele sussurrou, sério. "Mas você tem que prometer não contar pra ninguém. Especialmente pra Mikan."

Mea ficou séria imediatamente, percebendo a gravidade em seu tom. "Prometo."

Rito repetiu a explicação que dera a Nana horas antes: a explosão da invenção de Lala, a absorção dos poderes de Darkness, a mudança em seu corpo e biologia, os poderes perigosos (portais e a esfera), o "Rito Dourado", e a ordem de Mikado para treinar em casa até ter controle. "Não sou mais humano, Mea. E nem irmão de sangue da Mikan. Ela não pode saber ainda."

Mea ouviu com atenção incomum, seus olhos estudando seu rosto. Quando ele terminou, ela ficou em silêncio por um momento. "Então... foi por isso. Poderes perigosos... e um Senpai ainda mais perigoso quando fica 'dourado'~" Um pequeno sorriso brincou em seus lábios. "Interessante~. Mas... você tá bem? Isso dói?"

Rito abanou a cabeça. "Não dói. Só... assusta. E é difícil de controlar."

Mea acenou, seu olhar perdendo um pouco da brincadeira habitual. "Entendido, Senpai. Vou ficar de olho em você. E não vou contar pra Mikan-chan." Ela piscou. "Mas a Yami... ela tá preocupada também. Posso contar pra ela?"

Rito pensou rapidamente. Yami era forte, racional, e poderia ser uma aliada, mas era estranho ela se importar com ele. "Sim. Por favor. Explique pra ela. Mas só pra ela, okay? E longe da Mikan."

"Combinado!" Mea cantarolou, voltando à sua persona animada. "Agora, vamos comer! Tô faminta!"

O jantar foi uma experiência peculiar. A mesa estava cheia: Mikan, Yami, Momo, Lala, Nana, Mea e Rito. A comida preparada por Mikan e Yami estava deliciosa, mas a atmosfera era carregada. Mikan observava Rito e as princesas com suspeita renovada. Nana evitava o olhar de Rito, mas corava sempre que ele falava. Momo e Lala trocavam olhaques significativos. Yami, após Mea sussurrar rapidamente em seu ouvido durante o serviço, observava Rito com um novo interesse, analítico e calculista. E Mea... Mea apenas sorria, como se soubesse um segredo delicioso.

Rito comia em silêncio, sentindo o peso dos olhares sobre ele. O dia fora longo: confissões, poderes perigosos, beijos proibidos, treinos constrangedores, progresso real, e quase ser esmagado por um punho de cabelo dourado. Ele olhou ao redor da mesa, para as garotas que, de uma forma ou de outra, estavam entrelaçadas em sua vida cada vez mais complexa. Nana, a tsundere que derretia em seus braços. Momo, a arquiteta do harém com beijos de fogo. Lala, a princesa inocente com uma paixão radiante. Mea, a caótica que agora guardava seu segredo. Yami, a assassina preocupada que o chamava de alvo. E Mikan... sua irmã, o coração do seu mundo, a quem ele ainda não podia contar a verdade.

A loucura era avassaladora. Perigosa. Mas, enquanto ele via Lala rir de algo que Momo dissera, Nana roubar uma olhadinha rápida para ele, e até Mikan passar um prato para Yami com um pequeno sorriso, Rito sentiu uma estranha paz. Ele não estava sozinho. Talvez, apenas talvez, ele pudesse navegar por esse furacão de poderes, paixões e princesas alienígenas.

O "Rito Dourado" poderia ser uma ameaça, mas o Rito humano estava aprendendo. E, pelo menos por esta noite, cercado por essa família improvável e barulhenta, ele se permitiu acreditar que tudo daria certo. O sorriso que lhe escapou então não foi bobo, mas sim de uma aceitação cansada e esperançosa. A loucura era sua nova realidade. E ele estava começando a gostar.



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Chegou ao fim do Capítulo 20! Uau, mais de 70.000 palavras escritas com muito carinho! Obrigado por acompanhar essa jornada! 💜
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