Capítulo 18 - Treino no Jardim do amor

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To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem


Escrita por: Matheus Leandro (Magnatah)

Capítulo 18 - Treino no Jardim do amor

To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem
No Capítulo Anterior...
Rito olhou para as duas, uma mistura de gratidão e apreensão no rosto. O caminho à frente era perigoso e imprevisível, mas pela primeira vez desde que os poderes infernais surgiram, uma centelha de esperança brilhou. Ele tinha uma aliada poderosa e experiente. E amanhã... amanhã começaria sua luta para reconquistar o controle de sua vida – e talvez, voltar para escola.

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A porta da frente fechou-se com um clique suave, cortando o som da chuva que voltara a cair. Rito ficou parado no genkan, o eco dos passos de Run e Kyoko desaparecendo na rua úmida. A gratidão pela ajuda delas era imensa, mas era ofuscada por uma sombra mais pesada: o medo. Ele olhou para suas próprias mãos, as mesmas que poderiam, num descuido, criar a Esfera do Vazio e fazer alguém... desaparecer. Para sempre. A lembrança da bancada de madeira sendo engolida por aquela esfera dourada fez um calafrio percorrer sua espinha.

"Rito?" A voz doce e preocupada de Lala ecoou atrás dele. Ela se aproximou, seus passos leves quase inaudíveis no tatame. "Está tudo bem? Você parece... assustado."

Ele se virou, encontrando seus grandes olhos verdes cheios de inocência e preocupação. Era agora ou nunca. Respirou fundo, o peito musculoso expandindo-se sob a camiseta.

"Lala... preciso te contar algo. Algo sério." Sua voz era grave, carregada de uma tensão que fez Lala franzir a testa. Ele a guiou para a sala vazia, longe dos ouvidos curiosos de Mikan que lavava louça na cozinha. Sentaram-se no sofá ainda desarrumado.

E, ali, sob a luz suave do abajur, Rito contou. Tudo. A primeira ativação acidental no vestiário feminino, os tropeços que abriam pequenos portais, o terror constante de perder o controle, a Esfera do Vazio que engolia tudo que tocava... e as palavras da Doutora Mikado. "...Recomendo que você vá para casa. Aprenda a controlar esses poderes antes de voltar à escola. Eles são... voláteis."

Lala ouviu em silêncio, sua expressão animada derretendo como neve ao sol. Quando Rito mencionou que a Doutora Mikado acreditava que ele obteve alguns poderes ao absorver a Darkness, no dia que a Invenção da Lala se sobrecarregou, foi como se uma faca girasse em seu coração.

"É... é minha culpa?" A voz de Lala saiu como um fio, trêmula. Seus olhos enormes encheram-se de lágrimas que teimavam em não cair, mas tremiam nas bordas. O rosto dela perdeu toda a cor, os lábios rosados tremiam levemente. "Eu... eu criei, a invenção para te ajudar a ficar forte... mas só atrapalhei. Eu expus você a coisas que seu corpo não podia entender... e agora... agora você tem medo de machucar as pessoas... de machucar Haruna... por minha causa." O nome da amiga saiu como um soluço abafado. Ela olhou para as próprias mãos, como se fossem instrumentos de destruição. "Eu só queria fazer você feliz, Rito... e acabei fazendo isso com você."

A dor genuína na voz dela, a culpa estampada em cada traço do seu rosto normalmente radiante, e a informação mais importante: ela criou aquela invenção para ajudar o Rito, foi uma facada no coração de Rito. Ver Lala assim – frágil, culpada, prestes a desmoronar – era insuportável. Todo o seu medo, sua própria angústia, evaporou diante da tristeza dela.

"Lala, não." A voz dele foi suave, firme. Sem pensar, movido por um impulso puro de conforto, ele se inclinou e pressionou os lábios suavemente contra a macia e quente bochecha dela. Foi um beijo rápido, doce, carregado de absoluta falta de malícia. "Isso não é culpa sua. Nunca foi. Você me trouxe alegria, cor, uma família maior... e você." Ele afastou-se o suficiente para olhar nos seus olhos, um sorriso pequeno e reconfortante nos lábios. "Os poderes... são um desafio. Só isso. E vamos superá-lo juntos. Como sempre fazemos."

O efeito foi instantâneo. As lágrimas que ameaçavam cair desapareceram, substituídas por um rubor intenso que cobriu o rosto e as orelhas de Lala como tinta rosa. Seus olhos brilharam com uma luz nova, ofuscante. "R-Rito..." Ela não terminou a frase. Com um movimento rápido e cheio de alívio puro, ela se jogou em seus braços, abraçando-o com toda a força que seu corpo permitia. O rosto dela se enterrou no pescoço dele. "Obrigada... Obrigada por não me odiar."
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Rito envolveu-a com seus braços fortes, sentindo a leve tremedeira dela cessar. "Eu nunca poderia te odiar, Lala. Nunca." Ele acariciou suavemente os longos cabelos rosa. "Mas... preciso de sua ajuda. Preciso de um lugar seguro para treinar com Kyoko e Run amanhã. Um lugar onde, se algo der errado... ninguém se machuque. Nada de valioso seja perdido."

Lala ergueu o rosto do seu pescoço, os olhos ainda úmidos, mas agora brilhando com a centelha familiar da inventora genial. "Um lugar seguro... onde portais e esferas que fazem coisas sumirem não causem problemas?" Um sorriso largo e confiante esticou seus lábios. "Eu sei exatamente o que fazer! Vou criar um espaço virtual de treinamento! Como o do Papai, só que melhor! Com grama, céu, montanhas... e indestrutível! eu vou chamar de... 'Jardim do Amor' Peke!"

O pequeno robô flutuou diante deles, seus olhos projetando hologramas complexos de algoritmos e designs de paisagens digitais. Lala começou a falar a mil por hora, suas mãos gesticulando animadamente enquanto ditava especificações para Peke. A tristeza havia desaparecido, substituída pela empolgação criativa e pela determinação de ajudar o homem que amava. Rito sorriu, sentindo um peso imenso sair de seus ombros. Com Lala ao seu lado, até o impossível parecia alcançável.

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Mais Tarde...
No quarto silencioso de Momo, apenas iluminado pela luz suave da lua que lutava contra as nuvens de chuva, Rito encontrou a terceira princesa de Deviluke. Ela estava sentada na cama, vestindo um camisola de seda roxa que destacava suas curvas voluptuosas, lendo algo em seu tablet. Seus olhos roxos se ergueram quando ele entrou, um sorriso conhecido e ligeiramente malicioso tocando seus lábios.

"Rito-san... Não conseguiu dormir sem mim?" Ela piscou, patinando a cama ao seu lado.
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Ele sentou-se, sua expressão séria. "Momo. Algo aconteceu hoje." Ele contou rapidamente sobre seu pedido desesperado de ajuda a Kyoko para controlar seus poderes perigosos – e a pronta aceitação dela e de Run para treiná-lo no dia seguinte.

Momo não disse nada imediatamente. Seus olhos, sempre tão expressivos, pareciam focar em algo distante, calculando. Então, lentamente, como o sol nascendo, um brilho intenso e quase palpável começou a emanar deles. Não era apenas um reflexo da luz; era uma luminescência interna de pura, absoluta euforia. Seus lábios se separaram num sorriso que era triunfo puro.

"Kyoko-san... e Run-chan..." Ela sussurrou, a voz carregada de êxtase. "Treinando com você... aqui em casa... dia após dia..." Ela agarrou as mãos de Rito, seus dedos tremendo levemente de excitação. "Rito-san, você percebe o que isso significa?!" Ela não esperou por uma resposta. "É a oportunidade perfeita! A Kyoko-san já demonstra uma atração clara por você – vi isso hoje, depois do seu 'acidente'. O constrangimento, os olhares... há desejo ali, escondido sob a timidez. E a Run-chan? Ela já é sua fã incondicional! O treino... a proximidade forçada... a necessidade de confiança...!" Ela soltou uma risadinha baixa, quase viciosa. "Isso vai derrubar as barreiras delas, Rito-san! Vai criar laços... intimidade... conexão! É o avanço natural que o plano do harém precisava!" Seus olhos brilhavam como estrelas púrpura. "Oh, Rito-san, você foi brilhante! Pedir ajuda à Kyoko-san foi um movimento de mestre! Sem querer, você abriu a porta para que duas novas flores lindas sejam colhidas para o nosso jardim!"

Rito ficou um pouco atordoado pela intensidade da reação dela e pela interpretação imediata dentro do contexto do "Plano Harém". Ele não havia pensado nisso – apenas no desespero de controlar seus poderes. Mas vendo o entusiasmo radiante de Momo, a pura felicidade estampada em seu rosto, ele não teve coração para desapontá-la. Ele sorriu, um pouco cansado. "Só... só quero aprender a controlar isso, Momo. Para não machucar ninguém."

"E você vai!" Momo declarou, confiante. "E no processo, ganhará duas aliadas preciosas... e quem sabe, muito mais." Ela se inclinou e deu um beijo rápido em seus lábios, seu corpo quente pressionando-se contra o dele por um instante. "Confie em mim, Rito-san. Amanhã será o primeiro dia de um novo capítulo glorioso." O brilho em seus olhos prometia planos dentro de planos, todos girando em torno do sonho que ela mais desejava.

//////////

A Manhã Seguinte...
Trouxe um céu nublado, mas sem chuva. O clima na casa dos Yuuki durante o café da manhã era um contraste interessante. Mikan, sempre prática, reclamava levemente da bagunça do dia anterior enquanto servia sopa de missô. Lala estava radiante, ocupadíssima com Peke, sussurrando últimos ajustes para o "Espaço Virtual de Treinamento do Rito". Nana, ainda um pouco corada da lembrança do incidente do banheiro, comia em silêncio, evitando o olhar de Rito. Momo observava tudo com um sorriso sereno e conhecedor, como uma rainha assistindo seu reino.

Rito limpou a garganta, chamando a atenção de todas. "Bom... sobre a escola hoje..." Ele forçou um leve encolher de ombros, tentando parecer descontraído. "Não estou me sentindo muito bem. Acho melhor ficar em casa e descansar."

A reação foi imediata:
Mikan: "Rito!" Ela largou a concha que segurava, seus olhos cheios de cuidado. "Você deveria ter dito antes! Quer que eu fique também? Posso fazer um chá especial, ou sopa de gengibre..."

Nana: "Hmph! Fraco!" Ela resmungou, mas seus olhos cintilaram com uma preocupação rápida e bem disfarçada antes de voltarem ao prato. "Só não fica espalhando germes pela casa, sua besta."

Momo, é claro, já sabia. Ela ergueu uma mão delicada à boca, fingindo uma surpresa perfeita. "Oh, Rito-san! Que terrível! Você parecia tão bem ontem... Mas sim, o descanso é essencial." Seus olhos roxos encontraram os de Rito por uma fração de segundo, transmitindo um "bom trabalho" silencioso e um brilho de cumplicidade.

Rito levantou as mãos em um gesto tranquilizador, tocando suavemente a mão de Lala em sua testa. "Garotas, garotas, calma! Não é nada sério. Só um mal-estar, uma leve dor de cabeça. Um dia de repouso quieto aqui em casa e eu fico novo em folha. Prometo." Ele sorriu, tentando transmitir confiança. "Não precisam se preocupar tanto ou faltar à escola por minha causa. Vão lá, aproveitem o dia. Eu fico quietinho, durmo um pouco, e quando vocês voltarem, estarei ótimo."

Lala, aproveitando a proximidade com Rito, sorriu e sussurrou em seu ouvido: "Está pronto!"

Mikan ainda parecia relutante, mas a determinação calma de Rito a convenceu. "Se você diz, Rito..." Mikan murmurou, ainda preocupada.

Nana apenas resmungou algo ininteligível sobre "animais preguiçosos", mas pegou sua mochila sem mais protestos.

Momo se levantou, esticando-se com uma graça felina que fez o roupão de seda realçar suas curvas. "Vamos, meninas! Não vamos atrasar. Rito-san precisa de sossego." Seu olhar pousou nele por um instante mais longo, cheio de significado e antecipação. "Tenha um dia muito produtivo, Rito-san."

Rito conferiu rapidamente ao redor — ninguém estava olhando, as garotas já estavam do lado de fora e Mikan na cozinha. "Obrigado, Lala." Rito num gesto rápido, inclinou-se e deu um selinho nela, tão leve quanto o bater de asas de uma borboleta. Lala arregalou os olhos, e num instante, seu rosto se tingiu de vermelho, pega completamente de surpresa.

Minutos depois, a casa ficou silenciosa. Rito ficou parado na sala de estar, ouvindo o barulho distante da porta da frente se fechando e os passos das garotas desaparecendo na rua. A quietude era quase palpável. Ele respirou fundo, aliviado pelo sucesso da encenação, mas com um nó de ansiedade apertando seu estômago. O verdadeiro desafio estava prestes a começar.

//////////

Lala, Momo e Nana haviam partido para a escola, Mikan havia saido tambem. Rito estava sozinho, a tensão do fingimento dando lugar à ansiedade pelo treino que viria. Ele arrumou rapidamente seu quarto, seus olhos pousando no objeto novo no canto: um espelho de corpo inteiro, mas onde o reflexo deveria estar, havia apenas uma superfície plana coberta por uma espiral azul tranquila, que pulsava levemente, como água dormindo. A porta para o Jardim do Amor.

O som da campainha ecoou pela casa silenciosa. Coração acelerado, Rito desceu as escadas e abriu a porta, sendo recebido pela visão de Kyoko e Run.

Run vestia um conjunto esportivo rosa vibrante e justo que destacava suas curvas exuberantes. Kyoko estava mais discreta em um moletom confortável e calças de yoga. Ambas carregavam pequenas mochilas – provavelmente com água e suprimentos.

"Rito-kun!" Run não perdeu tempo. Com um salto característico, ela se atirou em seus braços, envolvendo seu pescoço com os braços. "Chegamos para o resgate do herói em perigo!"

Rito, como da última vez, não vacilou. Seus braços fortes a envolveram com facilidade, levantando-a levemente do chão num abraço seguro que durou alguns segundos a mais do que o necessário. "Obrigado por virem. Mesmo." Ele a soltou gentilmente, seus olhos pousando então em Kyoko. Ele viu a leve expectativa nos olhos dela, aquele desejo sutil pelo mesmo contato. Sem hesitar, abriu os braços novamente. "Kyoko-san? Um abraço de boas-vindas?"

Kyoko corou intensamente, mas um sorriso pequeno e genuíno apareceu em seus lábios. "O-Obrigada, Rito-kun." Ela deu um passo à frente e se permitiu ser envolvida. O abraço dele era sólido, reconfortante, e o calor do seu corpo era quase avassalador. Ela sentiu aquele frio na barriga, mistura de nervosismo e prazer. Ele é tão forte... e quente... Quando ele a soltou, ela evitou seu olhar por um segundo, ajustando o moletom. "E-Então... vamos começar?"

"Sim." Rito assentiu, fechando a porta. "Antes disso... eu pedi uma ajuda especial para a Lala. Para garantir a segurança." Ele as guiou pelas escadas até seu quarto. "Precisamos de um lugar à prova de... destruição."

Elas entraram no quarto, olhando em volta até que seus olhos pousaram no "espelho" espiral. "O que é isso?" Run perguntou, inclinando-se para examinar a superfície azul pulsante.

"O nosso campo de treino." Rito explicou. "É um espaço virtual criado pela Lala. Totalmente seguro. Qualquer dano lá dentro é apenas... simulação. Não afeta o mundo real." Ele viu a surpresa e a curiosidade crescerem nos rostos delas. "É só tocar na superfície."

Run, sempre a mais impulsiva, esticou o dedo e tocou a espiral. 'Ploc!' Como uma pedra caindo na água, seu dedo afundou na superfície azul, que ondulou. "Uau! Isso é incrível!" Sem medo, ela mergulhou o braço inteiro e então, com um passo decidido, atravessou o portal, desaparecendo.

Kyoko olhou para Rito, um pouco hesitante. Ele estendeu a mão. "Vamos? É seguro, prometo." Ela pegou sua mão, sentindo a firmeza e o calor, e juntos, atravessaram o portal.

Whoosh!

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Dentro do Jardim do amor...
A sensação foi como ser puxado por uma correnteza suave e depois... expansão. O ar mudou instantaneamente – fresco, perfumado com flores de cerejeira e grama molhada. Eles estavam em um vasto campo de um verde vibrante que parecia se estender até o infinito. Montanhas majestosas com picos nevados recortavam o horizonte distante. Cerejeiras em plena floração, com pétalas rosa dançando na brisa morna, salpicavam a paisagem. Mais adiante, uma lagoa de águas cristalinas cintilava sob o sol virtual. O céu era de um azul perfeito.

"É... lindo!" Kyoko sussurrou, maravilhada, soltando a mão de Rito sem perceber. Ela girou, tentando absorver tudo. "Parece um paraíso!"

"Lala-san é incrível!" Run concordou, correndo por um pequeno trecho e fazendo uma pirueta na grama macia. "Melhor que qualquer estúdio de treino!"

Rito sorriu, aliviado por sua reação. "E o melhor: podemos fazer o barulho e a bagunça que quisermos aqui. Ninguém se machuca. Nada é destruído de verdade." Ele esticou os braços, sentindo a liberdade que o espaço proporcionava.

Kyoko, porém, rapidamente voltou ao modo sério. Ela se virou para ele, sua expressão determinada. "Certo, Rito-kun. Vamos começar. Preciso entender melhor o que acontece. Quantas vezes, aproximadamente, esses poderes ativaram? E... mais importante... você consegue lembrar o que estava pensando ou sentindo no momento exato de cada ativação? O gatilho mental é crucial para o controle."

Rito ficou paralisado. O rubor subiu do seu pescoço até as orelhas. Ele esfregou a nuca, desviando o olhar. "Hmm... algumas vezes." Sua voz ficou mais baixa. "A primeira... a primeira vez foi... foi quando eu... estava pensando na... na Haruna-san se trocando." O nome saiu quase como um sussurro. "Depois, muitos foram durante os... tropeços. Acho que... acho que acontece quando eu penso em... coisas... pervertidas." Ele praticamente engoliu a última palavra.

Kyoko ficou boquiaberta, seu rosto incendiando num rubor escarlate. "P-P-Pensando em...? Ah... entendo..." Ela ficou sem palavras, olhando para as mãos.

Run, no entanto, não perdeu o timing. Seus olhos prateados brilharam com uma ideia repentina. "Peraí!" Ela agarrou o braço de Kyoko e a puxou para um canto, sob os galhos floridos de uma cerejeira, longe o suficiente para Rito não ouvir claramente.

"Kyoko! Tive uma ideia genial!" Run sussurrou, animada.

"Que ideia?" Kyoko perguntou, ainda atordoada pela revelação.

"Se o poder dele ativa com pensamentos pervertidos..." Run deu um sorriso maroto. "...então se a gente provocar esses pensamentos, ele pode ativar o poder de propósito! E aí, treinando pra ativar, ele aprende a controlar! Simples!"

Kyoko ficou pálida, depois vermelha de novo. "P-Provocar?! Como?! Você não está pensando em...?"

Run nem deixou ela terminar. Com uma determinação feroz no olhar, ela já estava agindo. "Se é para ajudar o Rito, eu faço de tudo!" Ela agarrou a barra da sua blusa esportiva rosa e, num movimento rápido, puxou-a para cima e para fora, ficando apenas com seu sutiã esportivo rosa-claro, que lutava para conter seus seios generosos. Em seguida, suas mãos foram para o cós da calça.

"R-RUN! ESPERA!" Kyoko gritou em pânico, mas era tarde demais. Run despiu a calça esportiva, ficando apenas de calcinha combinando, um modelo fio dental que deixava pouco à imaginação. Suas pernas longas e seu corpo curvilíneo estavam quase completamente expostos.

"Kyoko, vem! É pela Rito-kun! Pelo treino!" Run incentivou, com um olhar de absoluta seriedade, como uma soldada pronta para o sacrifício.

Kyoko olhou da amiga quase nua para Rito, que observava a cena de longe com confusão crescente, e de volta para Run. A vergonha era avassaladora, mas o desejo genuíno de ajudar Rito e a lógica brutal da ideia de Run pesaram. Com as mãos trêmulas e o rosto ardendo, Kyoko começou a tirar seu moletom. "Isso é loucura... isso é loucura..." Ela murmurou para si mesma. Por baixo, ela usava apenas um sutiã branco simples e uma calcinha de algodão discreta. Ela sentiu o ar virtual na pele exposta e encolheu os ombros, tentando se fazer pequena.

Rito, que vinha se aproximando para ver o que estava acontecendo, parou em seco. Seu cérebro pareceu derreter. "Q-Que diabos vocês estão fazendo!?" ele gritou, sua voz estrangulada, desviando o olhar bruscamente para o lado. O sangue corria quente em suas veias.

Run, corada mas resoluta, ergueu o queixo. "Te ajudando, Rito! Já que o poder ativa com pensamentos pervertidos, vamos fazer você ter uns bons! Assim você ativa de propósito e a gente treina o controle!" Ela deu um passo à frente, sua confiança contrastando com a postura tímida de Kyoko.

"Mas... ir tão longe só para me ajudar..." Rito murmurou, tentando focar nas montanhas distantes. Mas sua mente traía-o. As curvas generosas de Run, quase nuas. O corpo mais atlético mas igualmente atraente de Kyoko, exposto e vulnerável. O contraste dos tecidos mínimos contra a pele. Ele tentou reprimir, mas as imagens invadiam sua mente. Run é tão... exuberante. E Kyoko... tão delicada... O desejo, misturado ao constrangimento e à gratidão, criou uma tempestade perfeita.

Foi involuntário. Seu corpo girou de volta para elas, seus olhos escaneando-as quase contra a sua vontade.

FATAL.

Uma mecha de cabelo castanho, próxima ao olho direito, brilhou e tornou-se dourada instantaneamente. Seus olhos, antes castanhos, inflamaram-se num dourado intenso e penetrante, envoltos por uma névoa azul-celeste etérea que parecia emanar das órbitas. Sua postura mudou, ficando mais relaxada, confiante, com um leve sorriso jogado nos lábios.

"Uau!" A voz de Rito saiu mais grave, rouca, carregada de uma apreciação lasciva. "Que visão... Run, sua ousadia é tão cativante quanto essas curvas que desafiam a gravidade. E Kyoko... essa timidez só faz sua pele rosada parecer ainda mais... convidativa."

Run e Kyoko estavam paralisadas, não apenas pela nudez, mas pela transformação radical diante delas. Kyoko engoliu seco, lembrando do objetivo. "R-Rito-kun! Tente agora! Tente fazer um portal! Qualquer portal!"

Rito olhou para suas mãos, como se visse algo novo. "Um portal? Para quê? Quando tenho duas obras de arte tão perfeitas diante de mim?" Seu olhar percorreu os corpos delas novamente, demorando-se nos detalhes.

"Rito! Foco!" Run insistiu, aproximando-se um pouco, ignorando o frio na pele. "Olha pra gente! Olha bem! E tenta fazer o portal! Pensa na... na utilidade! Em nos tocar através do portal!" Ela não tinha certeza do que dizia, mas soou pervertido o suficiente.

Rito arqueou uma sobrancelha, um sorriso malicioso tocando seus lábios. "Tocar através de um portal? Interessante proposta, minha fada verde." Ele fixou seus olhos dourados intensamente nos seios de Kyoko, depois nos de Run, como se estudasse um alvo. "Vamos ver..."

Ele ergueu as duas mãos à frente do peito, palmas viradas uma para a outra, como se fosse apertar algo invisível. Nada aconteceu. Ele franziu o cenho, concentrando-se. "Hmm... teimosos..." Ele apertou o ar com mais força.

Fwoomp! Fwoomp!

Dois pequenos portais, do tamanho de bolas de futebol, apareceram no ar, um diretamente à frente de cada um dos seios de Run e Kyoko. Simultaneamente, dois portais idênticos surgiram nas palmas das mãos de Rito.

Kyoko: "Ah!~"
Run: "Anh~"

Antes que qualquer uma pudesse reagir, os seios de Kyoko e Run foram repentinamente puxados para dentro dos portais à sua frente. O seio direito de Kyoko emergiu do portal na palma direita de Rito. O seio esquerdo de Run emergiu do portal na palma esquerda de Rito. As mãos dele já estavam realizando o movimento de apertar que ele iniciara no ar.

SQUEEZE!

"KYAAAA~!" Run gritou, uma mistura de choque e prazer no tom. O aperto era firme, experiente, direto em sua mama esquerda exposta.

"AHHNN!~" Kyoko gemeu mais alto, seu corpo arqueando levemente. O toque no seio deireito foi como um choque elétrico, instantaneamente conectando-se ao calor que ela sentira no acidente do dia anterior. Seus mamilos endureceram visivelmente sob o tecido fino do sutiã.

Rito  soltou um grunhido de satisfação. "Perfeito. Firmes, macios... reagem tão bem à pressão..." Ele apertou novamente, experimentalmente, seus polegares encontrando os bicos endurecidos através do tecido.

Run: "AH! Rito! Isso é... ah... forte~!"
Kyoko: "Nnh~!... P-Pare... não... ao mesmo tempo..."

A névoa azul-celeste ao redor dos olhos dourados de Rito pulsou. Ele parecia fascinado, estudando as reações delas ao seu toque. "A resistência é diferente... Kyoko é mais sensível, né? Cada gemido... uma música."

Foi quando a parte consciente de Rito, aquele pequena parte que lutava contra a perversão, conseguiu um grito de socorro através do nevoeiro dourado. Seus olhos piscaram rapidamente. O dourado vacilou. A névoa azul tremeluziu. "Ah! droga! Desculpa! Desculpa!" Sua voz voltou ao normal, cheia de pânico e vergonha. Ele retirou as mãos bruscamente. Os portais nas palmas e à frente dos seios das garotas desapareceram com um 'pop' sônico, deixando seus seios livres novamente.

Run e Kyoko recuaram um passo, ofegantes, segurando os seios que haviam sido "visitados". O rosto de Kyoko estava vermelho-fogo, mas havia um brilho estranho em seus olhos além da vergonha. Run respirava rápido, mas estava sorrindo, animada.

"Não... não tem problema, Rito-kun!" Run disse, recuperando o fôlego primeiro. "Funcionou! Você fez o portal! e foram dois!"

Kyoko assentiu, tentando recuperar a compostura, evitando o olhar dele. "S-Sim... foi... um progresso claro. Agora sabemos que você pode ativar com foco... mesmo que o foco seja... inusitado." Ela cruzou os braços sobre o peito, sentindo o eco do toque. "Mas precisamos refinar. Controlar onde o portal aparece. Sem... apertos acidentais."

Rito estava completamente ruborizado, a mecha dourada desaparecida, os olhos castanhos cheios de remorso. "Eu... eu realmente sinto muito... eu perdi o controle..."

"Não se preocupe." Run abanou a mão, já se animando para a próxima etapa. "Vamos tentar de novo! Dessa vez, menos peitos e mais... alvo!" Ela olhou em volta e apontou para uma flor vermelha solitária a cerca de cinco metros de distância. "Ali! Tenta trazer aquela flor pra sua mão com um portal!"

Kyoko concordou. "Sim. Foco no objeto, Rito-kun. No objeto. Não em... distrações." Ela ainda estava corada, mas a cientista dentro dela assumira o controle. O treino começara de verdade.

//////////

O Desafio da Flor...
Rito fechou os olhos, tentando se concentrar apenas na flor vermelha. Run e Kyoko, ainda de sutiã e calcinha, ficaram a cerca de dois metros de distância, observando atentamente. O ar estava tenso.

"Foco na forma... no vermelho... na distância..." Rito murmurou. Ele ergueu a mão direita, palma aberta na direção da flor.

Fwoomp!

Um portal do tamanho de um prato apareceu na palma dele. Do outro lado, um portal idêntico materializou-se... diretamente no decote do sutiã esportivo de Run, bem no centro de seus seios.

"Eep!" Run saltou para trás quando o portal apareceu, seu sutiã foi puxado para dentro do portal na sua frente e aterrissou suavemente na palma de Rito.

Rito abriu os olhos, confuso ao ver sutiã em sua mão, começou a ficar corado ao ver Run segurando seu peito. 
"Esses portais tem vontade própia!"

"Rito-kun... é para pegar a flor!" Run explicou, entre risos nervosos. "Não o meu sutiã."

Kyoko colocou a mão no rosto. "Foco, Rito-kun! Flor. Não... sutiã."

Rito corou intensamente. "D-Desculpa, Run! Vou tentar de novo." Ele focou com mais força, visualizando o espaço ao lado da flor.

Nada aconteceu.

Rito suspirou, frustrado, mas determinado. "Terceira vez, é a vez." Ele cerrou os punhos, focando toda sua vontade no espaço vazio ao lado da flor.

Fwoomp! 

O portal de destino apareceu perfeitamente a dez centímetros à direita da flor. Ela foi puxada sem tocar em ninguém e aterrissou em sua mão. "CONSEGUI!" Ele ergueu a flor como um troféu, um sorriso genuíno de conquista no rosto.

Run e Kyoko aplaudiram. "Bom trabalho!" disse Kyoko, sorrindo, o constrangimento dando lugar ao orgulho do progresso. Run correu e pegou a flor, colocando-a atrás da orelha de Kyoko. "Prêmio por paciência!"

//////////

O Jogo das Argolas...
Kyoko teve uma ideia. Usando gravetos e pedras, ela montou um suporte grosseiro com três "argolas" de diferentes tamanhos penduradas a diferentes alturas, a cerca de dez metros de distância.

"Objetivo: Fazer um portal pequeno, do tamanho exato de cada argola, através dela, para provar que você pode controlar o tamanho e a localização com precisão." Ela explicou. "Começa pela maior."

Rito concentrou-se. 

Fwoomp!

Um portal do tamanho de um prato apareceu, mas não através da argola, e sim em volta dela, engolfando-a completamente. A argola desapareceu.

"Rito!" Kyoko gritou. "Tamanho e localização!"

"Ah! Desculpa!" Rito concentrou-se novamente, imaginando o portal apertado dentro do aro. 

Fwoomp!

Um pequeno portal, do tamanho exato da argola média, apareceu perfeitamente centrado dentro dela. "Sim!" Ele comemorou.
"Perfeito! Agora a menor!" Kyoko apontou.

Rito focou. Sua mecha dourada piscou fracamente.

Fwoomp! 

O portal apareceu... não na argola, mas envolto em névoa azul-celeste, diretamente na frente da calcinha de algodão de Kyoko, no nível da virilha. Era pequeno, do tamanho certo, mas horrivelmente mal localizado.

"RITO-KUN!" Kyoko gritou, cobrindo-se com as mãos e recuando rapidamente, seu rosto uma máscara de choque e constrangimento profundo.

Rito levou um segundo para processar. Quando viu, o dourado desapareceu instantaneamente, substituído por horror puro.

"NÃO! KYOKO-SAN! Eu juro que não foi de propósito! Eu estava focando na argola! O poder... ele desviou!" Ele parecia genuinamente desesperado.

Ela olhou para Rito, vendo o pânico real em seus olhos. "...Foi um erro. Um erro sério. Mas... não intencional." Ela respirou fundo, tentando se acalmar. "Rito-kun... você precisa lutar contra a distração. Quando sentir o impulso... redirecione o foco com força. Tente de novo. A menor. Foco absoluto."

Rito fechou os olhos, suando frio. Ele lutou contra as imagens que ameaçavam invadir sua mente. Argola. Pequena. Localização exata. 

Fwoomp! 

O portal apareceu perfeitamente centrado dentro da menor argola, sem névoa azul, sem desvios. Ele abriu os olhos, aliviado. "Consegui..."

Kyoko sorriu fracamente, mas reconhecendo o esforço. "Bom. Muito bom. Vamos... vamos fazer uma pausa."

//////////

Pausa para o Lanche...
Lala, previdente, havia programado o Jardim do Amor para fornecer necessidades básicas. Um piquenique apareceu magicamente sob uma cerejeira: onigiris, sanduíches, frutas frescas e garrafas de água fria.

Run devorava um onigiri com entusiasmo. "Isso é ótimo! Melhor que lanche de conveniência!" Kyoko comia mais devagar, ainda um pouco tensa após o incidente do portal íntimo, mas o ambiente calmo e a comida ajudavam. Rito observava Kyoko, remorso ainda nítido em seus olhos.

"Kyoko-san... sobre o que aconteceu antes..." ele começou.

Kyoko interrompeu-o com um aceno de mão. "Não, Rito-kun. Foi um erro de controle. Eu entendo." Ela ofereceu-lhe uma fatia de maçã. "Vamos focar no progresso. Você já faz portais pequenos com boa precisão... quando focado."

Ele aceitou a maçã, seus dedos tocando os dela brevemente. "Obrigado. Por tudo. Por ajudar... e por entender."

Kyoko corou levemente.

Run engasgou com seu sanduíche. "Ah! Vocês estão ficando melosos! Isso é bom! Laços de amizade se fortalecendo! Qual é o próximo treino?"

"Vamos para o Lago, lá eu explico" Respondeu Kyoko, evitando olhar para o Rito.

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Após o almoço...
Kyoko propôs um exercício diferente. "Vamos tentar algo mais calmo. Menos... estimulante." 

Ele evitou olhar para as curvas delas que gritavam por atenção. 

"Vamos até o lago. Rito-kun, tente abrir um pequeno portal na superfície da água. Apenas um círculo, para fazer uma ondulação."

O lago era sereno, refletindo o céu e as montanhas como um espelho. O ambiente era pacífico. Rito se concentrou, respirando fundo. Ele se ajoelhou na margem, olhando para um ponto específico na água, a cerca de um metro da margem. Kyoko e Run ficaram atrás dele, observando em silêncio.

Ele ergueu a mão, focando. Nada de mecha dourada. Nada de olhos brilhantes. Apenas Rito normal, concentrado. Ele apertou o ar suavemente. O ar vibrou.

Fzzzt!

Um pequeno portal, do tamanho de um prato, abriu-se exatamente onde ele mirava, na superfície da água. Por um segundo, a água dentro do portal pareceu se distorcer, como olhar para o fundo através de um vidro ondulado. Então, o portal se fechou com um pequeno 'plop!', criando uma série de ondulações concêntricas perfeitas que se espalharam pelo lago.

"Conseguiu!" Run sussurrou, impressionada.

Kyoko sorriu, genuinamente aliviada e orgulhosa. "Perfeito, Rito-kun! Exatamente assim! Controle e precisão!"

Rito olhou para sua mão, depois para as ondulações que se dissipavam. Um sorriso verdadeiro, amplo e aliviado, iluminou seu rosto. "Eu... eu consegui." Ele riu, um som leve e feliz. "Sem... sem acidentes!"

"Vamos tentar de novo!" Kyoko incentivou, animada. "Desta vez, um pouco mais longe!"

Rito concordou se levantando, virando-se para mirar um ponto mais distante. Ao se virar, seu pé escorregou na grama úmida da margem. Ele cambaleou, os braços girando. "Whoa!"

Instintivamente, suas mãos se fecharam no ar, buscando apoio.

Fzzzt!  Fzzzt!  Dois pequenos portais se abriram. 

Um apareceu sob o pé que escorregava, estabilizando-o instantaneamente como se pisasse em chão sólido. O outro... abriu-se diretamente na parte de trás da calcinha de algodão de Kyoko, que estava logo atrás dele.

"Eeep!" Kyoko sentiu uma pressão súbita e firme em sua nádega direita – a sensação distinta de uma mão grande e quente apertando sua curva através do tecido fino. O portal se fechou rápido, mas a sensação ficou. Ela saltou para frente, cobrindo o local com a mão, seu rosto incandescente. "R-Rito-kun!"

Rito recuperou o equilíbrio, corando furiosamente. "D-Desculpa, Kyoko-san! Foi um reflexo! Eu juro!"

Run riu, apontando. "Quase, Rito! Quase sem acidentes!"

Kyoko suspirou, tentando recuperar a compostura. O toque havia sido rápido, mas intenso. "É... está bem. Ainda foi progresso. O portal do pé foi... útil." Ela não conseguia olhar nos olhos dele.

"Não esqueçam da esfera assustadora! Quando vamos treinar ela?" Run perguntou, cortando o clima.

"Vamos deixar o Rito-kun descançar um pouco, depois seguimos com o treino." Kyoko decidiu. "Precisamos de energia para o próximo desafio." Ela olhou para Rito. "A esfera é o maior perigo, Rito-kun. Precisamos de extrema cautela."

Rito assentiu, O peso do que viria a seguir pairava sobre eles.

//////////

Após o descanso...
Kyoko escolheu um local aberto, longe da lagoa e das árvores. Run ficou bem atrás, instruída a não se mover.
"Ok, Rito-kun. A esfera. Tente ativá-la. Pequena. Do tamanho de uma bola de tênis. E mantenha-a estável. Foco total. Nada de pensamentos... pervertidos." Kyoko instruiu, sua voz firme mas com um traço de preocupação. Ela estava a cerca de cinco metros de distância.

Rito fechou os olhos. Desta vez, não eram pensamentos pervertidos que o assaltavam, mas o medo. O medo daquela coisa, do vazio que ela representava. A imagem da bancada desaparecendo. Não. Foco. Pequena. Estável. Controle. Ele sentiu a energia brotar dentro dele, diferente da dos portais. Mais densa, mais ameaçadora. Sua mecha piscou em dourado, mas não se manteve. Os olhos brilharam fracamente. Ele estendeu a mão direita, palma para cima.

Fwoooosh...

Uma luz dourada intensa apareceu acima de sua palma. Uma esfera do tamanho de uma bola de basquete surgiu, pulsando com energia perigosa. Névoa azul-celeste rodopiava em torno dela como uma atmosfera miniatura. Não, era o tamanho de uma bola de tênis. E ela não estava estável. Oscilava, crescendo e encolhendo ligeiramente, emitindo um zumbido baixo e ameaçador.
"Rito! Muito grande! Reduza!" Kyoko gritou, recuando um passo involuntariamente.

"Estou tentando!" Rito grunhiu, concentrando-se com toda a força. Supertenso. A esfera vacilou, encolhendo um pouco, mas o zumbido aumentou. Pequena. Estável. Controle.

Foi quando ele pensou no medo de Kyoko. No perigo que ele representava para ela ali, naquele momento. Protegê-la. O pensamento foi involuntário, mas poderoso.

A esfera reagiu. Com um 'whoomp' audível, ela disparou da palma de Rito como um míssil, não em direção a Kyoko, mas em direção a uma grande rocha a cerca de vinte metros à direita dela – um alvo seguro, mas não intencional.
"DROGA!" Rito gritou.

A esfera dourada atingiu a rocha. Não houve explosão. Não houve estilhaços. A rocha simplesmente... desapareceu. Foi engolida silenciosamente pela luz dourada, deixando apenas um círculo perfeito de grama, no local onde estivera. A esfera dissipou-se logo depois.

Onde a esfera tocou ficou um 'buraco' no próprio tecido do espaço virtual, era algo assombroso. Um vazio que não devia existir, uma falha na realidade que parecia olhar de volta para quem o encarasse. As bordas do buraco tremeluziam com resquícios daquela luz dourada, como se o espaço virtual tentasse, em vão, se recompor. 

Um silêncio pesado caiu sobre o Jardim do Amor. Até os pássaros pararam de cantar. Run estava com a mão na boca, os olhos arregalados de terror. Kyoko estava pálida, encarando o local onde a rocha estivera.

Rito caiu de joelhos, ofegante, suando frio, a névoa azul e o dourado desaparecendo completamente. Horror e culpa o inundaram. "Eu... eu não consegui controlar... Eu quase... Eu podia ter..." Ele não conseguia terminar.

Kyoko caminhou até ele, lentamente. Seu rosto ainda estava sério, mas sem acusação. Ela se ajoelhou ao seu lado. "Você a direcionou, Rito-kun. Para longe de mim. Para longe de nós. Instintivamente." Ela colocou uma mão em seu ombro trêmulo. "Isso... isso é um tipo de controle. Um controle primitivo de direção. Aprendemos algo vital hoje: sua emoção forte – medo, desejo de proteger – pode influenciar a esfera. Agora sabemos que precisamos trabalhar na modulação e na estabilidade. Não foi um fracasso. Foi... informação crucial. E assustadora."

Run aproximou-se, ainda abalada, mas tentando ser forte. "E... e a rocha sumiu mesmo? Pra sempre?"
"Não, aqui é uma simulação, pode ser consertado pela Lala... eu acho" Kyoko sussurrou, olhando para o círculo estranho no gramado. "O vazio é real. Mas agora sabemos o poder que estamos enfrentando." Ela olhou para Rito, sua determinação renovada. "E vamos enfrentá-lo. Juntos. Mas... talvez isso seja suficiente por hoje. Você está exausto."

Rito assentiu, incapaz de falar, ainda tremendo. A visão da rocha desaparecendo sem deixar rastro era um lembrete brutal do que ele carregava.

"Chega de tristeza, vamos voltar aos treinos!" Kyoko bateu as mãos com determinação, o som ecoando como um chamado à ação. Seus olhos brilhavam com renovada firmeza, prontos para erguer quem estivesse ao seu lado.

As horas voaram em uma mistura de tentativas focadas, pequenos sucessos e "acidentes" embaraçosos mas cada vez menores. Rito começou a entender a sensação de forçar o espaço, de moldar a intenção antes de apertar. A mecha dourada ainda aparecia quando a visão de Kyoko se curvando para pegar uma garrafa de água ou de Run se esticando sob o sol virtual o distraía, mas ele estava aprendendo a redirecionar o foco mais rápido.

//////////

O sol virtual começava a se pôr sobre as montanhas, tingindo o céu de laranja e roxo. Estava na hora de ir embora.

"Vamos tentar uma última coisa simples antes de irmos." Kyoko sugeriu, tentando terminar com uma nota positiva.

"O portal de volta. O ponto de entrada está lá." Ela apontou para um pequeno ponto de luz piscando no ar, a cerca de cinquenta metros, marcando a "saída" do Jardim do Amor. "Faça um portal grande o suficiente para nós três, que nos leve direto para lá."

Rito respirou fundo, tentando se recompor do trauma da esfera. Simples. Portal grande. Local específico. Foco. Ele ergueu as duas mãos, visualizando a abertura. 

Fwoomp! 

Um portal grande, suficiente para uma pessoa passar, apareceu no ar diante deles. Mas não levava diretamente para o ponto de saída. Levava para... um ponto diretamente acima da lagoa distante, mostrando a água cristalina de cima.

"Quase, Rito-kun!" Kyoko encorajou. "Foco na localização exata do ponto de luz!"

Rito tentou ajustar a concentração, mas o aroma suave das cerejeiras invadiu seus sentidos, trazendo consigo a memória de Haruna. Por um instante, ele reviu o vestiário, sua silhueta perfeita, a expressão dela - mas, antes que pudesse se desvencilhar, a lembrança já o havia envolvido. Era tarde demais.

Fwoomp!

O portal mudou, realinhando-se... mas agora mostrava uma visão ampliada e inesperada: o vestiário feminino da escola. Várias garotas estavam se trocando, incluindo Haruna, que estava de costas, prestes a tirar o sutiã. O portal estava atrás delas, e elas não perceberam.

A mecha de Rito brilhou dourada instantaneamente. Seus olhos inflamaram-se, a névoa azul-celeste surgindo com força. "Ah... Haruna-san... a curva da sua coluna é tão graciosa..." Ele murmurou, sua voz mais grave, esquecendo completamente do portal de saída. Seus olhos se voltaram para uma cena inusitada.
To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem
"Essa garota de cabelo castanho é interessante" Pensou Rito, observando atentamente a cena. "Deixou os óculos caírem sem se importar, só para não parar de esmagar os seios da garota de cabelo verde."

"RITO-KUN!" Kyoko e Run gritaram juntas.

Run saltou e tapou os olhos dele com as mãos. "Não olha! Foco no ponto de saída!"

Kyoko, corada, gritou: "Rito-kun! Redirecione! Pense no ponto de luz! Agora!"

Voltando seus olhos para Haruna, Rito tentou lutar contra a visão tentadora. "Mas... é tão linda..." Ele gemeu.

"AGORA!" Kyoko ordenou, com a voz de comando que usava no palco.

O dourado vacilou. Rito fechou os olhos forçadamente sob as mãos de Run. Ponto de luz. Saída. Segurança. 

Fwoomp! 

O portal mudou novamente, mostrando agora claramente o ponto de luz piscando, a entrada/saída do Jardim do Amor.

Rito abriu os olhos, a mecha voltando ao castanho, a névoa desaparecendo. Ele estava levemente corado e ofegante. "D-Desculpa... de novo."

Run soltou suas mãos. "Ufa! Salvamos sua honra... e a da Haruna-san!" Ela riu, aliviada.

Kyoko suspirou. "Vamos embora. Antes que outra... distração apareça." Ela apontou para o portal correto. "Depois de você, Rito-kun."

Rito passou pelo portal primeiro, seguido por Run. Kyoko deu uma última olhada para o jardim do Amor, para as marcas estranhas onde a rocha estivera, e para o local onde tantas coisas embaraçosas e perigosas haviam acontecido. Um lugar de maravilha e terror. Ela respirou fundo e atravessou o portal.

//////////

De volta ao quarto de Rito...
O sol real da tarde entrava pela janela. Run já estava vestindo sua blusa esportiva. Kyoko rapidamente vestiu seu moletom, sentindo-se mais protegida.

"Uau! Que treino!" Run esticou-se. "Cansativa, mas progresso, né, Kyoko?"

Kyoko assentiu, olhando para Rito, que ainda parecia um pouco abalado. "Sim. Progresso significativo com os portais. E... 
aprendemos muito sobre a esfera. Mas temos muito trabalho pela frente, Rito-kun. Muito treino. Foco. Controle emocional."


"Eu sei. Obrigado, Kyoko-san. Run. Vocês foram incríveis. E... desculpe por... tudo." Rito assentiu, sério.

Run abanou a mão. "Esquece! Foi divertido! Até os apertos!" Ela deu uma risada, fazendo Kyoko corar novamente.

Foi quando os sons familiares preencheram a casa abaixo. Vozes animadas, passos. A porta da frente abrindo.

"Estamos em casa!" A voz de Lala ecoou.

Run e Kyoko trocaram olhares. "Hora de ir!" disse Run.

Kyoko concordou. "Amanhã, Rito-kun? Após o almoço?"

"Sim. Por favor." Rito concordou rapidamente.

Eles desceram as escadas rapidamente, encontrando as outras garotas na entrada. Lala estava animada, mostrando algo para Mikan. Momo e Nana tiravam os sapatos.

"Run-chan! Kyoko-chan!" Lala cumprimentou, pulando de alegria, esquecendo o motivo delas estarem lá. "O que vocês fizeram aqui hoje?"

Run respondeu antes que Kyoko pudesse elaborar. "Ah, só viemos visitar o Rito! Ele estava se sentindo solitário doente! Mas já está melhor, né Rito-kun?"

Rito assentiu, forçando um sorriso. "Muito melhor. Obrigado pela visita, garotas."

Mikan olhou para ele, aliviada. "Que bom, Onii-chan!"

Nana olhou de Rito para Run e Kyoko, seus olhos estreitando-se novamente com desconfiança. Algo estranho estava no ar, mas ela não conseguia definir o quê.

Momo, é claro, olhou diretamente para Rito, depois para Kyoko e Run, e deu um pequeno, quase imperceptível, aceno de satisfação. Seus olhos brilharam com o conhecimento secreto do "progresso" do plano. O Futuro Radiante brilha mais forte, pensou ela, enquanto ajudava Mikan a levar as sacolas para a cozinha, um sorriso sereno em seus lábios.

Kyoko e Run se despediram rapidamente e saíram. Rito ficou na porta, observando-as ir embora, o peso do treino e do perigo de seus poderes assentando-se novamente sobre seus ombros. O Jardim do Amor era seguro, mas a batalha dentro dele estava apenas começando. E o preço do fracasso, como a rocha inexistente, era terrível demais para contemplar. Ele fechou a porta, a imagem da névoa azul-celeste e do dourado perigoso dançando em sua mente, junto com o eco dos gemidos e o silêncio aterrorizante do desaparecimento. Amanhã seria outro dia de luta contra o vazio dentro de si mesmo.



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