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To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem
Escrita por: Matheus Leandro (Magnatah)
Capítulo 13 - O Preço do Silêncio
No Capítulo Anterior...
Rito apertou-a, um profundo senso de paz e realização inundando-o, mais intenso do que qualquer orgasmo. Ele beijou o topo de sua cabeça, inalando seu cheiro misturado com o deles.
"Eu também, Momo." ele sussurrou, sua voz carregada de uma emoção crua que não precisava de mais palavras. O brilho dourado perto de seu olho pulsou suavemente, uma marca permanente de sua paixão pela princesa Deviluke em seus braços, sob a luz prateada da lua.
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A lua prateada banhava o quarto, pintando de branco suave os corpos entrelaçados de Rito e Momo na cama. O ar ainda pulsava com o eco do calor recente, misturado ao cherio doce e salgado do suor e da paixão consumada. Momo estava aninhada contra o peito de Rito, sua perna jogada sobre seus quadris, os dedos traçando padrões preguiçosos na pele úmida dele. O coração acelerado dela batia em sincronia com o dele, um tambor duplo de satisfação profunda. Rito a envolvia com o braço, puxando-a ainda mais perto, inundado por uma paz avassaladora, mais intensa que qualquer pico de prazer físico.
CRRRRREEEEEEEEEEEEEEEEK.
O som não veio da porta. Veio das sombras mais profundas do canto do quarto, onde a luz da lua não alcançava. Era um ruído de algo sólido se deslocando, como madeira velha sendo torcida, mas emanando do próprio vazio. Rito e Momo congelaram no abraço, os músculos tensando instantaneamente. O ar, antes pesado de paz, ficou repentinamente elétrico, carregado de uma ameaça invisível.
Das trevas, como se o próprio breu se materializasse, uma figura emergiu. Alta, esguia, envolta em roupas escuras que sugavam a luz. Os longos cabelos pretos de Nêmesis brilharam fracamente, como fios de luar capturados. Seus olhos dourados, como duas brasas no escuro, fixaram-se nos dois na cama com uma intensidade que fez o sangue de Rito gelar. Um sorriso lento, cheio de predadora satisfação, curvou seus lábios.
"Boa noite, amantes." A voz de Nêmesis cortou o silêncio como uma lâmina, fria, calculista e impregnada de um tom de deboche.
Momo soltou um pequeno grito abafado, agarrando-se mais forte a Rito, seus olhos arregalados de choque e horror. Rito instintivamente tentou cobrir ambos com o lençol, mas sua mobilidade estava limitada pelo peso de Momo e pelo próprio pânico que o paralisava.
"Nêmesis?!" Momo explodiu, a voz tremula de raiva e constrangimento. "O que… o que você está fazendo aqui?! Como você entrou?!"
Nêmesis deu um passo adiante, saindo completamente da sombra. A luz da lua iluminou seu rosto impassível, exceto pelos olhos que cintilavam de diversão maligna. "Entrar? Sombras são minhas aliadas de longa data, princesinha" ela disse, com um encolher de ombros despreocupado. "Mas quanto ao 'o que estou fazendo aqui'…" Ela fez uma pausa dramática, o sorriso se alargando. "Achei que era hora de cobrar o meu favor. E esta" ela fez um gesto vago em direção à cama desarrumada e aos corpos ainda expostos, "não me parece uma maneira muito grata de agradecer, não é?"
Momo franziu a testa, a confusão misturando-se à fúria. "Favor? Que favor? Do que você está falando?"
Nêmesis soltou uma risadinha baixa, um som que arrepiava a espinha. "Oh, ingrata. Você realmente acha que aquela performance vocal… entusiástica… passaria despercebida?" Seus olhos perfuraram Momo. "Os seus gemidos, princesa. Eram altos o suficiente para despertar os mortos. E aqueles gritos? 'Mais forte, Rito-san~♥' A vizinhança inteira deve estar com as orelhas latejando."
O rosto de Momo transformou-se instantaneamente num tom escarlate profundo, tão intenso que parecia emitir calor. "Eu… eu não gritei assim!" ela protestou, mas sua voz falhou, fraca e cheia de vergonha. Rito, ao seu lado, sentiu o próprio rosto pegar fogo, um rubor quente subindo do pescoço até as orelhas. Ele desviou o olhar, incapaz de enfrentar o olhar penetrante de Nêmesis ou a constatação horrível de que alguém os ouvira.
"Ah, não?" Nêmesis inclinou a cabeça, fingindo inocência. Então, mudando completamente sua postura, ela arqueou as costas levemente, colocou uma mão no quadril e, com uma voz que era uma imitação perfeita e exageradamente sensual da de Momo, começou: "Ri…to…♥" A voz era melosa, cheia de arquejos teatrais. "S-Sim~♥ ahh♥, sim~♥ Tão quente~♥ Tão bom~♥"
Os olhos de Rito arregalaram até o limite, parecendo prestes a saltar das órbitas. Ele sentiu Momo estremecer violentamente contra ele, um gemido de puro constrangimento escapando de seus lábios. O rosto dela estava agora enterrado no peito dele, mas ele podia sentir o calor irradiando. O seu próprio rosto estava tão quente que ele temia começar a fumegar.
"P-Para!" Rito e Momo gritaram em uníssono, suas vozes estridentes de vergonha. "Fala baixo!" Rito acrescentou, quase suplicando.
Nêmesis riu, um som claro e cortante que ecoou no quarto silencioso. "Falar baixo? Depois do concerto que vocês deram? Vocês fizeram barulho suficiente para acordar a cidade inteira, não apenas a vizinhança!" Ela sacudiu a cabeça, fingindo reprovação. "Mas não se preocupem. Vocês devem agradecer à minha... prevenção estratégica." Seus olhos brilharam com malícia. "Aquele silêncio conveniente que protegeu suas reputações? Veio disso aqui." Ela apontou um dedo esbelto para a cama do Rito, mais abaixo do colchão. "Pendurado discretamente no teto da cama, bem aqui. Um abafador sônico de curto alcance."
Rito e Momo seguiram a direção do dedo dela com olhos arregalados de choque. Antes que pudessem reagir, Nêmesis deu um salto ágil, descolou algo pequeno e preto grudado na madeira do dossel e aterrissou suavemente no chão. Ela mostrou o dispositivo, do tamanho de um isqueiro, com uma luz azul agora piscando erraticamente.
"Deixei ele aqui há umas semanas" ela confessou, girando o aparelho nos dedos com familiaridade. "Ativei remotamente antes de vir esta noite. Planejava ter uma... conversinha privada com o meu servo sem alertar toda a casa." Seu sorriso foi carregado de insinuações perturbadoras. "Mas o destino é irônico, não? Vocês dois é que acabaram se beneficiando do meu brinquedinho. Ele simplesmente sufoca as ondas sonoras num raio de 20 metros, impedindo que seus gemidos épicos, princesa, chegassem sequer ao corredor. Imaginem se a Lala tivesse ouvido você gritando 'Me faz sua!~♥' em alta definição?"
Momo levantou a cabeça o suficiente para encarar Nêmesis, o rosto ainda vermelho, mas os olhos agora estreitados num misto de raiva e alívio. "Então… foi você quem nos ajudou? Por quê?"
"Ajudou é uma palavra forte" Nêmesis corrigiu, guardando o dispositivo. "Foi mais um… investimento. Afinal, agora vocês me devem um favorzinho." Seus olhos desceram lentamente, com intenção calculada, parando na região abaixo da cintura de Rito, ainda parcialmente coberta pelo lençol. Um sorrisinho provocativo, lascivo, apareceu em seus lábios. "Na verdade…" ela arrastou a palavra, o olhar fixo e intenso, "um favorzão."
Rito soltou um guincho agudo e puxou o lençol freneticamente para cima, cobrindo-se completamente até o pescoço, seu rosto uma máscara de vergonha. Momo soltou um rosnado de raiva, protegendo Rito com seu próprio corpo.
Nêmesis riu novamente, divertida com a reação. "Relaxem, relaxem. O pagamento pode esperar." Seus olhos então percorreram o corpo de Rito, mesmo coberto. "Mas você… está diferente, Yuuki Rito." ela observou, a voz perdendo um pouco do deboche e ganhando um tom de genuína curiosidade. "Mais… sólido. Mais… presente. Menos o garotinho tímido que tropeçava no corredor. Interessante, Talvez eu volte a frequentar a escola. As coisas parecem estar ficando muito mais… divertidas."
"Por que você não estava frequentando a escola?" Perguntou Rito, tentando mudar de assunto.
"É que eu estava... resolvendo uns probleminhas." Respondeu Nêmesis, com um tom evasivo.
Rito engoliu em seco, encontrando coragem para falar por cima do constrangimento. "Q-Qual favor?" ele perguntou, a voz ainda trêmula. "O que você vai pedir?"
Nêmesis ergueu um dedo esbelto. "Tudo a seu tempo, servo. Tudo a seu tempo. A pressa estraga a negociação." Ela deu outro passo em direção à cama, o que fez Momo se encolher mais e Rito se contrair.
Momo, ainda furiosa mas agora também consumida pela curiosidade mórbida, agarrou-se à única outra pergunta que importava: "Há quanto tempo você está aqui?!"
O sorriso de Nêmesis voltou, largo e cheio de implicância. "Desde quando?" Ela fez uma pausa, como se consultasse uma memória preciosa. "Ah, sim…" Ela fechou os olhos brevemente e, quando os abriu, imitou novamente a voz de Momo, mas desta vez com um tom de urgência e possessividade que fez os dois estremecerem: "Me faça sua!~♥ Sim, acho que foi por aí. Um momento bastante… decisivo, não acham?"
"VOCÊ…!" Momo explodiu, a vergonha transformando-se em fúria pura. Sem pensar, ela agarrou o travesseiro mais próximo – o que estava sob a cabeça de Rito – e atirou-o com força contra Nêmesis. "SAI DAQUI! ESTÁ ATRAPALHANDO!"
Nêmesis desviou com a agilidade de um gato, o travesseiro passando por ela e batendo na parede com um baque surdo. "Tsk, tsk, princesinha. Agressividade desnecessária" Ela repreendeu, mas então sua expressão mudou ligeiramente. Ela olhou para o dispositivo no bolso. A luz azul, que piscava fracamente, apagou-se subitamente. "Ops" ela disse, com uma falta de sinceridade flagrante. "Parece que o brinquedinho perdeu a carga. Qualquer segundo agora…"
Um silêncio absoluto caiu sobre o quarto. O silêncio do dispositivo desligado. O silêncio antes da tempestade. Era um silêncio pesado, carregado do terror de que, a qualquer momento, os sons do mundo exterior – ou pior, os sons vindos de outros quartos da casa – pudessem invadir aquele espaço, revelando brutalmente o que havia acontecido ali.
Momo prendeu a respiração, os olhos arregalados de pânico. "Ela… ela nos salvou de um constrangimento horrível" O pensamento atravessou sua mente como um relâmpago, mesclando-se à raiva. "Mas esse favor… vai ser um problema colossal". Rito parecia ter paralisado, os músculos tensos como aço sob o lençol.
Nêmesis deu de ombros, um gesto despreocupado que contrastava violentamente com o terror que pairara no ar. "Bem, o dever está cumprido. O favor… será cobrado no futuro." Seus olhos cintilaram com uma promessa sinistra. "Até logo, servo. Durmam bem… se conseguirem." Sem mais cerimônia, ela se virou e, com a mesma fluidez com que aparecera, mergulhou de volta nas sombras profundas ao lado da janela. Por um instante, sua silhueta foi visível contra o luar, e então ela desapareceu, como se nunca tivesse estado ali.
Rito e Momo permaneceram imóveis, petrificados. O silêncio agora era absoluto, mas diferente. Era o silêncio do choque, do alívio perverso mesclado ao pavor do futuro. Lentamente, como se estivessem saindo de um transe, eles soltaram o ar que estavam segurando em uníssono, um longo e tremulo suspiro que ecoou no quarto vazio.
"Ela… ela foi embora?" Momo sussurrou, sua voz ainda trêmula, o rosto ainda flamejante.
"P-Parece que sim." Rito engasgou, finalmente conseguindo soltar o lençol o suficiente para olhar ao redor. O quarto estava vazio, exceto por eles. A única evidência da visita de Nêmesis era o travesseiro no chão e a lembrança vívida de sua presença perturbadora.
O momento de intimidade perfeita estava irremediavelmente quebrado, substituído por uma sensação pegajosa de constrangimento e a ameaça nebulosa de um "favorzão" futuro. O cheio do sexo no ar, antes doce, agora parecia pesado, incriminador.
"Precisamos… precisamos nos limpar" Momo disse, afastando-se finalmente de Rito. O contato pele com pele, que antes era reconfortante, agora parecia expô-los demais.
Rito concordou com a cabeça, aliviado por ter algo prático para fazer. "S-Sim. Banho. Eu… eu vou depois de você."
Momo deslizou para fora da cama, evitando olhar para Rito ou para as manchas reveladoras nos lençóis. Ela pegou seu vestido, que estava jogado no chão, e o envolveu firmemente ao redor do corpo antes de sair rapidamente em direção ao banheiro, sua cabeça baixa.
Rito ficou sozinho na cama, a realidade da situação atingindo-o em ondas. Nêmesis os ouvira. Ela os vira. Ela tinha um dispositivo que provava o que acontecera. E agora ele estava endividado com ela. Ele encostou a cabeça na cabeceira, os olhos fechados, tentando processar o furacão que acabara de passar. O som da água correndo no banheiro trouxe um pequeno conforto. Ação. Movimento. Era melhor do que ficar ali, paralisado.
Quando Momo voltou, envolta em seu roupão, o cabelo úmido, parecia mais composta, embora o rubor ainda tingisse suas maçãs. "Sua vez" ela disse, evitando contato visual direto.
Rito levantou-se rapidamente, ainda envolto no lençol como uma armadura improvisada. Ele se dirigiu ao banheiro, a água quente do chuveiro foi um bálsamo, lavando não apenas o suor e os fluidos secos, mas também, ele esperava, um pouco da vergonha avassaladora. Enquanto se ensaboava, as palavras de Nêmesis ecoavam em sua mente. "Um favorzão." O que ela poderia querer? O olhar dela em sua região inferior… Rito lavou-se com mais vigor, tentando apagar a imagem.
Ao voltar para o quarto, vestindo um pijama limpo, ele encontrou Momo já em ação. Ela havia retirado os lençóis e a fronha sujos da cama com eficiência prática, evitando olhar para as manchas. Rito juntou-se a ela, ajudando a estender os lençóis limpos que ela havia pego do armário. Trabalhar juntos na tarefa mundana de trocar a roupa de cama trouxe uma estranha normalidade ao ambiente tenso. Os lençóis sujos foram cuidadosamente dobrados – Rito insistiu em fazer isso, evitando que Momo tocasse neles diretamente – e colocados no cesto de roupa suja no canto do quarto. Era como esconder as provas.
Com a cama arrumada e fresca, um novo silêncio caiu, menos pesado que o anterior, mas ainda carregado. Momo ficou ao lado da cama, hesitante, torcendo as pontas do roupão.
"Eu…" ela começou, sua voz pequena no quarto silencioso. "Eu vou dormir com você." Não era uma pergunta. Era uma afirmação, mas havia uma vulnerabilidade por trás dela, uma necessidade de reconexão após a violação de sua intimidade.
Rito olhou para ela. O medo, a vergonha e a incerteza ainda estavam lá, nos olhos roxos dela. Mas também estava aquele amor que os unira horas antes, que os fizera esquecer o mundo. Ele sentiu algo se aquecer dentro de si. Pela primeira, desde antes da aparição de Nêmesis, um sorriso verdadeiro, ainda que pequeno e cansado, apareceu em seus lábios. Não era um sorriso tímido ou envergonhado. Era um sorriso de aceitação, de cumplicidade, de "estamos nisso juntos".
"Sim" ele concordou, sua voz suave, mas firme. "Vamos dormir juntos."
A felicidade que iluminou o rosto de Momo foi instantânea e radiante, afastando momentaneamente as sombras da noite. Ela se aproximou rapidamente, subiu na cama e, antes que Rito pudesse se deitar, pegou seu rosto entre as mãos. "Rito-san…" Ela sussurrou, e então beijou-o. Não era um beijo apaixonado como os que haviam compartilhado antes, mas era profundo, cheio de gratidão, alívio e um amor renovado. Rito retribuiu o beijo, envolveu-a com os braços, puxando-a para perto. Foi um selo de reconforto mútuo.
Rito apertou-a, um profundo senso de paz e realização inundando-o, mais intenso do que qualquer orgasmo. Ele beijou o topo de sua cabeça, inalando seu cheiro misturado com o deles.
"Eu também, Momo." ele sussurrou, sua voz carregada de uma emoção crua que não precisava de mais palavras. O brilho dourado perto de seu olho pulsou suavemente, uma marca permanente de sua paixão pela princesa Deviluke em seus braços, sob a luz prateada da lua.
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A lua prateada banhava o quarto, pintando de branco suave os corpos entrelaçados de Rito e Momo na cama. O ar ainda pulsava com o eco do calor recente, misturado ao cherio doce e salgado do suor e da paixão consumada. Momo estava aninhada contra o peito de Rito, sua perna jogada sobre seus quadris, os dedos traçando padrões preguiçosos na pele úmida dele. O coração acelerado dela batia em sincronia com o dele, um tambor duplo de satisfação profunda. Rito a envolvia com o braço, puxando-a ainda mais perto, inundado por uma paz avassaladora, mais intensa que qualquer pico de prazer físico.
CRRRRREEEEEEEEEEEEEEEEK.
O som não veio da porta. Veio das sombras mais profundas do canto do quarto, onde a luz da lua não alcançava. Era um ruído de algo sólido se deslocando, como madeira velha sendo torcida, mas emanando do próprio vazio. Rito e Momo congelaram no abraço, os músculos tensando instantaneamente. O ar, antes pesado de paz, ficou repentinamente elétrico, carregado de uma ameaça invisível.
Das trevas, como se o próprio breu se materializasse, uma figura emergiu. Alta, esguia, envolta em roupas escuras que sugavam a luz. Os longos cabelos pretos de Nêmesis brilharam fracamente, como fios de luar capturados. Seus olhos dourados, como duas brasas no escuro, fixaram-se nos dois na cama com uma intensidade que fez o sangue de Rito gelar. Um sorriso lento, cheio de predadora satisfação, curvou seus lábios.
"Boa noite, amantes." A voz de Nêmesis cortou o silêncio como uma lâmina, fria, calculista e impregnada de um tom de deboche.
Momo soltou um pequeno grito abafado, agarrando-se mais forte a Rito, seus olhos arregalados de choque e horror. Rito instintivamente tentou cobrir ambos com o lençol, mas sua mobilidade estava limitada pelo peso de Momo e pelo próprio pânico que o paralisava.
"Nêmesis?!" Momo explodiu, a voz tremula de raiva e constrangimento. "O que… o que você está fazendo aqui?! Como você entrou?!"
Nêmesis deu um passo adiante, saindo completamente da sombra. A luz da lua iluminou seu rosto impassível, exceto pelos olhos que cintilavam de diversão maligna. "Entrar? Sombras são minhas aliadas de longa data, princesinha" ela disse, com um encolher de ombros despreocupado. "Mas quanto ao 'o que estou fazendo aqui'…" Ela fez uma pausa dramática, o sorriso se alargando. "Achei que era hora de cobrar o meu favor. E esta" ela fez um gesto vago em direção à cama desarrumada e aos corpos ainda expostos, "não me parece uma maneira muito grata de agradecer, não é?"
Momo franziu a testa, a confusão misturando-se à fúria. "Favor? Que favor? Do que você está falando?"
Nêmesis soltou uma risadinha baixa, um som que arrepiava a espinha. "Oh, ingrata. Você realmente acha que aquela performance vocal… entusiástica… passaria despercebida?" Seus olhos perfuraram Momo. "Os seus gemidos, princesa. Eram altos o suficiente para despertar os mortos. E aqueles gritos? 'Mais forte, Rito-san~♥' A vizinhança inteira deve estar com as orelhas latejando."
O rosto de Momo transformou-se instantaneamente num tom escarlate profundo, tão intenso que parecia emitir calor. "Eu… eu não gritei assim!" ela protestou, mas sua voz falhou, fraca e cheia de vergonha. Rito, ao seu lado, sentiu o próprio rosto pegar fogo, um rubor quente subindo do pescoço até as orelhas. Ele desviou o olhar, incapaz de enfrentar o olhar penetrante de Nêmesis ou a constatação horrível de que alguém os ouvira.
"Ah, não?" Nêmesis inclinou a cabeça, fingindo inocência. Então, mudando completamente sua postura, ela arqueou as costas levemente, colocou uma mão no quadril e, com uma voz que era uma imitação perfeita e exageradamente sensual da de Momo, começou: "Ri…to…♥" A voz era melosa, cheia de arquejos teatrais. "S-Sim~♥ ahh♥, sim~♥ Tão quente~♥ Tão bom~♥"
Os olhos de Rito arregalaram até o limite, parecendo prestes a saltar das órbitas. Ele sentiu Momo estremecer violentamente contra ele, um gemido de puro constrangimento escapando de seus lábios. O rosto dela estava agora enterrado no peito dele, mas ele podia sentir o calor irradiando. O seu próprio rosto estava tão quente que ele temia começar a fumegar.
"P-Para!" Rito e Momo gritaram em uníssono, suas vozes estridentes de vergonha. "Fala baixo!" Rito acrescentou, quase suplicando.
Nêmesis riu, um som claro e cortante que ecoou no quarto silencioso. "Falar baixo? Depois do concerto que vocês deram? Vocês fizeram barulho suficiente para acordar a cidade inteira, não apenas a vizinhança!" Ela sacudiu a cabeça, fingindo reprovação. "Mas não se preocupem. Vocês devem agradecer à minha... prevenção estratégica." Seus olhos brilharam com malícia. "Aquele silêncio conveniente que protegeu suas reputações? Veio disso aqui." Ela apontou um dedo esbelto para a cama do Rito, mais abaixo do colchão. "Pendurado discretamente no teto da cama, bem aqui. Um abafador sônico de curto alcance."
Rito e Momo seguiram a direção do dedo dela com olhos arregalados de choque. Antes que pudessem reagir, Nêmesis deu um salto ágil, descolou algo pequeno e preto grudado na madeira do dossel e aterrissou suavemente no chão. Ela mostrou o dispositivo, do tamanho de um isqueiro, com uma luz azul agora piscando erraticamente.
"Deixei ele aqui há umas semanas" ela confessou, girando o aparelho nos dedos com familiaridade. "Ativei remotamente antes de vir esta noite. Planejava ter uma... conversinha privada com o meu servo sem alertar toda a casa." Seu sorriso foi carregado de insinuações perturbadoras. "Mas o destino é irônico, não? Vocês dois é que acabaram se beneficiando do meu brinquedinho. Ele simplesmente sufoca as ondas sonoras num raio de 20 metros, impedindo que seus gemidos épicos, princesa, chegassem sequer ao corredor. Imaginem se a Lala tivesse ouvido você gritando 'Me faz sua!~♥' em alta definição?"
Momo levantou a cabeça o suficiente para encarar Nêmesis, o rosto ainda vermelho, mas os olhos agora estreitados num misto de raiva e alívio. "Então… foi você quem nos ajudou? Por quê?"
"Ajudou é uma palavra forte" Nêmesis corrigiu, guardando o dispositivo. "Foi mais um… investimento. Afinal, agora vocês me devem um favorzinho." Seus olhos desceram lentamente, com intenção calculada, parando na região abaixo da cintura de Rito, ainda parcialmente coberta pelo lençol. Um sorrisinho provocativo, lascivo, apareceu em seus lábios. "Na verdade…" ela arrastou a palavra, o olhar fixo e intenso, "um favorzão."
Rito soltou um guincho agudo e puxou o lençol freneticamente para cima, cobrindo-se completamente até o pescoço, seu rosto uma máscara de vergonha. Momo soltou um rosnado de raiva, protegendo Rito com seu próprio corpo.
Nêmesis riu novamente, divertida com a reação. "Relaxem, relaxem. O pagamento pode esperar." Seus olhos então percorreram o corpo de Rito, mesmo coberto. "Mas você… está diferente, Yuuki Rito." ela observou, a voz perdendo um pouco do deboche e ganhando um tom de genuína curiosidade. "Mais… sólido. Mais… presente. Menos o garotinho tímido que tropeçava no corredor. Interessante, Talvez eu volte a frequentar a escola. As coisas parecem estar ficando muito mais… divertidas."
"Por que você não estava frequentando a escola?" Perguntou Rito, tentando mudar de assunto.
"É que eu estava... resolvendo uns probleminhas." Respondeu Nêmesis, com um tom evasivo.
Rito engoliu em seco, encontrando coragem para falar por cima do constrangimento. "Q-Qual favor?" ele perguntou, a voz ainda trêmula. "O que você vai pedir?"
Nêmesis ergueu um dedo esbelto. "Tudo a seu tempo, servo. Tudo a seu tempo. A pressa estraga a negociação." Ela deu outro passo em direção à cama, o que fez Momo se encolher mais e Rito se contrair.
Momo, ainda furiosa mas agora também consumida pela curiosidade mórbida, agarrou-se à única outra pergunta que importava: "Há quanto tempo você está aqui?!"
O sorriso de Nêmesis voltou, largo e cheio de implicância. "Desde quando?" Ela fez uma pausa, como se consultasse uma memória preciosa. "Ah, sim…" Ela fechou os olhos brevemente e, quando os abriu, imitou novamente a voz de Momo, mas desta vez com um tom de urgência e possessividade que fez os dois estremecerem: "Me faça sua!~♥ Sim, acho que foi por aí. Um momento bastante… decisivo, não acham?"
"VOCÊ…!" Momo explodiu, a vergonha transformando-se em fúria pura. Sem pensar, ela agarrou o travesseiro mais próximo – o que estava sob a cabeça de Rito – e atirou-o com força contra Nêmesis. "SAI DAQUI! ESTÁ ATRAPALHANDO!"
Nêmesis desviou com a agilidade de um gato, o travesseiro passando por ela e batendo na parede com um baque surdo. "Tsk, tsk, princesinha. Agressividade desnecessária" Ela repreendeu, mas então sua expressão mudou ligeiramente. Ela olhou para o dispositivo no bolso. A luz azul, que piscava fracamente, apagou-se subitamente. "Ops" ela disse, com uma falta de sinceridade flagrante. "Parece que o brinquedinho perdeu a carga. Qualquer segundo agora…"
Um silêncio absoluto caiu sobre o quarto. O silêncio do dispositivo desligado. O silêncio antes da tempestade. Era um silêncio pesado, carregado do terror de que, a qualquer momento, os sons do mundo exterior – ou pior, os sons vindos de outros quartos da casa – pudessem invadir aquele espaço, revelando brutalmente o que havia acontecido ali.
Momo prendeu a respiração, os olhos arregalados de pânico. "Ela… ela nos salvou de um constrangimento horrível" O pensamento atravessou sua mente como um relâmpago, mesclando-se à raiva. "Mas esse favor… vai ser um problema colossal". Rito parecia ter paralisado, os músculos tensos como aço sob o lençol.
Nêmesis deu de ombros, um gesto despreocupado que contrastava violentamente com o terror que pairara no ar. "Bem, o dever está cumprido. O favor… será cobrado no futuro." Seus olhos cintilaram com uma promessa sinistra. "Até logo, servo. Durmam bem… se conseguirem." Sem mais cerimônia, ela se virou e, com a mesma fluidez com que aparecera, mergulhou de volta nas sombras profundas ao lado da janela. Por um instante, sua silhueta foi visível contra o luar, e então ela desapareceu, como se nunca tivesse estado ali.
Rito e Momo permaneceram imóveis, petrificados. O silêncio agora era absoluto, mas diferente. Era o silêncio do choque, do alívio perverso mesclado ao pavor do futuro. Lentamente, como se estivessem saindo de um transe, eles soltaram o ar que estavam segurando em uníssono, um longo e tremulo suspiro que ecoou no quarto vazio.
"Ela… ela foi embora?" Momo sussurrou, sua voz ainda trêmula, o rosto ainda flamejante.
"P-Parece que sim." Rito engasgou, finalmente conseguindo soltar o lençol o suficiente para olhar ao redor. O quarto estava vazio, exceto por eles. A única evidência da visita de Nêmesis era o travesseiro no chão e a lembrança vívida de sua presença perturbadora.
O momento de intimidade perfeita estava irremediavelmente quebrado, substituído por uma sensação pegajosa de constrangimento e a ameaça nebulosa de um "favorzão" futuro. O cheio do sexo no ar, antes doce, agora parecia pesado, incriminador.
"Precisamos… precisamos nos limpar" Momo disse, afastando-se finalmente de Rito. O contato pele com pele, que antes era reconfortante, agora parecia expô-los demais.
Rito concordou com a cabeça, aliviado por ter algo prático para fazer. "S-Sim. Banho. Eu… eu vou depois de você."
Momo deslizou para fora da cama, evitando olhar para Rito ou para as manchas reveladoras nos lençóis. Ela pegou seu vestido, que estava jogado no chão, e o envolveu firmemente ao redor do corpo antes de sair rapidamente em direção ao banheiro, sua cabeça baixa.
Rito ficou sozinho na cama, a realidade da situação atingindo-o em ondas. Nêmesis os ouvira. Ela os vira. Ela tinha um dispositivo que provava o que acontecera. E agora ele estava endividado com ela. Ele encostou a cabeça na cabeceira, os olhos fechados, tentando processar o furacão que acabara de passar. O som da água correndo no banheiro trouxe um pequeno conforto. Ação. Movimento. Era melhor do que ficar ali, paralisado.
Quando Momo voltou, envolta em seu roupão, o cabelo úmido, parecia mais composta, embora o rubor ainda tingisse suas maçãs. "Sua vez" ela disse, evitando contato visual direto.
Rito levantou-se rapidamente, ainda envolto no lençol como uma armadura improvisada. Ele se dirigiu ao banheiro, a água quente do chuveiro foi um bálsamo, lavando não apenas o suor e os fluidos secos, mas também, ele esperava, um pouco da vergonha avassaladora. Enquanto se ensaboava, as palavras de Nêmesis ecoavam em sua mente. "Um favorzão." O que ela poderia querer? O olhar dela em sua região inferior… Rito lavou-se com mais vigor, tentando apagar a imagem.
Ao voltar para o quarto, vestindo um pijama limpo, ele encontrou Momo já em ação. Ela havia retirado os lençóis e a fronha sujos da cama com eficiência prática, evitando olhar para as manchas. Rito juntou-se a ela, ajudando a estender os lençóis limpos que ela havia pego do armário. Trabalhar juntos na tarefa mundana de trocar a roupa de cama trouxe uma estranha normalidade ao ambiente tenso. Os lençóis sujos foram cuidadosamente dobrados – Rito insistiu em fazer isso, evitando que Momo tocasse neles diretamente – e colocados no cesto de roupa suja no canto do quarto. Era como esconder as provas.
Com a cama arrumada e fresca, um novo silêncio caiu, menos pesado que o anterior, mas ainda carregado. Momo ficou ao lado da cama, hesitante, torcendo as pontas do roupão.
"Eu…" ela começou, sua voz pequena no quarto silencioso. "Eu vou dormir com você." Não era uma pergunta. Era uma afirmação, mas havia uma vulnerabilidade por trás dela, uma necessidade de reconexão após a violação de sua intimidade.
Rito olhou para ela. O medo, a vergonha e a incerteza ainda estavam lá, nos olhos roxos dela. Mas também estava aquele amor que os unira horas antes, que os fizera esquecer o mundo. Ele sentiu algo se aquecer dentro de si. Pela primeira, desde antes da aparição de Nêmesis, um sorriso verdadeiro, ainda que pequeno e cansado, apareceu em seus lábios. Não era um sorriso tímido ou envergonhado. Era um sorriso de aceitação, de cumplicidade, de "estamos nisso juntos".
"Sim" ele concordou, sua voz suave, mas firme. "Vamos dormir juntos."
A felicidade que iluminou o rosto de Momo foi instantânea e radiante, afastando momentaneamente as sombras da noite. Ela se aproximou rapidamente, subiu na cama e, antes que Rito pudesse se deitar, pegou seu rosto entre as mãos. "Rito-san…" Ela sussurrou, e então beijou-o. Não era um beijo apaixonado como os que haviam compartilhado antes, mas era profundo, cheio de gratidão, alívio e um amor renovado. Rito retribuiu o beijo, envolveu-a com os braços, puxando-a para perto. Foi um selo de reconforto mútuo.
Eles se deitaram lado a lado na cama fresca. Momo se virou de lado, encaixando suas costas perfeitamente contra o peito de Rito. Ele a envolveu com o braço, puxando-a para perto, sentindo o calor reconfortante do corpo dela através do roupão e do pijama. Ela pegou sua mão e a segurou contra seu peito. A mecha dourada perto do olho de Rito, que havia diminuído para um brilho mínimo durante o banho e a arrumação, pulsou suavemente uma vez, como um coração tranquilo, refletindo não a excitação, mas uma profunda sensação de lar, de pertencimento, mesmo após o caos.
"Boa noite, Rito-san." Momo murmurou, seu corpo relaxando finalmente contra o dele.
"Boa noite, Momo." Ele sussurrou de volta, enterrando o rosto no cabelo úmido dela, inalando o cheiro limpo do shampoo, agora livre do perfume anterior da noite.
Fora, a lua continuava sua vigília silenciosa. Dentro, envoltos um no outro como duas conchas, Rito e Momo afundaram lentamente no sono, exaustos física e emocionalmente. A ameaça de Nêmesis e o favor sombrio pendiam sobre eles como uma nuvem no horizonte, mas naquele momento, naquele abraço apertado, na conchinha perfeita, havia apenas paz reconquistada, calor compartilhado e a promessa silenciosa de enfrentarem o futuro juntos. O primeiro capítulo de sua intimidade terminara em caos, mas o vínculo, testado pelo fogo do constrangimento e da ameaça, parecia, paradoxalmente, mais forte do que nunca. A mecha de cabelo pulsou uma última vez, fracamente, como um farol no escuro, antes de se apagar completamente, deixando-os dormir sob o manto prateado da noite.
"Boa noite, Rito-san." Momo murmurou, seu corpo relaxando finalmente contra o dele.
"Boa noite, Momo." Ele sussurrou de volta, enterrando o rosto no cabelo úmido dela, inalando o cheiro limpo do shampoo, agora livre do perfume anterior da noite.
Fora, a lua continuava sua vigília silenciosa. Dentro, envoltos um no outro como duas conchas, Rito e Momo afundaram lentamente no sono, exaustos física e emocionalmente. A ameaça de Nêmesis e o favor sombrio pendiam sobre eles como uma nuvem no horizonte, mas naquele momento, naquele abraço apertado, na conchinha perfeita, havia apenas paz reconquistada, calor compartilhado e a promessa silenciosa de enfrentarem o futuro juntos. O primeiro capítulo de sua intimidade terminara em caos, mas o vínculo, testado pelo fogo do constrangimento e da ameaça, parecia, paradoxalmente, mais forte do que nunca. A mecha de cabelo pulsou uma última vez, fracamente, como um farol no escuro, antes de se apagar completamente, deixando-os dormir sob o manto prateado da noite.
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