Capítulo 14 - A Luz do Novo Dia

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To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem


Escrita por: Matheus Leandro (Magnatah)

Capítulo 14 - A Luz do Novo Dia

To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem

No Capítulo Anterior...
Fora, a lua continuava sua vigília silenciosa. Dentro, envoltos um no outro como duas conchas, Rito e Momo afundaram lentamente no sono, exaustos física e emocionalmente. A ameaça de Nêmesis e o favor sombrio pendiam sobre eles como uma nuvem no horizonte, mas naquele momento, naquele abraço apertado, na conchinha perfeita, havia apenas paz reconquistada, calor compartilhado e a promessa silenciosa de enfrentarem o futuro juntos. O primeiro capítulo de sua intimidade terminara em caos, mas o vínculo, testado pelo fogo do constrangimento e da ameaça, parecia, paradoxalmente, mais forte do que nunca. A mecha de cabelo pulsou uma última vez, fracamente, como um farol no escuro, antes de se apagar completamente, deixando-os dormir sob o manto prateado da noite.

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A luz do amanhecer filtrou pelas cortinas do quarto de Rito, iluminando os fios rosa de Momo, que acordou com um suspiro feliz. Seus dedos tocaram o braço musculoso de Rito envolvendo sua cintura, e as memórias da noite anterior invadiram sua mente: a confissão, a aceitação do plano de harém, a paixão sob o dispositivo de silêncio de Nemesis. "Ele é realmente meu agora" Pensou, mordendo o lábio.

Virou-se devagar, encarando o rosto sereno de Rito. Com um sorriso travesso, começou uma chuva de beijos:

"Acorda, Rito…" Beijo na testa.
"Acorda, meu príncipe…" Beijo na bochecha.
"Se não acordar, eu vou te beijar…"

Sem resposta, seus lábios selaram os dele. Rito murmurou, ainda sonolento, e respondeu ao beijo instintivamente. Seus braços a puxaram para perto, criando um momento quente e privado — até que…

BAM!  A porta abriu violentamente.

"RITO! A Mikan mandou eu—"

"O QUE VOCÊS DOIS ESTÃO FAZENDO!?" Nana congelou. Sua irmã estava entrelaçada com Rito, os lábios unidos. O cenário era inquestionável.

"O que amantes fazem, Nana. Rito aceitou o plano de harém e se confessou para mim!" Momo sentou-se, orgulhosa.
"É… verdade." Rito, corado, confirmou

Nana estremeceu. Seu rosto ardendo, pensamentos colidiam:
"Ele aceitou… Risa queria se confessar… Ele beijou a Ane-ue... agora a Momo…"

"IDIOTA!" Sua barreira tsundere rachou. Lágrimas jorraram.

Ela fugiu pelo corredor, soluçando.

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Na Cozinha...
Mal Nana desapareceu no corredor, Rito suspirou, o peso da culpa apertando seu peito. Seguiu para a cozinha, onde Mikan servia missoshiro enquanto Lala ajustava um "otimizador de colheres". Celine brincava sob a mesa.

"Nana desceu chorando… O que aconteceu?" Mikan perguntou preocupada.

"Ela viu a Momo no meu quarto… Momo falou umas coisas… e eu afirmei…" Rito respondeu evitando o olhar.

Mikan suspirou, ignorando a curiosidade.
"Só não atrasem para a escola. E Rito… converse com a Nana depois."

Rito assentiu, aliviado que ninguém percebeu o que fizeram na noite anterior. Momo esfregou o pé no dele sob a mesa, fazendo-o engasgar com o peixe grelhado.

Após terminar o café da manhã, Rito subiu para se arrumar e ir para a escola.

//////////

Rito Em Seu Quarto...
Rito encarou seu reflexo no espelho, um incômodo franzindo seu rosto. O uniforme escolar, outrora folgado, agora apertava em todos os lugares errados. O tecido áspero marcava os contornos de seu torso, nitidamente mais largo e musculoso, e as mangas tensionavam sobre os bíceps definidos. Respirar fundo tornara-se um desafio. Aquela roupa não o representava mais, nem física nem esteticamente.

"Chega" Murmurou, a decisão tomando forma. Até conseguir um uniforme novo que respeitasse seu corpo transformado, adotaria seu próprio estilo. Algo que combinasse com sua nova silhueta poderosa e refletisse sua identidade.

Rapidamente, trocou as roupas constrangedoras por uma combinação que sentia muito mais ele:
Camiseta: Branca, com uma barra inferior em um azul-claro vibrante. Um capuz da mesma cor repousava sobre os ombros, pronto para uso.

Jaqueta: Preta, de corte moderno, com discretos detalhes em cinza nas costuras e punhos. Ele a deixou deliberadamente aberta, revelando a camiseta por baixo e criando uma silhueta mais dinâmica.

Calça: Preta como a jaqueta, mas ganhando vida com estampas intrincadas de dragões serpenteando em tons de azul-claro – um eco perfeito da barra e do capuz da camiseta.

Tênis: Branco de solado alto, com detalhes gráficos em preto que davam um toque urbano e agressivo ao conjunto.

Um último ajuste na gola e Rito se estudou novamente. A sensação era outra. As roupas acomodavam seus músculos sem restringir, o tecido respirava. O visual era ousado, confiante, muito mais alinhado com a força que agora carregava. Um calor de gratidão surgiu em seu peito enquanto os dedos passavam pelo tecido macio da jaqueta. "Ainda bem que Mikan me comprou roupas novas..." Pensou, recordando a insistência da irmã em atualizar seu guarda-roupa. Ela sempre parecia saber o que ele precisava antes mesmo dele perceber. Um sorriso genuíno, agora tingido de afeto, lhe escapou. Pronto para enfrentar o dia, ele saiu, sentindo-se finalmente como a nova versão de si mesmo – e agradecido pelo apoio silencioso que o permitira chegar até ali.

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A Caminho para a Escola...
Momo ficou surpresa com o novo estilo de Rito e, com um sorriso malicioso, provocou: "Nossa, quem é esse galã? Quase não te reconheci!" 
Notando que ele não usava o uniforme, acrescentou: "E por que tá de roupa normal?".

"As antigas... apertaram demais." Rito respondeu, fingindo ajustar a manga.

Momo agarrou o braço de Rito, seu uniforme realçando as curvas. Rito, com ombros largos visíveis sob o tecido, caminhava com segurança renovada.

"Nana vai se acalmar" Disse Momo, encostando a cabeça nele. "Vai dar tudo certo."

Próximo ao Portão da Escola...
Rito parou, vendo Nana à frente, parada no portão da escola, evitando olhar para trás.

Momo, ainda agarrada ao braço de Rito, seguiu o olhar dele até Nana. Um sorriso pequeno e compreensivo surgiu em seus lábios. "Vai", sussurrou ela, soltando seu braço com um toque suave. "Ela precisa ouvir de você, não de mim. Eu vou na frente." Com um último olhar encorajador para Rito, Momo ajustou sua bolsa e entrou na escola com passos decididos, desaparecendo pelo corredor principal.

Rito ficou parado por um instante, o coração batendo forte contra as costelas. O ar fresco da manhã parecia carregar o peso da culpa. Ele respirou fundo, enchendo os pulmões de coragem, e caminhou até Nana. Parou a uma distância segura, respeitando o espaço que ela claramente demarcava com sua postura defensiva.

"Nana..." A voz dele saiu mais rouca do que pretendia. Ele limpou a garganta. "Nana, eu... eu queria te abraçar quando você saiu correndo assim. Quase corri atrás." Ele olhou para as mãos, enfiadas nos bolso da jaqueta. "Mas eu pensei que, se eu tentasse te tocar, você ia ficar com ainda mais raiva de mim. E eu não queria piorar as coisas." Ele ergueu os olhos, tentando encontrar os dela, mas ela continuava obstinadamente virada para frente. "Mesmo... mesmo sem entender direito por que você ficou tão brava e chorou tanto... me desculpa. Me desculpa por ter feito você se sentir assim."

O silêncio que se seguiu foi pesado, cortado apenas pelo distante burburinho dos alunos chegando e pelo tilintar do sino anunciando a proximidade do início das aulas. Nana não se virou, não deu nenhum sinal de que tinha ouvido. Apenas os dedos dela, agarrados aos próprios braços, apertaram com mais força, as juntas ficando brancas.

Então, como se uma corrente invisível a puxasse, sua mente foi invadida. Não pelas imagens daquela manhã, mas pela sensação da noite anterior, quando voltou para casa. O calor do corpo dele envolvendo o dela, a firmeza surpreendente de seus braços ao redor de seus ombros, o cheiro suave dele misturado ao da noite... aquele abraço que a tinha deixado tão confusa e... e acolhida. Um tremor quase imperceptível percorreu seus ombros.

"...Hum."

O som foi tão baixo, tão rouco, que Rito quase não ouviu. Era mais um sopro do que uma palavra.

"O quê?" Rito inclinou o corpo levemente para frente, tentando captar o que ela dissera. "Nana?"

Ela se virou de repente, mas não olhou diretamente para ele. Seu rosto estava visivelmente corado, as bochechas tingidas de um rosa intenso que contrastava com a palidez anterior. Os olhos, ainda um pouco vermelhos, fitaram um ponto qualquer no chão, entre os pés dele.

"Eu... eu não iria ficar irritada" ela murmurou, a voz ainda abafada, quase um sussurro que se perdia no ar. "Se fosse... só um abraço."

Rito ficou paralisado. Ele abriu a boca para responder, para questionar, para tentar entender o que aquilo significava, mas Nana já estava se movendo.

"É... é nada!" Ela exclamou, a voz subindo de tom num misto de constrangimento e pânico. "Não precisa se preocupar! Eu não estou com raiva! Nem um pouco!" As palavras jorraram apressadas e altas, tentando abafar o sussurro anterior. "Então esquece!"

Antes que Rito pudesse reagir, dizer uma única sílaba, Nana deu um passo brusco para trás. Seus olhos, evitando os dele por um segundo, piscaram com uma emoção indescritível – medo? Vontade? Confusão? Ela apertou os punhos ao lado do corpo.

"Só... só vai pra aula, i-idiota!" Gaguejou, a voz falhando no final. E então, num movimento rápido, ela girou nos calcanhares. A saia escolar rodou levemente com o impulso.

Ela disparou pelo portão da escola, corredor adentro, tão rápido quanto fugira do quarto dele. Só que agora, em vez de lágrimas de raiva, o rosto estava completamente tomado por uma rubor intenso, que subia até as pontas das orelhas. Seus passos ecoaram no corredor quase vazio, diminuindo à medida que ela desaparecia na curva.

Rito ficou sozinho sob o portão de ferro, as mãos ainda meio estendidas no ar, congelado no gesto que não chegou a completar – um abraço que nunca aconteceu. O sino da escola tocou alto, anunciando o início das aulas, mas ele mal o ouviu. O único som que ecoava em sua mente era aquele sussurro quase inaudível:

"Eu... eu não iria ficar irritada... Se fosse... só um abraço."

Um calor diferente, confuso mas inegavelmente quente, começou a crescer em seu próprio peito.

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Escola Sainan...
O sino da manhã soara havia cinco minutos quando a porta da sala 2-A se abriu. Todos os olhos se voltaram para a figura que surgiu no vão, ofegante. Rito Yuuki estava irreconhecível. Com um estilo único que agora moldava um torso amplo e definido, os músculos dos braços tensionando o tecido. Seus olhos, varriam a sala com uma confiança que deixara para trás a timidez crônica. A postura era ereta, quase desafiante.

O efeito foi imediato e eletrizante. Quase todas as garotas da sala tiveram a mesma reação involuntária: corações pulsando em seus olhos. Um suspiro coletivo ecoou, seguido por sussurros afiados:

"Meu Deus... é o Rito?"

"Ele parece um guerreiro saído de um mangá!"

"Quando ele ficou... assim?"

"Nossa, que look é esse? Cadê o uniforme?"

"Olha só todo estiloso! Quase não reconheci!"

Momo recostou-se na janela, o olhar perdido em Rito enquanto um sorriso úmido lhe escapava dos lábios. A memória da noite anterior invadiu-a como uma onda quente — os corpos entrelaçados, os lençóis revolvidos. Cada detalhe pulsava vívido em sua mente, fazendo-a tremer levemente ao revisitar aqueles instantes na penumbra do quarto.

Ao ver Rito, Lala colocou  as mãos no rosto e ficou vermelha lembrando do beijo que deu no Rito. Haruna ficou confusa com a a expressão da Lala.

"RITOOO! Aqui! Senta aqui!" Lala estava em pé, acenando freneticamente, um sorriso radiante iluminando seu rosto, completamente alheia à tempestade de emoções ao seu redor. Seus olhos brilhavam com pura felicidade por vê-lo, a transformação física sendo apenas um detalhe excitante para sua mente inocente.

Nana, ao lado de Lala, virou o rosto bruscamente para a janela, mas as pontas de suas orelhas e a nuca exposta ardiam em vermelho. A lembrança do abraço de Rito ainda ecoava nela – aquela pressão forte, o calor do seu corpo contra o dela, seguida pelo choque da cena no banheiro, A cena do beijo entre Rito e Momo, o Rito querendo abraça-la, criava um turbilhão de raiva, constrangimento e... algo mais que ela se recusava a nomear. "Idiota... monstro... mostrando-se assim..." Pensou, apertando os punhos.

Risa Momioka, algumas fileiras atrás, estava visivelmente ansiosa e nervosa. Seus dedos tamborilavam no caderno, os lábios movendo-se em silêncio. "Terraço... depois da aula... 'Rito-kun, eu gosto de você'..." O plano de confissão que a consumira a noite toda parecia ainda mais audacioso diante daquela nova versão magnética de Rito. A presença dele, tão intensa, a deixava tonta.

Mio Sawada, sentada ao lado de Risa, sentiu o coração acelerar como um tambor de guerra. Seu olhar fixou-se nas costas largas de Rito enquanto ele se dirigia ao lugar indicado por Lala. A imagem do beco escuro invadiu sua mente: a facilidade com que ele arremessara o agressor, a força inacreditável... e o beijo que ela lhe dera na bochecha. Um rubor intenso tomou seu rosto. "Por que estou lembrando disso agora?!"

Mea Kurosaki, na fileira da frente, não conseguia parar de sorrir. Seu corpo parecia vibrar de alegria. "Rito-senpaaii! Tão forte! Tão legal! Tão... Yami, olha! Olha como ele está brilhando!" Sussurrou para Yami, ao seu lado, puxando discretamente sua manga.

Yami, por sua vez, observava Rito com uma expressão de surpresa suave, seguida por um leve, quase imperceptível sorriso que tocou seus lábios por um segundo. Seus olhos afiados avaliaram sua postura, a aura de poder contido. "Ele está bem. Mais que bem. Forte." Uma pontada de orgulho, algo raro para ela, surgiu em seu peito.

Haruna Sairenji e Yui Kotegawa, sentadas juntas, trocaram um olhar de choque absoluto. Haruna levou as mãos ao rosto, tentando disfarçar o rubor que queimava suas bochechas. "Rito-kun... tão diferente..."

Yui murmurando baixinho: "I-Indecente! Aparecer assim, causando tanto alvoroço!". Mas mesmo sua voz usualmente rígida falhava, e seu próprio rosto estava quente.

Foi então que Run Elsie Jewelria, movida por um impulso irrefreável, lançou-se nos braços de Rito assim que ele passou por sua carteira. "Rito-kuun! Bem-vindo de volta!". Para espanto geral, Rito não hesitou. Ele a abraçou de volta com naturalidade, um sorriso tranquilo nos lábios. "Obrigado, Run. É bom estar de volta". Run ficou paralisada por um segundo, surpresa e uma felicidade quente inundando-a. Ele não ficou vermelho? Não gaguejou? Apenas... aceitou? Seu sorriso se tornou ainda mais radiante. "S-sim!".

"Você mudou, o que aconteceu?" Run cruzou os braços.
"Eu explico depois." Rito soltou um sorriso. 

O choque foi palpável na sala. Os garotos, que já lançavam olhares assassinos e invejosos para Rito desde sua entrada, pareciam prestes a implodir. Murmúrios de "Traidor!", "Sortudo do caramba!", e "Como ele ousa?!" circulavam entre eles. As garotas sussurravam ainda mais excitadas: "Ele abraçou a Run sem hesitar!", "Está tão confiante!", "Que homem!".

Rito soltou Run gentilmente e se dirigiu ao seu lugar, ao lado de Lala, que o puxou para a cadeira com um abraço entusiasmado. "Rito, você está incrível! Parece um herói!". Ele sorriu para ela, um toque de sua antiga timidez surgindo por um instante sob a nova confiança. "Obrigado, Lala".

O professor, que observara toda a cena com uma mistura de exasperação e resignação, bateu palmas. "Muito bem, muito bem, senhor Yuuki, que bom que conseguiu chegar. Agora, se todos puderem se sentar e abrir o livro na página 152, vamos discutir a Revolução...".

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Na hora do intervalo...
O sino do almoço soou como um alívio e um novo início. Antes mesmo que Rito pudesse fechar seu caderno, ele foi cercado. Lala, Momo, Mio, Risa, Mea, Haruna, Yui e até Run formaram um círculo apertado em torno de sua carteira. Os garotos fugiram com olhares mortíferos, resmungando sobre "injustiça".
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"Rito-san! O que aconteceu?!"  "Como você ficou assim!?"  "Parece um super-herói!"  "Foi a invenção da Lala!?" As perguntas voavam de todos os lados.

Rito ergueu as mãos, tentando acalmar o burburinho. "Calma, pessoal, calma...". Ele respirou fundo. "Depois da explosão... do dispositivo da Lala..." Ele lançou um olhar rápido para Lala, que sorriu timidamente, "eu absorvi parte do poder da Yami." Todos os olhos se voltaram para Yami, que confirmou com um aceno sério, seus próprios olhos fixos em Rito. "Foi isso que causou essas... mudanças físicas. Nem eu ainda acredito direito."

O choque foi coletivo. Murmúrios de espanto e compreensão percorreram o grupo.

"Mas está incrível, Senpai!" Mea saltitou, incapaz de conter sua energia. Ela se aproximou e cutucou seu bíceps através da manga do uniforme. "Tão duro! Tão definido! Você deve conseguir levantar uma nave agora!" Um leve rubor subiu ao rosto de Rito, mas ele não recuou, apenas desviou o olhar com um sorriso.

Mio aproveitou a deixa. "É verdade! Nem parece o mesmo garoto desastrado que tropeçava em tudo!" Ela cruzou os braços, um sorriso provocante nos lábios. "Quem diria que o Senpai ficaria com esse corpão?"

Risa entrou na brincadeira, seu nervosismo momentaneamente esquecido. "Pois é! Deve ter dado um trabalho danado conseguir esses músculos, hein, Yuuki? Ou foi só a Invenção da Lala-chi fazendo milagres?" Ela piscou para ele.

Rito sentiu o calor subir pelo pescoço. "Ah, parem..." Ele murmurou, esfregando a nuca. A confiança do pós-Darkness ainda lutava contra a timidez arraigada quando confrontado com provocações tão diretas. Momo observava a cena com um sorriso satisfeito e um rubor persistente. Ver Rito sendo desejado assim, mesmo que provocativamente, era música para seus ouvidos de arquiteta do harém. Nana resmungou algo inaudível e virou o rosto novamente, mas seus ombros estavam tensos.

Enquanto Rito, ainda atordoado, relata tudo o que aconteceu com ele, Haruna vira-se para Lala e pergunta:
"Lala, por que você ficou toda vermelha quando viu o Rito?"

Lala, corando ainda mais, abaixa os olhos e responde timidamente:
"É que... ele me beijou..."

A revelação causa um choque instantâneo entre as outras garotas, que reagem com surpresa e incredulidade.

Yami arregalou os olhos surpresa.

Haruna sentiu um aperto no peito, sua mente tava um caos primeiro a confissão da Risa agora o Rito beijou a Lala, uma rachadura apareceu em sua barreira mental.

Risa e Mio ficaram boquiabertas, trocando um olhar atônito. Seus rostos congelaram em expressões de choque puro, como se não conseguissem acreditar no que acabaram de ouvir.

Mea, com um sorriso provocador, aproximou-se de Rito e sussurrou em seu ouvido:
"Então... o senpai beijou a Lala, não é?~"

Seus olhos cintilaram com mistério enquanto o encarava, divertindo-se com seu desconforto — até que uma pontada aguda lhe perfurou o peito, sem razão aparente.

Rito, surpreso, corou levemente. Mea riu.

Yui Kotegawa fulminou Rito com um olhar cortante, seus lábios tremendo de indignação. 'Indecente!' cuspiu, as palavras carregadas de desprezo, enquanto suas mãos se apertavam em punhos rígidos ao lado do corpo.

Momo e Nana ficaram indiferentes já que elas viram o beijo.

"Eu não vou perder para a Lala!" Run declarou com determinação, os olhos brilhando de desafio. Antes que Rito pudesse reagir, ela se aproximou dele num pulo: "Me beija também!" Exigiu, já se inclinando para capturar seus lábios.

Rito, surpreso mas inexplicavelmente dócil, abriu os braços num gesto de aceitação - seu rosto corando levemente. O coração de Run acelerou em triunfo...

CLACK!

Yui Kotegawa irrompeu no círculo, os olhos faiscando, a voz estridente de Kotegawa cortou o ar como uma lâmina: "Parem com essa indecência na escola!" Ela ordenou, interpondo-se entre os dois com as mãos nos quadris, seus olhos faiscando de reprovação.

"Mas é só um beijinho!" Protestou Run, fazendo beicinho. Porém, diante do olhar de aço da representante de classe, nem mesmo sua teimosia foi suficiente - com um suspiro derrotado, ela recuou, lançando a Rito um último olhar cheio de promessas.

//////////

O Relato de Mio...
A provocação sobre músculos levou Mio a um território perigoso. Empolgada, ou talvez querendo justificar seu próprio rubor e aceleração cardíaca, ela se adiantou. "Falando em milagres... vocês nem imaginam o que o Yuuki fez!"

Todas as atenções se voltaram para ela, inclusive a de Rito, que olhou para Mio com uma expressão de surpresa cautelosa.

"Foi depois que ele acordou do coma" Mio continuou, sua voz ganhando intensidade. "Eu estava voltando para casa à noite, por um beco mais escuro... e apareceu um cara! Um maluco com uma faca!". Ela encenou o susto, colocando uma mão no peito. "Eu estava aterrorizada! Achava que era o fim!"

O ar ficou pesado. Lala agarrou o braço de Rito, seus olhos arregalados de preocupação. Haruna e Yui pareceram pálidas. Yami franziu a testa.

"E então..." Mio apontou dramaticamente para Rito, "BAM! Ele apareceu do nada! Como se fosse um raio!". Seus olhos brilhavam ao relembrar. "O cara tentou me atacar, e o Rito... ele simplesmente agarrou o braço do sujeito com UMA MÃO!". Ela fez o gesto de esmagar. "E levantou o homem do chão como se ele fosse um saco de batatas! O cara deve ter o dobro do peso do Rito! E a faca voou longe!". Sua voz estava cheia de admiração. "Foi tão rápido... tão forte... tão... incrível." Ela olhou diretamente para Rito, seu rosto novamente ruborizado. "Ele me salvou."

Um silêncio impressionado seguiu-se. Até Nana olhou para Rito com uma expressão diferente - menos raiva, mais avaliação.

Risa, sentindo a mudança de atmosfera e o olhar intenso de Mio para Rito, não pôde resistir a uma última provocação. Ela deu um leve cotovelada em Mio. "Nossa, Mio... parece até conto de fadas! A princesa salva pelo cavaleiro músculoso no cavalo branco... ou melhor, no beco escuro!". Ela riu, mas seu olhar era perspicaz.

Mio ficou vermelha como um tomate. "R-Risa! Para com isso! Não foi nada disso!". Ela desviou o olhar de Rito, seu coração batendo loucamente contra as costelas.

Risa levantou uma sobrancelha, um sorriso lento se formando em seus lábios. A reação de Mio era gritante. "Ah é? 'Nada disso'? Então por que você está parecendo um pimentão, Mio? Aconteceu... algo mais no tal beco?". A pergunta foi feita em um tom de voz mais baixo, mas carregada de insinuação.

Mio engasgou. "Q-Que? Não! Claro que não! Ele só... ele só me levou para casa! Fim da história!". Ela virou o rosto completamente, tentando esconder a conflagração em suas bochechas. "O beijo... ela está sentindo o cheiro do beijo..." Pensou, em pânico. "Vou ali pegar... ar...". E antes que Risa pudesse pressionar mais, Mio se esgueirou para fora do círculo, caminhando rápido em direção à saída da sala.

//////////

Mio e Risa no Corredor...
Risa seguiu Mio alguns minutos depois, encontrando-a encostada na parede fria do corredor, tentando se acalmar. O barulho da sala de aula era um murmúrio distante.

"Mio?" Risa chamou suavemente.

Mio deu um leve pulo, mas não virou. "Risa...".

Risa se aproximou, apoiando-se na parede ao lado dela. "Tudo bem? Você parece... abalada."

Mio suspirou, um suspiro longo e trêmulo. "É esse Rito... ele está diferente. Muito diferente. E depois do que ele fez...". Ela finalmente olhou para Risa, seus olhos cheios de confusão. "Risa... você vai mesmo se confessar para ele hoje? Mesmo sabendo... da Lala?"

Risa olhou para as mãos. "Sim. Vou. Eu preciso fazer isso. E...", ela ergueu a cabeça, com uma determinação que surpreendeu até ela mesma, "eu vou contar para a Lala primeiro. É o certo. Ela merece saber."

Mio ficou impressionada. "Contar para a Lala? Mas... e se ela ficar chateada? Magoada?"

"Eu espero que não" Risa respondeu, sua voz um pouco trêmula. "A Lala é... especial. Ela ama o Rito de um jeito único. Mas eu também sinto algo, Mio. Algo forte. E está me comendo por dentro guardar isso. Se eu não falar, vou explodir." Ela deu uma risadinha nervosa. "Além disso, depois que ele te salvou..." Ela cutucou Mio gentilmente, "... não parece que as coisas estão ficando mais complicadas para todo mundo?"

Mio corou novamente, mas desta vez sem desviar o olhar. "S-sim", ela admitiu, sua voz um sussurro. "Risa, eu... eu acho que eu também sinto algo. Por ele. Depois do beco... depois de ver ele assim, tão forte e... presente...". Ela apertou os braços ao redor do corpo. "Mas como eu falo isso? Pra você? Pra... pra Lala? É um emaranhado!" Ela parecia perdida.

Risa colocou um braço em volta dos ombros de Mio, oferecendo conforto. "É um emaranhado mesmo, Mio-chan. Um grande, confuso, emocionante emaranhado. Mas..." Ela sorriu, um sorriso um pouco triste, um pouco esperançoso, "vamos enfrentar uma coisa de cada vez, certo? Hoje... é a minha vez de pular no abismo. Depois, a gente vê o seu emaranhado, ok?"

Mio encostou a cabeça no ombro de Risa por um segundo, agradecida. "Ok. E... boa sorte, Risa. De verdade."

"Obrigada" Risa sussurrou, seu coração acelerando novamente ao pensar no plano. "Eu vou precisar."

//////////

Com um novo ânimo, alimentado pela conversa com Mio e sua própria determinação renovada, Risa voltou para a sala decidida. O almoço estava acabando, e ela planejava abordar Rito assim que o sinal tocasse, convidando-o discretamente para o terraço. Ela ensaiava mentalmente as palavras: "Yuuki, você tem um minuto? Preciso falar com você em particular... lá no terraço?" Sim, assim mesmo. Simples. Direto.

O sino do fim do almoço soou. Risa se levantou rapidamente, seu olho varrendo a sala... mas a cadeira de Rito estava vazia.

"Onde...?" Ela murmurou, confusa. Lala estava conversando animadamente com Haruna. Momo e Nana discutiam sobre algo perto da janela. Mea e Yami já haviam saído. Rito simplesmente evaporara.

Ele não estava no corredor. Não estava na biblioteca. Não estava no pátio. Não estava no clube de artes. Risa percorreu a escola com o coração cada vez mais pesado. Cada minuto que passava era uma agulhada de ansiedade. O plano perfeito, a coragem reunida, tudo parecia desmoronar porque o alvo havia desaparecido.

O terraço estava vazio, o vento soprando frio. A decepção era um gosto amargo em sua boca. "Onde você está, Yuuki?"

//////////

A frustração e a ansiedade estavam prestes a consumir Risa quando ela lembrou de sua outra promessa: falar com Lala. Talvez fosse o momento. Encontrar Lala era sempre mais fácil. Ela estava no jardim da escola, sentada sob a grande cerejeira que começava a florescer, brincando alegremente com uma invenção minúscula que soltava bolhas coloridas.

"Lala?" Risa chamou, aproximando-se, seu coração batendo forte por um motivo diferente agora.

"Risa-chan!" Lala respondeu, seu sorriso iluminando o jardim sombrio. "Olha as bolhas! Elas mudam de cor com a música!

"Estão lindas, Lala" Risa disse, forçando um sorriso. Ela sentou-se ao lado da princesa, respirando fundo. O aroma das flores de cerejeira parecia intenso demais. "Lala... eu preciso te contar uma coisa. Algo importante."

Lala desligou a invenção, sua expressão se tornando atenta e curiosa. "O que é, Risa-chan? Você parece séria."

Risa olhou para suas mãos entrelaçadas no colo. As palavras pareciam presas na garganta. "É agora. Diga."  "Lala..." Ela começou, sua voz um pouco rouca. "Eu... eu gosto do Yuuki. Muito. Desde... desde antes de tudo isso acontecer. E agora... com ele assim...". Ela não conseguiu continuar, levantando os olhos para encontrar o olhar de Lala.

O que ela viu não foi raiva, nem tristeza, nem mesmo surpresa total. Lala ficou com os olhos arregalados como pratas, sua boca formando um pequeno "o". Por um segundo, Risa temeu o pior. Mas então, o rosto de Lala explodiu em um sorriso tão radiante quanto o sol.

"Risa-chaaaaan!" Ela gritou, pulando de alegria e agarrando as mãos de Risa. "Isso é MARAVILHOSO! Eu sabia! Eu sentia que você gostava do Rito!". Ela dançou no lugar, girando Risa com ela. "É tão romântico! Confessar seu amor!"

Risa ficou atônita. "Você... você sabia? E você não... não se importa?"

"Claro que não me importo!" Lala parou de girar, mas continuou segurando as mãos de Risa, seus olhos brilhando com lágrimas de felicidade? Emoção? "O amor é lindo, Risa-chan! E o Rito é incrível! Por que eu ficaria chateada se mais pessoas descobrissem como ele é incrível?". Ela soltou uma mão para coçar o queixo, pensativa. "Até a Haruna-chan...", ela começou, mas então cobriu a boca com força, seus olhos arregalando novamente. "Oops! Quase falei demais! Segredo!". Ela fez um gesto de zíper nos lábios.

Risa ficou ainda mais confusa. Haruna também? Mas Lala já estava de volta ao assunto principal.

"Risa-chan" Lala disse, sua voz cheia de uma solenidade surpreendente. Ela segurou as mãos de Risa novamente, olhando diretamente em seus olhos. "Eu vou torcer por você! Com todo o meu coração! Torcerei para que o Rito veja o quanto você é maravilhosa e como você o ama!".

O alívio que inundou Risa foi tão intenso que quase a fez chorar. A aceitação, a pureza do apoio de Lala, era mais do que ela jamais sonhara. "Lala..." Ela sussurrou, emocionada. "Muito obrigada. Você não tem ideia do quanto isso significa para mim."

Lala apenas sorriu, um sorriso puro e luminoso.

Mas uma dúvida persistiu na mente de Risa, impulsionada pela declaração inesperada de Lala. "Lala... e você?" Risa perguntou, cautelosa. "Se eu me confessar para o Rito... e se ele... o que isso significa para você? Para o que você sente por ele?" Era a pergunta que assombrava todos os outros sentimentos naquela sala.

Lala olhou para Risa, e seu sorriso não diminuiu; ele apenas ganhou uma camada de profunda convicção, quase serena. Seus olhos pareciam fixos em algo muito distante, algo luminoso. "Eu..." Ela disse, sua voz clara e cheia de uma fé inabalável, "Vou torcer pelo meu amor também, Risa-chan. Com toda a minha força!". Ela piscou, um piscar cheio de significado e mistério. "O universo é grande, e os corações são maiores ainda!".

Risa ficou parada, olhando para Lala. Ela não entendia completamente. Como Lala podia "torcer pelo seu amor" se ela amava Rito? Era sobre aceitar a resposta dele, fosse qual fosse? Ou... havia algo mais na visão de mundo da princesa que Risa simplesmente não conseguia captar? A confusão era grande, mas era ofuscada por uma profunda gratidão e um peso imenso tirado de seus ombros. Lala não apenas sabia, mas aprovava e apoiava. Era um milagre.

"Obrigada, Lala" Risa repetiu, seu sorriso agora mais genuíno, apesar da confusão persistente. "De verdade. Você é... incrível."

Lala riu, o som como sinos. "E você é corajosa, Risa-chan! Agora vai lá! Encontre o Rito e fale o que está no seu coração!". Ela empurrou Risa gentilmente na direção do prédio principal. "Vai! Vai! O amor não pode esperar!"

Risa riu, um pouco nervosa novamente, mas com uma nova centelha de esperança. "Está bem! Vou tentar encontrá-lo!". Ela começou a andar, olhando para trás uma última vez. Lala acenava animadamente, sua invenção de bolhas coloridas relançada, iluminando-a como uma fada sob a cerejeira.

Risa revistou corredores, pátios e cantos escondidos, mas Rito havia evaporado. O sino do fim do intervalo ecoou, sepultando no ar parado da tarde sua confissão não-feita e a pergunta que ardia: Onde ele estava?



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