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To Love-Ru Darkness 3: Onde as Estrelas se Dissolvem
Escrita por: Matheus Leandro (Magnatah)
Capítulo 11 - O Evangelho da Princesa das Rosas
No Capítulo Anterior...
E enquanto se virava na cama, tentando em vão dormir, uma única certeza permanecia: O banho com Momo não fora um incidente. Fora um ponto de virada. E as consequências desse mergulho só haviam começado. A luta entre Rito Yuuki e o seus verdadeiros desejos, e a aceitação de sua própria natureza, mal começara. E o harém de Momo? Ele estava prestes a entrar em um território totalmente novo e perigosamente tentador.
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Rito limpou a mente da confusão do dia e sentou-se na beira da cama, mas outros pensamentos logo o invadiram. Olhando para as estrelas visíveis pela janela, uma expressão séria, quase grave, em seu rosto.
Antes, o mero pensamento do "Plano Harem" elaborado por Momo o faria entrar em combustão espontânea. A timidez era uma muralha intransponível, um nevoeiro que turvava qualquer raciocínio mais complexo sobre sentimentos. Mas algo mudara. As constantes situações absurdas, os perigos enfrentados juntos, as confissões – diretas ou indiretas. A timidez ainda estava lá, um sussurro familiar, mas não era mais o rugido paralisante de antes.
"Muitas garotas..." O pensamento ecoou em sua mente, claro e inegável. Não era mais uma ilusão ou um mal-entendido gigantesco. Era um fato. Haruna, seu primeiro amor, aquela pureza e doçura que ainda aceleravam seu coração. Lala, a princesa alienígena que trouxe o caos à sua vida com sua afeição transbordante e inocente, e a quem ele se apegara profundamente. Momo, a princesa pervertida que arquitetou o plano harém e que sempre está o ajudando. Run Elise Jewelria, cujo amor intenso e possessivo era impossível de ignorar. Nem mesmo Mikan, sua irmã, escapava dessa teia complexa de afeto. E outras... tantas outras que cruzaram seu caminho com sentimentos genuínos.
O cerne da questão, que agora ele conseguia encarar com uma lucidez surpreendente, era simples e devastador: ele gostava delas também. Cada uma de uma maneira única, intensa e verdadeira. Gostava da tranquilidade ao lado de Haruna, da energia contagiante de Lala, da paixão ardente de Run e do apego pela Momo, dentre muitos outros. Negar isso seria negar uma parte fundamental de si mesmo.
O "Plano Harem" da Momo já não parecia uma loucura absurda ou uma armadilha constrangedora. Diante da montanha de evidências dos seus próprios sentimentos e dos sentimentos das outras, ele começava a parecer... lógico. Uma solução insana para um problema igualmente insano.
"Se eu escolher apenas uma..." Rito encolheu os ombros, um peso invisível pressionando seus ombros. "... as outras ficarão magoadas. Muito magoadas." Ele via os olhos tristes de Haruna, a confusão devastadora de Lala, o desespero histérico de Run. A ideia de causar essa dor era insuportável. Momo, em sua sabedoria manipuladora e afetuosa, tinha apontado para essa verdade crua.
O "não" ainda sussurrava, baseado na normalidade terrestre, no que era "certo" segundo os livros e a sociedade. Mas o "sim"...
O "sim" ganhava força, alimentado pelo desejo genuíno de ver todas felizes, de não ter que negar o que sentia por nenhuma delas, e sim, de admitir para si mesmo que seu coração era grande o suficiente para abrigar mais de um amor. Era um conceito estranho, assustador, que desafiava tudo o que ele conhecia.
Ele ergueu a mão, observando a luz prateada da lua iluminar sua palma. Um pequeno sorriso, hesitante mas determinado, tocou seus lábios. A inclinação era clara. O medo e a dúvida ainda lutavam, mas a balança penderia fortemente para o "sim". Não por conveniência, não apenas para evitar conflitos, mas porque, no fundo do seu coração que agora ele ousava examinar, fazia sentido. Fazia sentido amar e ser amado, mesmo que de uma forma que o mundo talvez nunca entendesse.
Faltava o passo final. Faltava coragem para verbalizar, para encarar Momo e dizer que seu plano... talvez não fosse tão maluco assim. Mas a semente estava plantada, germinando rápido sob a luz clara da lua e da nova coragem que brotava dentro de Yuuki Rito. O caminho do harem, antes impensável, agora se estendia à sua frente, não como um abismo, mas como uma possibilidade real, assustadoramente tentadora.
E assim, com a lua testemunhando sua resolução silenciosa, Rito deitou-se pronto para dormir.
//////////
Na perspectiva da Momo, Perdida em pensamentos...
Apenas pensar naquela cena... O vapor quente embaçando os espelhos, o som da água escorrendo, abafando tudo… exceto os meus gemidos.
"Rito-san…♥"
Meus dedos se apertam contra o tecido do meu vestido, lembrando daquela mão quente, firme, que me guiou com uma segurança que eu nunca esperaria do Rito mais tímido. Aquele toque, aquele jeito que ele me olhou — como se eu fosse a única coisa que importava naquele momento — me fez derreter.
E agora… agora ele está diferente. Menos hesitante. Mais consciente do que quer.
"Hmm…"
Um sorriso lento se forma nos meus lábios, e eu não consigo evitar — uma gotinha de saliva escapa. "Oops."
Se ele já foi capaz de me deixar assim...
Talvez… talvez dê para acelerar o Plano Harem.
//////////
Foi nesse limiar entre duvidas e aceitações que a porta deslizante do quarto se moveu. Um centímetro. Dois. Silêncio absoluto, exceto pelo rangido quase imperceptível da madeira. Rito não abriu os olhos, mas cada fibra muscular em seu corpo sutilmente se tensionou. Seus sentidos, aguçados por anos de ataques-surpresa de Momo, registraram o leve odor de rosas e pêssegos. Momo.
Ele a viu em sua mente antes mesmo de abrir os olhos: os pés descalços afundando no tatame, o reflexo prateado da lua dançando sobre seus cabelos rosa, o vestido de dormir de seda transparente. Ela congelou quando seu pé esquerdo produziu um estalido mínimo no assoalho. Rito abriu os olhos lentamente, sem surpresa, girando a cabeça no travesseiro. Seu olhar encontrou o dela no meio da penumbra – dois orbes roxos arregalados como os de uma corça iluminada por faróis.
"M-Momo?" sua voz era áspera pelo sono, mas firme. "Tudo bem?"
Ela saltou ligeiramente, as mãos se apertando diante do corpo. "R-Rito-san! Você... você estava acordado?"
"Quase dormindo" ele corrigiu suavemente, empurrando-se para sentar. Os músculos das costas se delinearam sob a pele enquanto se apoiava na cabeceira. "Mas algo me diz que você não veio aqui para roubar minhas cobertas de novo." Um fio de humor na voz, mas os olhos permaneciam sérios, analíticos.
Momo engoliu seco, sua sombra alongando-se no chão como uma criatura nervosa. "Eu... preciso falar com você. Algo importante. Posso...?" Ela indicou a cama com um gesto hesitante.
Rito assentiu, afastando as cobertas ao seu lado. "Claro. Sempre."
Ela se aproximou como uma silhueta de sonho, o vestido sussurrando contra suas coxas. Sentou-se na beirada da cama, mantendo uma distância respeitosa, mas o calor de seu corpo irradiava como um pequeno sol. Por um momento, apenas o tique-taque do relógio de parede e a sinfonia noturna dos grilos preencheram o espaço entre eles. Rito observava-a, paciente. Ele conhecia os ritmos de Momo – a mente estratégica que calculava probabilidades, mas que agora parecia presa em um loop de ansiedade.
"Rito-san" ela começou, os dedos entrelaçando-se e desentrelaçando-se no colo. "Eu... eu preciso saber. O que você realmente acha do Plano do Harém?"
A pergunta pairava no ar como um cristal suspenso, pronta para se estilhaçar. Rito não respondeu imediatamente. Ele inclinou a cabeça para trás, seus olhos perdendo-se nas sombras do teto. O Plano do Harém... a solução arquitetada por Momo para resolver os "problemas românticos" dele com Lala, Haruna, Run, e tantas outras. Uma teia de intenções nobres e desejos ocultos.
"Antes de você chegar" ele murmurou, a voz grave ecoando no silêncio, "eu estava pensando nisso."
E então as memórias inundaram-no, vívidas e sensoriais, como portais abertos para momentos que aceleravam seu coração até hoje:
O beijo quente de Mio em suas bochechas. O rubor escarlate que inundara seu rosto, seus olhos evitando os dele. "Até amanhã! E… obrigada! Obrigada mesmo pela ajuda!".
Lala em casa, O caos de invenções malucas. O gosto surpreendentemente doce de seus lábios, como mel. O olhar dela, inicialmente surpreso, depois derretendo em uma afeição radiante e sem filtros. "O Rito... me beijou..." A confusão pura, a excitação vertiginosa que lhe roubara o fôlego.
Momo no Banheiro: Vapor quente embaçando os espelhos, o som de água corrente escondendo outros sons. Seus gemidos abafados, enquanto seus dedos habilidosos a conduziam ao êxtase. Os olhos roxos vidrados, perdidos em um universo de puro prazer que ele desencadeara.
Outras imagens relampejaram: Haruna escondendo um sorriso tímido atrás de um livro; Run espionando-o com olhos cintilantes de admiração; Nana ralhando com ele com as bochechas coradas, disfarçando preocupação com raiva. Cada rosto, cada momento, era um fio de um novelo complexo que apertava seu peito.
Ele voltou ao presente, encontrando os olhos ansiosos de Momo fixos nele. "É... complicado, Momo" ele admitiu, esfregando o rosto com uma mão. "Todas elas... cada uma tocou algo em mim. Fez meu coração acelerar, me deixou confuso, feliz, as vezes assustado. Aceitar o harém significa aceitar que posso... ferir elas. Que posso não ser capaz de dar a cada uma o amor completo que merecem. É um peso imenso." Seus olhos castanhos perfuraram os dela, carregados de uma seriedade que fez seu coração estremecer. "Mas antes de eu dar minha resposta... há uma pergunta que sempre martelou na minha mente, Momo."
Ele se inclinou para frente, reduzindo a distância entre eles. O luar acentuava a linha de seu queixo forte, a sombra sob seus olhos intensos.
"Qual o real motivo do Plano do Harém?"
Momo estremeceu como se tivesse levado um choque. Os olhos se arregalaram, pupilas dilatando num piscar de terror puro. Sua respiração ficou ofegante, superficial. As mãos no colo apertaram-se com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Ela tentou desviar o olhar, mas o dele era um farol inescapável.
"O... o motivo?" sua voz saiu como um fio de ar, frágil e quebrado. "Eu te disse, Rito-san! É para a sua felicidade! Para estabilidade! Para que ninguém se machuque..."
"Momo." O nome foi um comando suave, mas inflexível. Não uma pergunta. Uma exigência por verdade.
A resistência dela se quebrou. Um tremor percorreu todo o seu corpo, da ponta dos pés descalços até os cabelos rosa. Ela encolheu os ombros, parecendo menor, frágil, vulnerável de uma forma que Rito nunca vira – a máscara da Princesa Astuta completamente derrubada.
"Não..." o sussurro saiu rasgado, seguido por um soluço abafado. "Não foi só por isso." Lágrimas prateadas, refletindo a lua, começaram a escorrer incontroláveis por suas faces. "Eu... eu menti, Rito-san. Para você... para mim mesma... para todas."
Ela ergueu o rosto encharcado, seus olhos implorando por compreensão através do véu de lágrimas. A vergonha e o medo eram palpáveis.
"O Plano do Harém..." ela engasgou, a voz um uivo contido de dor. "... foi uma desculpa! Uma desculpa egoísta, covarde e nojenta!"
Rito não se moveu. Não respirou. Seu mundo se estreitou para a figura trêmula diante dele.
"Eu não conseguia..." Momo continuou, as palavras jorrando como sangue de uma ferida aberta. "Não suportava a ideia de ver você com outra... de ver você escolher Haruna ou Run, ou qualquer outra... e me deixar de fora. De perdê-lo para sempre!" Ela enterrou o rosto nas mãos, os ombros sacudindo violentamente. "Mas eu também... eu também não tinha coragem. Coragem de olhar nos seus olhos e dizer: 'Escolha só a mim, Rito-san! Eu te amo, só eu te mereço!' Eu era uma covarde! Uma princesa covarde que usou uma coroa de boas intenções para esconder seu próprio coração egoísta!"
Ela ergueu as mãos, olhando para elas como se estivessem sujas. "Então eu criei o harém. Meu jeito mesquinho, tortuoso... de garantir que, não importa quantas você escolhesse no final... eu ainda estaria lá. Que eu ainda teria um pedacinho do seu tempo, da sua atenção... do seu... amor." Ela engoliu com força, a voz reduzida a um fio de desespero: "Tudo... tudo foi porque eu sou perdidamente, loucamente, insanamente apaixonada por você, Rito! Desde o momento que vi sua gentileza e seu verdadeiro eu com aquele olhar assustado e gentil! Desde o primeiro constrangimento, o primeiro susto, a primeira vez que seu toque me fez tremer por dentro! Meu coração foi seu! Inteiro! Sem divisões, sem estratégias, só... só amor puro e devastador!"
Ela ofegou, curvando-se para frente como se o peso da confissão fosse esmagá-la. "Eu te amo tanto... tanto que doía. Tanto que eu preferi compartilhar você com todo o universo... a arriscar não ter nenhum pedaço seu. Por favor... perdoe-me... por ser tão fraca... tão egoísta..."
O silêncio que se seguiu foi absoluto. O ar parecia cristalizado, carregado da energia crua da confissão. As lágrimas de Momo pingavam no tecido do vestido, manchas escuras na seda prateada. Rito a observava – a arquiteta do harém – reduzida a um núcleo pulsante de amor, medo e arrependimento. Não havia cálculo ali. Apenas verdade nua e crua, dolorosamente linda em sua imperfeição.
Então, Rito se moveu. Não com pressa, mas com uma solenidade imensa. Ele se levantou da cama, sua figura alta e musculosa projetando uma sombra que envolveu Momo. Ela encolheu-se, esperando a rejeição, a decepção, a ira que merecia.
Em vez disso, ele se ajoelhou diante dela, no chão frio do tatame, colocando-se abaixo de sua linha de visão. Suas mãos grandes e quentes envolveram as dela, que estavam frias e trêmulas.
"Eu sei" ele murmurou, sua voz um cobertor quente e pesado envolvendo sua fragilidade.
Momo estacou, os olhos inchados e vermelhos arregalando-se em choque. "S-Sabia...?"
"Sabia que o amor que te move é tão vasto" ele começou, seus polegares esfregando círculos calmantes nas costas de suas mãos, "que às vezes ele se perde nos seus próprios labirintos. Sabia que por trás da estrategista genial, batia o coração de uma garota apaixonada e assustada – assustada de ser deixada para trás, assustada de não ser suficiente." Ele ergueu uma mão, tocando seu rosto molhado. Seu polegar, áspero e gentil, limpou uma nova lágrima. "E esse amor... esse amor perdido, apaixonado e às vezes desesperado... é o que eu mais admiro em você, Momo Belia Deviluke."
Momo soltou um soluço abafado, o alívio começando a se misturar à incredulidade. "Mas eu... menti... trapaceei..."
"Você criou uma constelação complexa" Rito corrigiu, sua voz serena mas poderosa, como a maré, "só para garantir que um garoto confuso e perdido como eu..." ele tocou seu próprio peito, sobre o coração que batia forte, "... pudesse aprender a amar sem ser destruído pelo medo ou pela culpa. Você se ofereceu como uma entre muitas, escondendo seu sonho mais profundo de ser a única. Você rasgou seu próprio coração em público para tentar costurar o meu." Seus olhos brilharam com uma compreensão profunda que a despedaçou e reconstruiu ali mesmo. "Isso não é fraqueza, Momo. É coragem. A coragem mais dolorosa, complicada e linda que já vi."
Ele deslizou a mão que estava em seu rosto para trás de seu pescoço, seus dedos se entrelaçando nos fios macios de cabelo. Sua outra mão continuou segurando a dela com firmeza. Ele puxou-a suavemente para frente, até que seus rostos estivessem a um sopro de distância. O calor de seus corpos se fundia. O cheiro dela – rosas e algo eletrizante, único – inundou seus sentidos.
"Eu te amo, Momo" ele sussurrou, as palavras saindo roucas, carregadas de um sentimento tão denso que parecia físico. "Amo a princesa astuta. Amo a garota perversa que me ensina sobre prazer. Mas acima de tudo... amo a garota perdidamente apaixonada que usou as estrelas como desculpa para ficar ao lado do garoto que ama. Amo toda a sua verdade – até a parte que você escondeu no escuro, pensando que era feia." Seu olhar mergulhou no dela, fundo e inescapável. "Amo você. Inteira."
As lágrimas de Momo voltaram com força redobrada, mas agora eram diferentes. Lavavam a culpa, a vergonha, o medo. "Rito-san...!" O nome foi um hino, uma prece, um grito de libertação.
"O Plano do Harém" Rito continuou, sua voz ganhando uma ressonância solene, "eu aceito. Não como uma gaiola, ou uma obrigação... mas como um caminho que você traçou com as melhores partes do seu coração. Um caminho que me permite amar todas aquelas que tocaram minha vida, sem negar o que sinto por cada uma." Ele inclinou-se ainda mais perto, seus lábios quase tocando os dela. O ar entre eles vibrava. "Mas saiba isto, Momo, Princesa de Deviluke, arquiteta do meu caos amoroso..." Seus olhos faiscaram com devoção absoluta. "Entre todas as estrelas que brilham nesse céu que você criou... você é o meu sol. O centro. A força que me atrai, que me aquece, que me dá vida. Sem você, o harém não seria um reino... seria apenas um deserto."
Ele não esperou por resposta. Não precisava. Com uma decisão calma e poderosa que brotava de anos de sentimentos reprimidos e agora finalmente compreendidos, Rito fechou a ínfima distância entre eles.
O beijo foi como o fechamento de um circuito cósmico. Inicialmente suave, um toque de reconhecimento – os lábios macios e ligeiramente salgados pelas lágrimas dela contra os dele, mais firmes e quentes. Momo emitiu um pequeno som, um gemido abafado de choque e êxtase, antes de se render completamente. Seus braços se enrolaram em torno de seu pescoço, seus dedos se enterrando em seus cabelos escuros. Rito respondeu envolvendo-a com seus braços fortes, puxando-a para mais perto, até que seu corpo se moldasse ao dele. O beijo se aprofundou, transformando-se em uma exploração lenta, apaixonada e profundamente íntima. Não havia pressa, apenas a descoberta mútua, a confirmação física de tudo o que havia sido dito. O gosto dela era único – doce como pêssego, picante como estrelas, e agora, finalmente, dela.
Quando eles finalmente se separaram, ofegantes, testas ainda unidas, o mundo ao redor parecia ter se transformado. A lua brilhava mais intensamente, banhando-os em prata líquida. Momo olhou para ele, seus olhos violeta ainda úmidos, mas agora iluminados por uma felicidade tão radiante que rivalizava com o luar.
"Rito-san..." ela sussurrou, sua voz rouca pela emoção e pelo beijo.
"Shhh..." ele acalmou, seu polegar traçando a linha de seu lábio inferior, inchado pelo contato. "Não precisa dizer mais nada, minha princesa das rosas. Hoje, o silêncio fala mais alto." Ele beijou sua testa, um selo de posse e promessa. "O Plano continua. Mas agora, caminharemos nele juntos. Com toda a verdade no centro."
Ainda de pé, sua figura imponente projetando uma sombra protetora sobre ela, e estendeu a mão. Momo olhou para aquela mão – a mão do seu amado que não a jugou, mas a aceitou, a mão que a conduzira ao êxtase, a mão que agora a levantava da escuridão de sua própria confissão. Com um sorriso que iluminou o quarto mais que a lua, ela colocou sua mão na dele.
Rito puxou-a suavemente para cima, envolvendo-a em um abraço que falava de pertencimento, de refúgio, de um futuro complexo e maravilhoso que se desdobraria sob o evangelho do luar e a luz recém-descoberta de seus corações. O Plano do Harém tinha um novo fundamento: não mais uma estratégia para esconder um amor, mas uma estrutura para celebrá-lo, com a Princesa das Rosas finalmente ocupando um trono ao seu lado. E naquela noite, sob a lua prateada, o amor deles, confessado e aceito, brilhou mais forte que qualquer estrela na vastidão do cosmos.
////////////////////
Ponto de vista da Momo...
O coração batia tão forte contra minhas costelas que eu temia que Rito-san pudesse ouvir. Tum. Tum. TUM. Como um tambor de guerra preso dentro do meu peito, ecoando no silêncio opressivo do quarto dele. Cada passo pelo corredor fora uma eternidade, cada centímetro que a porta deslizava parecia gritar minha presença. Idiota! Covarde! Por que não consegue simplesmente ficar quieta? Mas era tarde demais. O som do tatame sob meu pé traidor selou meu destino. Seus olhos se abriram, calmos, sérios. Não surpresa. Nunca surpresa comigo, não é, Rito-san? Ele sempre sabe.
"Tudo bem?" A voz dele, áspera de sono, foi uma faca no meu disfarce. Tudo bem? Nada estava bem! Meu mundo estava desmoronando, tijolo por tijolo de mentiras cuidadosamente empilhadas. Eu pedi para sentar, como uma condenada pedindo clemência. A distância que mantive na beirada da cama era uma piada cruel. Meu corpo inteiro vibrando de ansiedade, o calor dele me puxando como um ímã enquanto eu tentava me manter à tona num mar de pânico.
A pergunta saiu. A pergunta que eu arquitetara, que eu usara como escudo, como arma, como desculpa para tudo. "O que você realmente acha do Plano do Harém?" As palavras soaram ocas, falsas, mesmo na minha própria boca. Eu já sabia a resposta. Vi nos seus olhos antes, na serenidade com que ele encarava o caos que eu criara. A lucidez dele era um espelho horrível onde eu não queria me encarar.
Ele falou do peso, do medo de feri-las. Sim, pensei, é exatamente isso que você deveria temer! Mas então... então veio a pergunta que eu sempre soube que viria, a pergunta que eu enterrava sob camadas de lógica pervertida e manipulação afetuosa.
"Qual o real motivo do Plano do Harém?"
Crack.
Foi o som da minha máscara se estilhaçando. O mundo desfocou. O ar sumiu. Senti o sangue drenar do meu rosto, um frio glacial tomando conta, começando nas pontas dos dedos e subindo como veneno. Ele sabe. Os olhos dele... aqueles olhos castanhos sérios, penetrantes... eles não perguntavam. Exigiam. Exigiam a verdade podre que eu guardava no fundo mais escuro, nojento e covarde do meu ser.
A resistência foi inútil. Um tremor incontrolável tomou conta de mim. Encolhi-me, querendo desaparecer no tatame, na escuridão, em qualquer lugar que não fosse ali, sob aquele olhar que via tudo. As palavras tentaram fugir – as velhas desculpas sobre felicidade, estabilidade... mentiras. Tudo mentiras que eu contava para mim mesma há tanto tempo que quase acreditei.
"Não..." O sussurro saiu rasgado, um grito abafado. As lágrimas chegaram então, quentes, vergonhosas, incontroláveis. Escorriam como um rio de culpa, lavando a tinta da princesa astuta, revelando a garota assustada e mesquinha por baixo. "Eu... eu menti..." Confessar foi como arrancar um pedaço da minha própria alma. "Foi uma desculpa! Egoísta! Covarde! Nojenta!"
A verdade jorrou, um fluxo de pus de um ferimento que eu negava existir. O medo de perdê-lo. A incapacidade de encarar a rejeição. A covardia de não poder gritar "Escolha só a mim!". Como eu ousei? Como eu ousei tecer essa teia gigantesca, envolver tantas pessoas, manipular sentimentos... tudo porque eu era fraca? Porque o amor que eu sentia por Rito era um monstro tão grande, tão devorador, que eu preferia compartilhá-lo com o universo inteiro do que arriscar ficar com nada?
"Tudo... tudo foi porque eu sou perdidamente, loucamente, insanamente apaixonada por você, Rito!"
Ali estava. A verdade nua, crua, sangrando. Exposta aos olhos da lua e, pior, aos olhos dele. Escondi o rosto nas mãos, envergonhada até o âmago. Esperei. Esperei o nojo, a decepção, o grito de traição que eu merecia. A queda final da princesa pervertida, revelada como a fraudulenta, a egoísta, a fracassada que eu era.
O silêncio foi o pior castigo. Um vácuo onde só ecoava o som do meu próprio desespero.
Então ele se moveu. Não com repulsa. Ele... ajoelhou-se? Diante de mim? O choque foi tão violento que quase parei de chorar. Suas mãos, grandes, quentes, segurando as minhas, tão frias e trêmulas. O toque foi um choque de vida.
"Eu sei."
Duas palavras. Duas palavras que explodiram dentro de mim. Ele sabia? Como? Desde quando? O mundo virou de cabeça para baixo.
E então ele falou. Falou do meu amor "perdido, apaixonado e às vezes desesperado". Falou da coragem por trás da estratégia tortuosa. Chamou minha fraqueza de... coragem? A mais dolorosa, complicada e linda? Ele entendeu. Ele viu a motivação podre e a transformou em algo... quase nobre. Algo que ele admirava.
"Eu te amo, Momo."
O mundo parou. O coração parou. Tudo parou. As palavras ecoaram no vácuo que era a minha mente. Ele... me amava. Não apesar da verdade, mas por causa dela. Por toda ela – a astuta, a pervertida, a apaixonada, a covarde.
"Você é o meu sol."
Sol. Ele me chamou de sol. O centro. A força. Não uma entre muitas estrelas, mas o sol do harém que eu mesma arquitetara por medo de ser apenas mais uma estrela. A ironia era tão doce que doía.
O beijo... Oh, o beijo. Não foi surpresa, não foi invasão. Foi a conclusão inevitável, o fechamento do circuito. Quando seus lábios tocaram os meus, foi como se todas as peças quebradas dentro de mim se encaixassem de repente. Não havia mais estratégia, não havia mais plano, não havia mais medo. Só havia ele. Seu gosto, seu calor, seus braços fortes me envolvendo, me puxando para um lugar que eu nunca soube que existia: o lugar de pertencimento. De ser amada por inteiro, até nas sombras que eu odiava.
Quando nos separamos, ofegantes, testas unidas, o mundo tinha renascido. A lua não era mais uma testemunha silenciosa, mas uma celebrante. As lágrimas que ainda escorriam não eram de vergonha, mas de um alívio tão profundo, uma felicidade tão radiante que me cegava. Ele me via. Ele me amava. Ele aceitava o plano, mas agora juntos. Com a verdade no centro.
E quando ele estendeu a mão, não era para a princesa, ou para a estrategista, ou para a pervertida. Era para mim. Momo. A garota que finalmente se libertou. Coloquei minha mão na dele, sentindo a promessa naquele aperto firme. Ele me levantou – literal e figurativamente – da escuridão.
No abraço que se seguiu, envolvida no calor dele, no cheiro único que era Rito, eu finalmente entendi. O Plano do Harém nunca foi sobre ele, ou sobre as outras. Foi sempre sobre isso. Sobre esse momento. Sobre ser vista, compreendida e amada, sem reservas, pelo garoto que roubou meu coração com um olhar assustado e gentil. E naquele abraço, sob a luz prateada que agora abençoava nossa verdade, eu soube: nenhuma estratégia, por mais genial que fosse, poderia ser mais perfeita do que esse simples, devastador, maravilhoso amor.
E enquanto se virava na cama, tentando em vão dormir, uma única certeza permanecia: O banho com Momo não fora um incidente. Fora um ponto de virada. E as consequências desse mergulho só haviam começado. A luta entre Rito Yuuki e o seus verdadeiros desejos, e a aceitação de sua própria natureza, mal começara. E o harém de Momo? Ele estava prestes a entrar em um território totalmente novo e perigosamente tentador.
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Rito limpou a mente da confusão do dia e sentou-se na beira da cama, mas outros pensamentos logo o invadiram. Olhando para as estrelas visíveis pela janela, uma expressão séria, quase grave, em seu rosto.
Antes, o mero pensamento do "Plano Harem" elaborado por Momo o faria entrar em combustão espontânea. A timidez era uma muralha intransponível, um nevoeiro que turvava qualquer raciocínio mais complexo sobre sentimentos. Mas algo mudara. As constantes situações absurdas, os perigos enfrentados juntos, as confissões – diretas ou indiretas. A timidez ainda estava lá, um sussurro familiar, mas não era mais o rugido paralisante de antes.
"Muitas garotas..." O pensamento ecoou em sua mente, claro e inegável. Não era mais uma ilusão ou um mal-entendido gigantesco. Era um fato. Haruna, seu primeiro amor, aquela pureza e doçura que ainda aceleravam seu coração. Lala, a princesa alienígena que trouxe o caos à sua vida com sua afeição transbordante e inocente, e a quem ele se apegara profundamente. Momo, a princesa pervertida que arquitetou o plano harém e que sempre está o ajudando. Run Elise Jewelria, cujo amor intenso e possessivo era impossível de ignorar. Nem mesmo Mikan, sua irmã, escapava dessa teia complexa de afeto. E outras... tantas outras que cruzaram seu caminho com sentimentos genuínos.
O cerne da questão, que agora ele conseguia encarar com uma lucidez surpreendente, era simples e devastador: ele gostava delas também. Cada uma de uma maneira única, intensa e verdadeira. Gostava da tranquilidade ao lado de Haruna, da energia contagiante de Lala, da paixão ardente de Run e do apego pela Momo, dentre muitos outros. Negar isso seria negar uma parte fundamental de si mesmo.
O "Plano Harem" da Momo já não parecia uma loucura absurda ou uma armadilha constrangedora. Diante da montanha de evidências dos seus próprios sentimentos e dos sentimentos das outras, ele começava a parecer... lógico. Uma solução insana para um problema igualmente insano.
"Se eu escolher apenas uma..." Rito encolheu os ombros, um peso invisível pressionando seus ombros. "... as outras ficarão magoadas. Muito magoadas." Ele via os olhos tristes de Haruna, a confusão devastadora de Lala, o desespero histérico de Run. A ideia de causar essa dor era insuportável. Momo, em sua sabedoria manipuladora e afetuosa, tinha apontado para essa verdade crua.
O "não" ainda sussurrava, baseado na normalidade terrestre, no que era "certo" segundo os livros e a sociedade. Mas o "sim"...
O "sim" ganhava força, alimentado pelo desejo genuíno de ver todas felizes, de não ter que negar o que sentia por nenhuma delas, e sim, de admitir para si mesmo que seu coração era grande o suficiente para abrigar mais de um amor. Era um conceito estranho, assustador, que desafiava tudo o que ele conhecia.
Ele ergueu a mão, observando a luz prateada da lua iluminar sua palma. Um pequeno sorriso, hesitante mas determinado, tocou seus lábios. A inclinação era clara. O medo e a dúvida ainda lutavam, mas a balança penderia fortemente para o "sim". Não por conveniência, não apenas para evitar conflitos, mas porque, no fundo do seu coração que agora ele ousava examinar, fazia sentido. Fazia sentido amar e ser amado, mesmo que de uma forma que o mundo talvez nunca entendesse.
Faltava o passo final. Faltava coragem para verbalizar, para encarar Momo e dizer que seu plano... talvez não fosse tão maluco assim. Mas a semente estava plantada, germinando rápido sob a luz clara da lua e da nova coragem que brotava dentro de Yuuki Rito. O caminho do harem, antes impensável, agora se estendia à sua frente, não como um abismo, mas como uma possibilidade real, assustadoramente tentadora.
E assim, com a lua testemunhando sua resolução silenciosa, Rito deitou-se pronto para dormir.
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Na perspectiva da Momo, Perdida em pensamentos...
Apenas pensar naquela cena... O vapor quente embaçando os espelhos, o som da água escorrendo, abafando tudo… exceto os meus gemidos.
"Rito-san…♥"
Meus dedos se apertam contra o tecido do meu vestido, lembrando daquela mão quente, firme, que me guiou com uma segurança que eu nunca esperaria do Rito mais tímido. Aquele toque, aquele jeito que ele me olhou — como se eu fosse a única coisa que importava naquele momento — me fez derreter.
E agora… agora ele está diferente. Menos hesitante. Mais consciente do que quer.
"Hmm…"
Um sorriso lento se forma nos meus lábios, e eu não consigo evitar — uma gotinha de saliva escapa. "Oops."
Se ele já foi capaz de me deixar assim...
Talvez… talvez dê para acelerar o Plano Harem.
//////////
Foi nesse limiar entre duvidas e aceitações que a porta deslizante do quarto se moveu. Um centímetro. Dois. Silêncio absoluto, exceto pelo rangido quase imperceptível da madeira. Rito não abriu os olhos, mas cada fibra muscular em seu corpo sutilmente se tensionou. Seus sentidos, aguçados por anos de ataques-surpresa de Momo, registraram o leve odor de rosas e pêssegos. Momo.
Ele a viu em sua mente antes mesmo de abrir os olhos: os pés descalços afundando no tatame, o reflexo prateado da lua dançando sobre seus cabelos rosa, o vestido de dormir de seda transparente. Ela congelou quando seu pé esquerdo produziu um estalido mínimo no assoalho. Rito abriu os olhos lentamente, sem surpresa, girando a cabeça no travesseiro. Seu olhar encontrou o dela no meio da penumbra – dois orbes roxos arregalados como os de uma corça iluminada por faróis.
"M-Momo?" sua voz era áspera pelo sono, mas firme. "Tudo bem?"
Ela saltou ligeiramente, as mãos se apertando diante do corpo. "R-Rito-san! Você... você estava acordado?"
"Quase dormindo" ele corrigiu suavemente, empurrando-se para sentar. Os músculos das costas se delinearam sob a pele enquanto se apoiava na cabeceira. "Mas algo me diz que você não veio aqui para roubar minhas cobertas de novo." Um fio de humor na voz, mas os olhos permaneciam sérios, analíticos.
Momo engoliu seco, sua sombra alongando-se no chão como uma criatura nervosa. "Eu... preciso falar com você. Algo importante. Posso...?" Ela indicou a cama com um gesto hesitante.
Rito assentiu, afastando as cobertas ao seu lado. "Claro. Sempre."
Ela se aproximou como uma silhueta de sonho, o vestido sussurrando contra suas coxas. Sentou-se na beirada da cama, mantendo uma distância respeitosa, mas o calor de seu corpo irradiava como um pequeno sol. Por um momento, apenas o tique-taque do relógio de parede e a sinfonia noturna dos grilos preencheram o espaço entre eles. Rito observava-a, paciente. Ele conhecia os ritmos de Momo – a mente estratégica que calculava probabilidades, mas que agora parecia presa em um loop de ansiedade.
"Rito-san" ela começou, os dedos entrelaçando-se e desentrelaçando-se no colo. "Eu... eu preciso saber. O que você realmente acha do Plano do Harém?"
A pergunta pairava no ar como um cristal suspenso, pronta para se estilhaçar. Rito não respondeu imediatamente. Ele inclinou a cabeça para trás, seus olhos perdendo-se nas sombras do teto. O Plano do Harém... a solução arquitetada por Momo para resolver os "problemas românticos" dele com Lala, Haruna, Run, e tantas outras. Uma teia de intenções nobres e desejos ocultos.
"Antes de você chegar" ele murmurou, a voz grave ecoando no silêncio, "eu estava pensando nisso."
E então as memórias inundaram-no, vívidas e sensoriais, como portais abertos para momentos que aceleravam seu coração até hoje:
O beijo quente de Mio em suas bochechas. O rubor escarlate que inundara seu rosto, seus olhos evitando os dele. "Até amanhã! E… obrigada! Obrigada mesmo pela ajuda!".
Lala em casa, O caos de invenções malucas. O gosto surpreendentemente doce de seus lábios, como mel. O olhar dela, inicialmente surpreso, depois derretendo em uma afeição radiante e sem filtros. "O Rito... me beijou..." A confusão pura, a excitação vertiginosa que lhe roubara o fôlego.
Momo no Banheiro: Vapor quente embaçando os espelhos, o som de água corrente escondendo outros sons. Seus gemidos abafados, enquanto seus dedos habilidosos a conduziam ao êxtase. Os olhos roxos vidrados, perdidos em um universo de puro prazer que ele desencadeara.
Outras imagens relampejaram: Haruna escondendo um sorriso tímido atrás de um livro; Run espionando-o com olhos cintilantes de admiração; Nana ralhando com ele com as bochechas coradas, disfarçando preocupação com raiva. Cada rosto, cada momento, era um fio de um novelo complexo que apertava seu peito.
Ele voltou ao presente, encontrando os olhos ansiosos de Momo fixos nele. "É... complicado, Momo" ele admitiu, esfregando o rosto com uma mão. "Todas elas... cada uma tocou algo em mim. Fez meu coração acelerar, me deixou confuso, feliz, as vezes assustado. Aceitar o harém significa aceitar que posso... ferir elas. Que posso não ser capaz de dar a cada uma o amor completo que merecem. É um peso imenso." Seus olhos castanhos perfuraram os dela, carregados de uma seriedade que fez seu coração estremecer. "Mas antes de eu dar minha resposta... há uma pergunta que sempre martelou na minha mente, Momo."
Ele se inclinou para frente, reduzindo a distância entre eles. O luar acentuava a linha de seu queixo forte, a sombra sob seus olhos intensos.
"Qual o real motivo do Plano do Harém?"
Momo estremeceu como se tivesse levado um choque. Os olhos se arregalaram, pupilas dilatando num piscar de terror puro. Sua respiração ficou ofegante, superficial. As mãos no colo apertaram-se com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Ela tentou desviar o olhar, mas o dele era um farol inescapável.
"O... o motivo?" sua voz saiu como um fio de ar, frágil e quebrado. "Eu te disse, Rito-san! É para a sua felicidade! Para estabilidade! Para que ninguém se machuque..."
"Momo." O nome foi um comando suave, mas inflexível. Não uma pergunta. Uma exigência por verdade.
A resistência dela se quebrou. Um tremor percorreu todo o seu corpo, da ponta dos pés descalços até os cabelos rosa. Ela encolheu os ombros, parecendo menor, frágil, vulnerável de uma forma que Rito nunca vira – a máscara da Princesa Astuta completamente derrubada.
"Não..." o sussurro saiu rasgado, seguido por um soluço abafado. "Não foi só por isso." Lágrimas prateadas, refletindo a lua, começaram a escorrer incontroláveis por suas faces. "Eu... eu menti, Rito-san. Para você... para mim mesma... para todas."
Ela ergueu o rosto encharcado, seus olhos implorando por compreensão através do véu de lágrimas. A vergonha e o medo eram palpáveis.
"O Plano do Harém..." ela engasgou, a voz um uivo contido de dor. "... foi uma desculpa! Uma desculpa egoísta, covarde e nojenta!"
Rito não se moveu. Não respirou. Seu mundo se estreitou para a figura trêmula diante dele.
"Eu não conseguia..." Momo continuou, as palavras jorrando como sangue de uma ferida aberta. "Não suportava a ideia de ver você com outra... de ver você escolher Haruna ou Run, ou qualquer outra... e me deixar de fora. De perdê-lo para sempre!" Ela enterrou o rosto nas mãos, os ombros sacudindo violentamente. "Mas eu também... eu também não tinha coragem. Coragem de olhar nos seus olhos e dizer: 'Escolha só a mim, Rito-san! Eu te amo, só eu te mereço!' Eu era uma covarde! Uma princesa covarde que usou uma coroa de boas intenções para esconder seu próprio coração egoísta!"
Ela ergueu as mãos, olhando para elas como se estivessem sujas. "Então eu criei o harém. Meu jeito mesquinho, tortuoso... de garantir que, não importa quantas você escolhesse no final... eu ainda estaria lá. Que eu ainda teria um pedacinho do seu tempo, da sua atenção... do seu... amor." Ela engoliu com força, a voz reduzida a um fio de desespero: "Tudo... tudo foi porque eu sou perdidamente, loucamente, insanamente apaixonada por você, Rito! Desde o momento que vi sua gentileza e seu verdadeiro eu com aquele olhar assustado e gentil! Desde o primeiro constrangimento, o primeiro susto, a primeira vez que seu toque me fez tremer por dentro! Meu coração foi seu! Inteiro! Sem divisões, sem estratégias, só... só amor puro e devastador!"
Ela ofegou, curvando-se para frente como se o peso da confissão fosse esmagá-la. "Eu te amo tanto... tanto que doía. Tanto que eu preferi compartilhar você com todo o universo... a arriscar não ter nenhum pedaço seu. Por favor... perdoe-me... por ser tão fraca... tão egoísta..."
O silêncio que se seguiu foi absoluto. O ar parecia cristalizado, carregado da energia crua da confissão. As lágrimas de Momo pingavam no tecido do vestido, manchas escuras na seda prateada. Rito a observava – a arquiteta do harém – reduzida a um núcleo pulsante de amor, medo e arrependimento. Não havia cálculo ali. Apenas verdade nua e crua, dolorosamente linda em sua imperfeição.
Então, Rito se moveu. Não com pressa, mas com uma solenidade imensa. Ele se levantou da cama, sua figura alta e musculosa projetando uma sombra que envolveu Momo. Ela encolheu-se, esperando a rejeição, a decepção, a ira que merecia.
Em vez disso, ele se ajoelhou diante dela, no chão frio do tatame, colocando-se abaixo de sua linha de visão. Suas mãos grandes e quentes envolveram as dela, que estavam frias e trêmulas.
"Eu sei" ele murmurou, sua voz um cobertor quente e pesado envolvendo sua fragilidade.
Momo estacou, os olhos inchados e vermelhos arregalando-se em choque. "S-Sabia...?"
"Sabia que o amor que te move é tão vasto" ele começou, seus polegares esfregando círculos calmantes nas costas de suas mãos, "que às vezes ele se perde nos seus próprios labirintos. Sabia que por trás da estrategista genial, batia o coração de uma garota apaixonada e assustada – assustada de ser deixada para trás, assustada de não ser suficiente." Ele ergueu uma mão, tocando seu rosto molhado. Seu polegar, áspero e gentil, limpou uma nova lágrima. "E esse amor... esse amor perdido, apaixonado e às vezes desesperado... é o que eu mais admiro em você, Momo Belia Deviluke."
Momo soltou um soluço abafado, o alívio começando a se misturar à incredulidade. "Mas eu... menti... trapaceei..."
"Você criou uma constelação complexa" Rito corrigiu, sua voz serena mas poderosa, como a maré, "só para garantir que um garoto confuso e perdido como eu..." ele tocou seu próprio peito, sobre o coração que batia forte, "... pudesse aprender a amar sem ser destruído pelo medo ou pela culpa. Você se ofereceu como uma entre muitas, escondendo seu sonho mais profundo de ser a única. Você rasgou seu próprio coração em público para tentar costurar o meu." Seus olhos brilharam com uma compreensão profunda que a despedaçou e reconstruiu ali mesmo. "Isso não é fraqueza, Momo. É coragem. A coragem mais dolorosa, complicada e linda que já vi."
Ele deslizou a mão que estava em seu rosto para trás de seu pescoço, seus dedos se entrelaçando nos fios macios de cabelo. Sua outra mão continuou segurando a dela com firmeza. Ele puxou-a suavemente para frente, até que seus rostos estivessem a um sopro de distância. O calor de seus corpos se fundia. O cheiro dela – rosas e algo eletrizante, único – inundou seus sentidos.
"Eu te amo, Momo" ele sussurrou, as palavras saindo roucas, carregadas de um sentimento tão denso que parecia físico. "Amo a princesa astuta. Amo a garota perversa que me ensina sobre prazer. Mas acima de tudo... amo a garota perdidamente apaixonada que usou as estrelas como desculpa para ficar ao lado do garoto que ama. Amo toda a sua verdade – até a parte que você escondeu no escuro, pensando que era feia." Seu olhar mergulhou no dela, fundo e inescapável. "Amo você. Inteira."
As lágrimas de Momo voltaram com força redobrada, mas agora eram diferentes. Lavavam a culpa, a vergonha, o medo. "Rito-san...!" O nome foi um hino, uma prece, um grito de libertação.
"O Plano do Harém" Rito continuou, sua voz ganhando uma ressonância solene, "eu aceito. Não como uma gaiola, ou uma obrigação... mas como um caminho que você traçou com as melhores partes do seu coração. Um caminho que me permite amar todas aquelas que tocaram minha vida, sem negar o que sinto por cada uma." Ele inclinou-se ainda mais perto, seus lábios quase tocando os dela. O ar entre eles vibrava. "Mas saiba isto, Momo, Princesa de Deviluke, arquiteta do meu caos amoroso..." Seus olhos faiscaram com devoção absoluta. "Entre todas as estrelas que brilham nesse céu que você criou... você é o meu sol. O centro. A força que me atrai, que me aquece, que me dá vida. Sem você, o harém não seria um reino... seria apenas um deserto."
Ele não esperou por resposta. Não precisava. Com uma decisão calma e poderosa que brotava de anos de sentimentos reprimidos e agora finalmente compreendidos, Rito fechou a ínfima distância entre eles.
O beijo foi como o fechamento de um circuito cósmico. Inicialmente suave, um toque de reconhecimento – os lábios macios e ligeiramente salgados pelas lágrimas dela contra os dele, mais firmes e quentes. Momo emitiu um pequeno som, um gemido abafado de choque e êxtase, antes de se render completamente. Seus braços se enrolaram em torno de seu pescoço, seus dedos se enterrando em seus cabelos escuros. Rito respondeu envolvendo-a com seus braços fortes, puxando-a para mais perto, até que seu corpo se moldasse ao dele. O beijo se aprofundou, transformando-se em uma exploração lenta, apaixonada e profundamente íntima. Não havia pressa, apenas a descoberta mútua, a confirmação física de tudo o que havia sido dito. O gosto dela era único – doce como pêssego, picante como estrelas, e agora, finalmente, dela.
Quando eles finalmente se separaram, ofegantes, testas ainda unidas, o mundo ao redor parecia ter se transformado. A lua brilhava mais intensamente, banhando-os em prata líquida. Momo olhou para ele, seus olhos violeta ainda úmidos, mas agora iluminados por uma felicidade tão radiante que rivalizava com o luar.
"Rito-san..." ela sussurrou, sua voz rouca pela emoção e pelo beijo.
"Shhh..." ele acalmou, seu polegar traçando a linha de seu lábio inferior, inchado pelo contato. "Não precisa dizer mais nada, minha princesa das rosas. Hoje, o silêncio fala mais alto." Ele beijou sua testa, um selo de posse e promessa. "O Plano continua. Mas agora, caminharemos nele juntos. Com toda a verdade no centro."
Ainda de pé, sua figura imponente projetando uma sombra protetora sobre ela, e estendeu a mão. Momo olhou para aquela mão – a mão do seu amado que não a jugou, mas a aceitou, a mão que a conduzira ao êxtase, a mão que agora a levantava da escuridão de sua própria confissão. Com um sorriso que iluminou o quarto mais que a lua, ela colocou sua mão na dele.
Rito puxou-a suavemente para cima, envolvendo-a em um abraço que falava de pertencimento, de refúgio, de um futuro complexo e maravilhoso que se desdobraria sob o evangelho do luar e a luz recém-descoberta de seus corações. O Plano do Harém tinha um novo fundamento: não mais uma estratégia para esconder um amor, mas uma estrutura para celebrá-lo, com a Princesa das Rosas finalmente ocupando um trono ao seu lado. E naquela noite, sob a lua prateada, o amor deles, confessado e aceito, brilhou mais forte que qualquer estrela na vastidão do cosmos.
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Ponto de vista da Momo...
O coração batia tão forte contra minhas costelas que eu temia que Rito-san pudesse ouvir. Tum. Tum. TUM. Como um tambor de guerra preso dentro do meu peito, ecoando no silêncio opressivo do quarto dele. Cada passo pelo corredor fora uma eternidade, cada centímetro que a porta deslizava parecia gritar minha presença. Idiota! Covarde! Por que não consegue simplesmente ficar quieta? Mas era tarde demais. O som do tatame sob meu pé traidor selou meu destino. Seus olhos se abriram, calmos, sérios. Não surpresa. Nunca surpresa comigo, não é, Rito-san? Ele sempre sabe.
"Tudo bem?" A voz dele, áspera de sono, foi uma faca no meu disfarce. Tudo bem? Nada estava bem! Meu mundo estava desmoronando, tijolo por tijolo de mentiras cuidadosamente empilhadas. Eu pedi para sentar, como uma condenada pedindo clemência. A distância que mantive na beirada da cama era uma piada cruel. Meu corpo inteiro vibrando de ansiedade, o calor dele me puxando como um ímã enquanto eu tentava me manter à tona num mar de pânico.
A pergunta saiu. A pergunta que eu arquitetara, que eu usara como escudo, como arma, como desculpa para tudo. "O que você realmente acha do Plano do Harém?" As palavras soaram ocas, falsas, mesmo na minha própria boca. Eu já sabia a resposta. Vi nos seus olhos antes, na serenidade com que ele encarava o caos que eu criara. A lucidez dele era um espelho horrível onde eu não queria me encarar.
Ele falou do peso, do medo de feri-las. Sim, pensei, é exatamente isso que você deveria temer! Mas então... então veio a pergunta que eu sempre soube que viria, a pergunta que eu enterrava sob camadas de lógica pervertida e manipulação afetuosa.
"Qual o real motivo do Plano do Harém?"
Crack.
Foi o som da minha máscara se estilhaçando. O mundo desfocou. O ar sumiu. Senti o sangue drenar do meu rosto, um frio glacial tomando conta, começando nas pontas dos dedos e subindo como veneno. Ele sabe. Os olhos dele... aqueles olhos castanhos sérios, penetrantes... eles não perguntavam. Exigiam. Exigiam a verdade podre que eu guardava no fundo mais escuro, nojento e covarde do meu ser.
A resistência foi inútil. Um tremor incontrolável tomou conta de mim. Encolhi-me, querendo desaparecer no tatame, na escuridão, em qualquer lugar que não fosse ali, sob aquele olhar que via tudo. As palavras tentaram fugir – as velhas desculpas sobre felicidade, estabilidade... mentiras. Tudo mentiras que eu contava para mim mesma há tanto tempo que quase acreditei.
"Não..." O sussurro saiu rasgado, um grito abafado. As lágrimas chegaram então, quentes, vergonhosas, incontroláveis. Escorriam como um rio de culpa, lavando a tinta da princesa astuta, revelando a garota assustada e mesquinha por baixo. "Eu... eu menti..." Confessar foi como arrancar um pedaço da minha própria alma. "Foi uma desculpa! Egoísta! Covarde! Nojenta!"
A verdade jorrou, um fluxo de pus de um ferimento que eu negava existir. O medo de perdê-lo. A incapacidade de encarar a rejeição. A covardia de não poder gritar "Escolha só a mim!". Como eu ousei? Como eu ousei tecer essa teia gigantesca, envolver tantas pessoas, manipular sentimentos... tudo porque eu era fraca? Porque o amor que eu sentia por Rito era um monstro tão grande, tão devorador, que eu preferia compartilhá-lo com o universo inteiro do que arriscar ficar com nada?
"Tudo... tudo foi porque eu sou perdidamente, loucamente, insanamente apaixonada por você, Rito!"
Ali estava. A verdade nua, crua, sangrando. Exposta aos olhos da lua e, pior, aos olhos dele. Escondi o rosto nas mãos, envergonhada até o âmago. Esperei. Esperei o nojo, a decepção, o grito de traição que eu merecia. A queda final da princesa pervertida, revelada como a fraudulenta, a egoísta, a fracassada que eu era.
O silêncio foi o pior castigo. Um vácuo onde só ecoava o som do meu próprio desespero.
Então ele se moveu. Não com repulsa. Ele... ajoelhou-se? Diante de mim? O choque foi tão violento que quase parei de chorar. Suas mãos, grandes, quentes, segurando as minhas, tão frias e trêmulas. O toque foi um choque de vida.
"Eu sei."
Duas palavras. Duas palavras que explodiram dentro de mim. Ele sabia? Como? Desde quando? O mundo virou de cabeça para baixo.
E então ele falou. Falou do meu amor "perdido, apaixonado e às vezes desesperado". Falou da coragem por trás da estratégia tortuosa. Chamou minha fraqueza de... coragem? A mais dolorosa, complicada e linda? Ele entendeu. Ele viu a motivação podre e a transformou em algo... quase nobre. Algo que ele admirava.
"Eu te amo, Momo."
O mundo parou. O coração parou. Tudo parou. As palavras ecoaram no vácuo que era a minha mente. Ele... me amava. Não apesar da verdade, mas por causa dela. Por toda ela – a astuta, a pervertida, a apaixonada, a covarde.
"Você é o meu sol."
Sol. Ele me chamou de sol. O centro. A força. Não uma entre muitas estrelas, mas o sol do harém que eu mesma arquitetara por medo de ser apenas mais uma estrela. A ironia era tão doce que doía.
O beijo... Oh, o beijo. Não foi surpresa, não foi invasão. Foi a conclusão inevitável, o fechamento do circuito. Quando seus lábios tocaram os meus, foi como se todas as peças quebradas dentro de mim se encaixassem de repente. Não havia mais estratégia, não havia mais plano, não havia mais medo. Só havia ele. Seu gosto, seu calor, seus braços fortes me envolvendo, me puxando para um lugar que eu nunca soube que existia: o lugar de pertencimento. De ser amada por inteiro, até nas sombras que eu odiava.
Quando nos separamos, ofegantes, testas unidas, o mundo tinha renascido. A lua não era mais uma testemunha silenciosa, mas uma celebrante. As lágrimas que ainda escorriam não eram de vergonha, mas de um alívio tão profundo, uma felicidade tão radiante que me cegava. Ele me via. Ele me amava. Ele aceitava o plano, mas agora juntos. Com a verdade no centro.
E quando ele estendeu a mão, não era para a princesa, ou para a estrategista, ou para a pervertida. Era para mim. Momo. A garota que finalmente se libertou. Coloquei minha mão na dele, sentindo a promessa naquele aperto firme. Ele me levantou – literal e figurativamente – da escuridão.
No abraço que se seguiu, envolvida no calor dele, no cheiro único que era Rito, eu finalmente entendi. O Plano do Harém nunca foi sobre ele, ou sobre as outras. Foi sempre sobre isso. Sobre esse momento. Sobre ser vista, compreendida e amada, sem reservas, pelo garoto que roubou meu coração com um olhar assustado e gentil. E naquele abraço, sob a luz prateada que agora abençoava nossa verdade, eu soube: nenhuma estratégia, por mais genial que fosse, poderia ser mais perfeita do que esse simples, devastador, maravilhoso amor.
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